Powell garante que a Fed “não precisa de ter pressa” para cortar taxas

A economia continua a dar sinais positivos, argumentou o presidente da Fed, que vê a deterioração no panorama sobretudo nos dados prospetivos. O banco central está "numa boa posição para deixar as coisas evoluir" nesta altura de incerteza redobrada, garante.

Mai 7, 2025 - 21:54
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Powell garante que a Fed “não precisa de ter pressa” para cortar taxas

A Reserva Federal norte-americana não está com pressa para baixar juros, garante o seu presidente após nova reunião sem mexidas nas taxas de referência, que considera a atual postura adequada para lidar com o aumento da incerteza nas últimas semanas. Jerome Powell rejeitou ainda que a pressão da Casa Branca influencie de forma alguma o trabalho do banco central, isto depois de Trump ter garantido que não o pretende afastar.

“Não precisamos de ter pressa”, repetiu Jerome Powell várias vezes na conferência de imprensa após nova decisão da Fed de manter os juros inalterados entre 4,25% e 4,5%. A incerteza está em alta, admitiu, e muito à custa da política tarifária da Casa Branca, pelo que o momento é de procurar “mais clareza”, mas a Fed está “numa boa posição para deixar as coisas evoluir”.

Powell reconheceu que “as pessoas estão stressadas e preocupadas” com a incerteza comercial, “mas ainda não vemos nos dados grandes efeitos económicos”.

“Vemos sentimento [a deteriorar], preocupações que uma subida de preços esteja a chegar, […] mas esse choque ainda não nos atingiu”, resumiu, argumentando que “não é de todo claro qual a resposta de política monetária deva ser atualmente”. A palavra de ordem é, portanto, prudência.

A porta de uma ‘aterragem suave’ ainda está aberta, mas este é um cenário com forte influência da “magnitude e incidência” das tarifas, apesar dos sinais positivos noutras vertentes da economia, sobretudo no mercado laboral, onde o desemprego se mantém baixo e a criação de emprego tem superado as expectativas. A juntar a isso, “a tendência implícita na inflação é positiva”, outro fator a contribuir para que Powell considere que “a economia em si está em bom estado”.

Questionado sobre a influência que as palavras de Trump – que repetidamente pediu cortes de juros, chamou Powell de “perfeito totó” e insinuou que o poderia despedir, uma hipótese entretanto rejeitada no último fim-de-semana –, o presidente da Fed manteve a postura de outras conferências de imprensa, rejeitando qualquer impacto.

“Não muda nada. Vamos sempre fazer o mesmo: usar as ferramentas à nossa disposição […] para benefício do povo americano. Mais nada”, resumiu.