Pordata diz que trabalhadores em Portugal têm maior escolaridade mas 25% recebe ordenado mínimo
Portugal é o país da UE que tem maior proporção de empregadores sem escolaridade ou com o ensino básico, é outra das conclusões ao mesmo tempo que a Pordata revela ou que o salário médio português bruto é o 9º mais baixo dos Estados-membros.


Neste Dia do Trabalhador, a Pordata, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, apresentou um conjunto de indicadores que permite caracterizar o perfil da população empregada no país e compará-la com outros países da União Europeia (UE).
Temas como a escolaridade de trabalhadores e patrões, os salários, ou o tecido empresarial português são analisados pela Pordata.
Entre outras conclusões, é possível perceber que Portugal tem uma elevada taxa de emprego. Em Portugal, 78,5% das pessoas entre os 20 e os 64 anos está a trabalhar. É a taxa de emprego mais elevada dos últimos 15 anos, tendo aumentado 11 pontos percentuais (p.p.) desde 2009.
Outra conclusão é que mais de um em cada três trabalhadores tem, pelo menos, o ensino superior; que os trabalhadores têm maior nível de escolaridade que os empregadores. No entanto mas que quase 25% recebe um salário equivalente ao salário mínimo nacional.
Portugal é o país da UE que tem maior proporção de empregadores sem escolaridade ou com o ensino básico, é outra das conclusões ao mesmo tempo que a Pordata revela ou que o salário médio português bruto é o 9º mais baixo dos Estados-membros.
Olhando para o tecido empresarial português verifica-se que as pequenas empresas são a maioria no país mas empregam apenas 44% dos trabalhadores.
As grandes empresas são responsáveis por mais de um milhão de empregos e, nos últimos dois anos, registaram um crescimento de 14% de pessoal ao serviço.
Estudo em detalhe
Portugal é o 12º país dos 27 da União Europeia com maior proporção de pessoas ativas no mercado de trabalho. O país com maior taxa de emprego são os Países Baixos (83,5%), que, note-se, tem uma muito maior percentagem de emprego a tempo parcial (43% face a 8% em Portugal). Os países com menor taxa de emprego são Espanha (71,4%), Roménia (69,5%), Grécia (69,3%) e Itália (67,1%).
Se focarmos nos jovens, e não apenas na população ativa, verificamos uma tendência semelhante. Pois Portugal é o 8º país da UE com menor percentagem dos chamados jovens “nem-nem”, que não estudam nem trabalham (8,7%). Este valor posiciona o país abaixo da média da UE de 10,2%. Países Baixos são o país com menor valor, enquanto Grécia, Itália e Roménia são os países com maior proporção de pessoas entre os 15 e os 29 anos que não estudam nem trabalham.
Ambos os indicadores, taxa de emprego e a percentagem de jovens NEET (que não estudam nem trabalham), integram o Plano de Ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais tendo os países, até 2030, que registar: uma taxa de emprego de pelo menos 78% e reduzir a taxa NEET até 9%. Portugal já conseguiu alcançar ambas as metas (em 2023 e em 2022, respetivamente).
Depois, há 5,1 milhões de trabalhadores em Portugal. Destes, a maior fatia tem pelo menos o ensino superior (34%). Em 10 anos registam-se mais 700 mil trabalhadores com o ensino superior, o que representa um aumento de 61,8% desde 2014 (e o peso relativo do ensino superior no total dos níveis de ensino dos trabalhadores nesse ano era de 25%).
Entre os mais de 5 milhões de trabalhadores em Portugal, estão 302 mil de nacionalidade estrangeira, maioritariamente de países fora da UE27. Um número que quase triplicou em 10 anos. São mais 197 mil face a 2014, revela a Pordata. Um dado relevante num altura que a imigração “descontrolada” tem feito parte do debate político.
Outro dado importante é o facto de a escolaridade dos trabalhadores estar a aumentar em Portugal, mas as qualificações dos empregadores são, também, fundamentais e 35% dos trabalhadores por conta de outrem têm o ensino superior enquanto apenas 28% dos empregadores completaram este nível de ensino.
No quadro da União Europeia, dos 23 países com dados disponíveis para 2024, Portugal é o país que tem maior proporção de empregadores sem escolaridade ou com o ensino básico no total dos empregadores. A média da UE é de 16%, enquanto no nosso país verifica-se um valor de 42% de empregadores com o menor nível de ensino, percentagem ainda significativamente distante de Malta (34%), Espanha (32%) ou Itália (31%).
Sem surpresas, o salário médio anual por trabalhador, em Portugal é o 9º mais baixo dos países da UE. Abaixo de Portugal estão os países de Leste, a Croácia e Grécia. O salário médio espanhol é 30% mais elevado e o salário mínimo é 23% maior do que o português.
Também o salário mínimo em Portugal, quando considerado em paridades de poder de compra (PPC) é o 10º mais baixo dos 22 países da União Europeia com salário mínimo, já neste ano de 2025. Em duas décadas, Portugal foi ultrapassado pela Polónia, Lituânia e Roménia.
Segundo os últimos dados disponíveis, quase um em cada 4 trabalhadores em Portugal (22,8%) tinham um salário base equivalente ao Salário Mínimo Nacional, em 2022. A proporção de trabalhadores a receber o salário mínimo era, naquele ano, mais elevada entre as mulheres (27,1%), os jovens (36,1%), aqueles com escolaridade até ao ensino básico (32,9%) e os trabalhadores de nacionalidade estrangeira (38,0%).
Aumento de preços e do custo de vida preocupam
Em 4 anos, entre 2019 e 2023, o salário médio em Portugal, em termos nominais, registou um aumento de 24%. No mesmo período, os preços das casas aumentaram 45%, segundo o Índice de Preços da Habitação. O aumento destes dois indicadores, em média da UE foi de 16% e de 23%, respetivamente.
De acordo com os dados do Eurobarómetro, 43% das pessoas em Portugal consideram que a Inflação/Custo de vida é um dos dois principais problemas que o país enfrenta (33% na média da UE27). A Habitação (28%) surge logo em terceiro lugar.
Em 12 dos países, onde se inclui Portugal, este é um problema prioritário para, pelo menos, 40% dos cidadãos.