Porsche Sprint Challenge, Kika Queiroz: “Todas as raparigas deviam passar pelos karts”
Aos 19 anos, Kika Roby Queiroz já leva quase meia década de corridas. A jovem piloto é hoje um dos nomes mais promissores do automobilismo nacional no feminino. Entre os Porsche e os Caterham, vai percorrendo o seu caminho, evoluindo no motorsport nacional. Em Portimão, no fim de semana da Porsche Sprint Challenge Ibérica, falou […] The post Porsche Sprint Challenge, Kika Queiroz: “Todas as raparigas deviam passar pelos karts” first appeared on AutoSport.

Aos 19 anos, Kika Roby Queiroz já leva quase meia década de corridas. A jovem piloto é hoje um dos nomes mais promissores do automobilismo nacional no feminino. Entre os Porsche e os Caterham, vai percorrendo o seu caminho, evoluindo no motorsport nacional. Em Portimão, no fim de semana da Porsche Sprint Challenge Ibérica, falou com o AutoSport sobre o seu percurso, os desafios e os sonhos que a movem.
Kika Queiroz está na sua terceira temporada na Porsche Sprint Challenge Ibérica. Notabilizou-se nos karts e deu o salto para os GT, num passo grande, mas bem-sucedido:
“Comecei nos karts com 14 anos, no ano da pandemia”, contou. “Ganhei vários campeonatos femininos e depois passei para os Porsche. No primeiro ano não fiz todas as corridas porque tinha exames nacionais. Era impossível fazer tudo. Mas na segunda época fiz o campeonato todo e fui sempre evoluindo.”
A história de Kika começou num dia em que umas voltas num kart e aluguer despertaram uma paixão que se mantém desde então:
“Quando era pequenina queria fazer motocross. Depois fomos andar de karts de aluguer e o Patrick Cunha disse ao meu pai que eu tinha jeito. Ele fingiu que não ouviu… mas eu insisti e como ele também tem paixão pelas corridas, acabou por aceitar. Fui eu que puxei por isto, não foi o meu pai. A paixão era mesmo minha.”
Atualmente, Kika está a disputar em simultâneo a Porsche Sprint Challenge Ibérica e a Ladies Cup, ao volante de um Caterham. “É o meu segundo ano com o Porsche 992 GT3 Cup”, revelou. “Foi um salto muito grande. Ao início foi difícil, claro”, admite. “Os carros são muito diferentes dos karts, especialmente devido às forças, do peso, das massas. A primeira sensação que tive foi: ‘Isto é enorme’. Eu vinha dos karts, onde chego a todo o lado, e ali estava presa, mal chegava aos pedais e ao volante. Até achava que os carros não eram seguros, mas é mentira – são muito mais seguros que os karts.”
Mas o medo passou, garantiu. “Agora é só ganhar confiança e velocidade. Quero ficar no meio da tabela, continuar a ser campeã feminina e evoluir em cada corrida.”
Sobre a participação na Ladies Cup, elogia o ambiente e reconhece o desafio: “É muito difícil. Há pilotos como a Mariana Machado e a Mariana Posser que já têm mais experiência com estes carros. É o meu primeiro ano, estou a adaptar-me à caixa em H, que é completamente diferente do que estou habituada”, confessou.
Sobre o ambiente no paddock, Kika sente evolução, mas não esquece o passado: “Em Portugal, já não somos olhadas de lado. No karting, ouvia coisas como ‘tens uma rapariga à tua frente, é uma vergonha’. Sempre levei muitos toques dos adversários, quase todas as corridas levava porrada. Agora é diferente. Aqui há mais respeito, somos todos vistos como mais um piloto da equipa, ponto final. Mas acho que todas as raparigas deviam passar pelos karts.”, defende com convicção. “Aprende-se muito. Foi o que o meu pai sempre me disse: ‘Ou dás, ou levas’. Fiquei mais forte graças a isso.”
No que toca ao futuro, Kika é clara: “Gosto mais de corridas sprint. As corridas de resistência são duras, mas são também uma possibilidade. No entanto, estou focada na minha evolução, quero continuar a subir. E claro que, mais cedo ou mais tarde, será preciso sair de Portugal. Temos excelentes competições que são uma boa base, mas para evoluir, temos que correr lá fora. Quanto mais carros em pista, melhor.”
Aos 19 anos, com uma maturidade evidente, Kika remata:”Já passei por muita coisa. E quero continuar assim. O caminho é este.”