Prêt-à-porter francês enfrenta desafios e pode mesmo desaparecer se não se reinventar
O país que viu nascer este movimento com nomes como Pierre Cardin, André Courrèges ou Yves Saint Laurent, enfrenta agora o declínio de muitas das marcas que fizeram história no segmento da moda de gama média.


O prêt-à-porter (pronto a vestir), que revolucionou a moda no século XX ao democratizar o acesso ao vestuário moderno e acessível, vive atualmente um dos seus momentos mais frágeis em França. O país que viu nascer este movimento com nomes como Pierre Cardin, André Courrèges ou Yves Saint Laurent, enfrenta agora o declínio de muitas das marcas que fizeram história no segmento da moda de gama média.
Durante décadas, marcas como Pimkie, Naf Naf, Camaïeu ou Petit Bateau foram símbolos de um estilo francês moderno, acessível e desejado, com forte presença internacional – incluindo em mercados como o português. Contudo, nos últimos anos, têm vindo a encerrar lojas, despedir colaboradores e enfrentar processos de insolvência ou reestruturação, como relata o site Modaes. A mais recente vítima é a Kaporal, que cessou atividade e encerrou 60 lojas, despedindo cerca de 280 pessoas.
A crise não poupa também marcas mais premium como The Kooples, Ikks ou as do grupo SMCP (Sandro, Maje, Claudie Pierlot), todas confrontadas com dívidas, mudanças de acionistas e reestruturações profundas.
Entre os motivos para o colapso estão a saturação do mercado, o excesso de lojas físicas, a lentidão na adaptação digital, a concorrência feroz de gigantes do fast fashion como Zara, H&M ou Shein, e a mudança nos hábitos de consumo, cada vez mais orientados para a sustentabilidade, a revenda e os marketplaces digitais.
De acordo com a Insee, 2024 foi um ano negro para o comércio de moda francês, com queda nas vendas em oito dos doze meses e o encerramento de 1.663 lojas, segundo a Alliance du Commerce. A maior parte destas perdas deu-se no centro das cidades, onde o modelo multimarca praticamente desapareceu, substituído pelos grandes centros comerciais dominados por players internacionais.
Apesar do cenário pessimista, há sinais de esperança. Uma nova geração de marcas francesas, como Veja, Sézane, Sessùn ou Soeur, aposta em modelos de negócio mais ágeis, com identidade própria, presença digital forte e um apelo sustentável que conquista o consumidor moderno.
O prêt-à-porter francês enfrenta assim o seu maior desafio: reinventar-se ou desaparecer.