Q&A com Kris Meeke: “nunca vi um rali assim! Das condições mais complicadas que já vi em toda a minha carreira”
Há exatamente um mês, no dia da apresentação da Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal, quando Kris Meeke foi chamado ao palco, ainda coxeava um pouco, e poucos imaginam o que o irlandês teve que enfrentar, já que “uma pequena queda”, a andar de moto, redundou numa necessária cirurgia ao ligamento cruzado anterior de um dos […] The post Q&A com Kris Meeke: “nunca vi um rali assim! Das condições mais complicadas que já vi em toda a minha carreira” first appeared on AutoSport.

Há exatamente um mês, no dia da apresentação da Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal, quando Kris Meeke foi chamado ao palco, ainda coxeava um pouco, e poucos imaginam o que o irlandês teve que enfrentar, já que “uma pequena queda”, a andar de moto, redundou numa necessária cirurgia ao ligamento cruzado anterior de um dos joelhos, o que teve lugar há pouco mais de um mês.
Portanto, este triunfo em Fafe ganha ainda mais relevo, já que uma cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior (ACL) é um procedimento ortopédico bem complicado, especialmente a recuperação. Este vosso escriba já passou por uma ao tendão de Aquiles, sei o tempo que passou até ficar bem, e também sei que no joelho é ainda mais complicado. Portanto, ‘chapeau’ Sr. Kris Meeke, que venceu o Rali Serras de Fafe 32.3s na frente de Dani Sordo.
Pelo meio, um rali extremamente difícil: “das condições mais complicadas que já enfrentei em toda a minha carreira”, mas um triunfo seguro na sua estreia com a Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal, naquele que foi o regresso da marca aos ralis, de forma oficial, 24 anos depois de Pedro Matos Chaves e Sérgio Paiva no Toyota Corolla WRC da Telecel/Vodafone Castrol Team.
Kris, primeira vitória com a Toyota que regressou aos ralis em Portugal…
“Fafe é sempre especial, é sempre especial e eu adoro estar aqui. Mas desta vez, as condições deste fim de semana foram, honestamente, das mais loucas. Já vi lama, sim, e todos usaram pneus diferentes, Michelin, os Hankook têm padrões mais abertos nos rasgos (ndr, melhores na lama), por isso, foi uma bela batalha e quando ficou mesmo muito mais molhado, o Sesks foi bastante rápido, mas… sim, a nossa velocidade foi boa ontem (6ª feira).
Esta manhã, devíamos ter ganho um bom tempo no primeiro troço, mas cometi um erro num cruzamento e saí em frente. Depois o Martin (Sesks) teve o seu problema, mas tudo bem, não foi um fim de semana fantástico” começou por dizer Kris Meeke que ainda viu partir-se um batente de compressão, mas a diferença de 35.2s do final da manhã de sábado apenas caiu para 32.3s no final da prova: “um grande obrigado ao Zé Pedro e à Sports & You por organizarem tudo com o Grupo Salvador Caetano, porque trazer uma equipa oficial da Toyota para Portugal é bom, e o carro é honestamente muito especial, é uma nova geração de Rally2, mas a Toyota Gazoo Racing fizeram um trabalho incrível. O pormenor do carro, a sensação do chassis, é algo realmente especial. Estou muito feliz por fazer parte disto. O carro é muito bom, muito simples de guiar, e sim, estou muito feliz pelo trabalho do meu copiloto e de todos na equipa, pois neste fim de semana tão louco, era muito fácil cometer um erro.”
Parece que já começa a ser tradição no Rali Serras de Fafe chover muito, os troços estavam assim tão difíceis, falámos com outros pilotos e as queixas não eram significativas. Para um piloto britânico é curioso, todos nos lembramos o que era o RAC…
“Tens razão, mas há o húmido e o seco, e depois há a lama horrível. Quando fui para a estrada pela primeira vez, quando a chuva chegou, todas as estradas estavam completamente cheias de água. Na verdade, na PowerStage, nas primeiras curvas, as duas linhas de trajetória estavam tão cheias de água que percebi de imediato o risco de aquaplaning, e disse logo que com as linhas tão cheias de água, para mim, não fazia sentido arriscar nessa situação”, disse Meeke que perdeu 17.9s para Dani Sordo na PowerStage.
Eu nunca vi, a sério, nunca vi um rali assim, com estes troços lamacentos, a natureza dos troços com esta lama. A lama do Seixoso estava incrível, em nove quilómetros fizemos mais um minuto que na passagem anterior. Ou seja, 6 segundos por quilómetro mais lento. Inacreditável!”
Nós cá já vimos algo pior, no Rali de Portugal de 2001…
“Sim, eu lembro-me das imagens, podia-se ver o que estava a chover, mas não, não pode haver mais do que isto. Hoje. Os limpa para-brisas no máximo, a ventilação no máximo, e não se conseguia ver, foi inacreditável, ainda mais porque era o primeiro na estrada. Nas segundas passagens, com os pisos todos revirados. Na verdade, a aderência para mim na primeira passagem desta manhã foi bastante boa, mas na segunda passagem, quando tudo se misturou… mas o pior foi no Seixoso. Tudo isso faz parte dos ralis. Mas sim, foi difícil. Sinceramente, prefiro correr em condições mais normais, porque isto é um grande risco…
É curioso ouvir isso de alguém com a tua experiência, não estares muito habituado a estas condições…
“Sim, já vi isso algumas vezes, lembro-me de um Rali da Turquia, estávamos a falar disso no carro. Há 20 anos vi algo assim, mas sim, temos de usar toda a nossa experiência para tentar sobreviver. Para lá de que ainda estou a adaptar-me a um carro novo, e nestas condições não é assim tão fácil quando, ainda por cima no teste, o piso estava bastante seco. Podemos ter a sensação de que o carro está a andar bem, mas aqui com estes pisos sentimos muito pouco. Mas estamos felizes por termos conseguido passar…”
Fala-nos um pouco do carro…
“O carro é um passo muito grande em termos de suspensão e chassis. O tamanho dos amortecedores neste carro é incrível. Há sítios que tenho nas minhas notas. Como calculam, conheço muito bem estas estradas com outros carros de ralis (ndr, WRC), e há sítios em que tenho nas minhas notas precauções para evitar solavancos. E com este carro, essas lombas desapareceram! Essas lombas desaparecem quando passámos. E quando se sabia que era um sítio muito mau, agora já sei que vai ser melhor. Por isso ainda se aprende, ainda é um processo de aprendizagem para saber qual é o potencial máximo do carro. Temos ainda de aprendê-lo um pouco. Mas o carro é realmente impressionante. A Toyota Gazoo Racing fez tudo ao pormenor neste carro, porque não é só neste fim de semana que temos de ter limpa para brisas perfeitos, um ventilador perfeito, sem fugas de água. Todos estes pequenos pormenores fazem uma grande diferença…”The post Q&A com Kris Meeke: “nunca vi um rali assim! Das condições mais complicadas que já vi em toda a minha carreira” first appeared on AutoSport.