Pitch vs Produto? O dilema que define o sucesso (ou o fracasso) de uma startup

Startupi Pitch vs Produto? O dilema que define o sucesso (ou o fracasso) de uma startup *Por Renan Georges O ecossistema de startups tem vivido uma inversão de prioridades. O brilho do pitch, a retórica afiada e as rodadas milionárias de investimento se tornaram o centro das atenções, enquanto o desenvolvimento de soluções reais parece ter ficado em segundo plano. O pitch se tornou um fim em si mesmo, enquanto o [...] O post Pitch vs Produto? O dilema que define o sucesso (ou o fracasso) de uma startup aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Convidado Especial

Mai 6, 2025 - 20:10
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Pitch vs Produto? O dilema que define o sucesso (ou o fracasso) de uma startup

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Pitch vs Produto? O dilema que define o sucesso (ou o fracasso) de uma startup

*Por Renan Georges

O ecossistema de startups tem vivido uma inversão de prioridades. O brilho do pitch, a retórica afiada e as rodadas milionárias de investimento se tornaram o centro das atenções, enquanto o desenvolvimento de soluções reais parece ter ficado em segundo plano. O pitch se tornou um fim em si mesmo, enquanto o produto, muitas vezes, ainda é uma promessa distante. O foco, que deveria estar na construção de um produto sólido e na resolução de problemas concretos, foi muitas vezes substituído pela busca por investidores e pela validação do mercado financeiro, criando uma ilusão de crescimento.

A lógica do “pitch perfeito” substituiu a lógica da construção consistente. No curto prazo, isso pode até parecer uma vantagem, mas, no longo prazo, gera empresas frágeis, dependentes de novas rodadas para sobreviver. Esse modelo, que privilegia a velocidade de crescimento, acaba comprometendo a estabilidade da empresa e a qualidade do que é oferecido ao mercado.

E o cenário macroeconômico recente tem demonstrado que o dinheiro barato não é uma constante. O inverno do venture capital, iniciado em 2022 com uma retração de investimentos do mercado no Brasil e no mundo, forçou muitas startups a reavaliarem suas estratégias. 

Um estudo do Distrito, companhia que funciona como um hub de startups, revelou que mais de 8 mil startups brasileiras fecharam suas portas na última década. Ao todo, entre janeiro de 2015 e setembro de 2024, 8.258 startups deixaram de existir. Esse número representa quase metade das 16.936 ativas atualmente no Brasil. Isso é um reflexo de uma crise mais profunda, onde o modelo de negócios não conseguiu se sustentar sem o constante influxo de novos investimentos. 

O Venture Capital, que era para ser um combustível para inovação, virou, em muitos casos, um vício. Startups passaram a se estruturar para atender investidores e não clientes, direcionando esforços para métricas de vaidade, como valuation inflado e crescimento artificial, ao invés de resolver problemas reais com profundidade. A busca por validação e o foco em impressões externas criaram uma desconexão entre o que as empresas estavam oferecendo e o que realmente era necessário para o mercado. Essa dinâmica gera uma cultura empresarial onde o real valor da inovação é diluído e as empresas acabam se tornando prisioneiras de seus próprios números.

As startups que priorizam produto e modelo de negócio antes da captação de investimentos tendem a ser mais resilientes. Essas empresas não dependem apenas de capital externo para crescer, mas estão baseadas em uma proposta de valor sólida e bem definida. Outro ponto relevante é a tendência de bootstrapping, onde empresas crescem com recursos próprios antes de buscar investimentos externos. O modelo exige disciplina financeira e foco em rentabilidade desde o início, o que muitas vezes resulta em empresas mais saudáveis no longo prazo. 

O grande desafio é equilibrar ambição e realismo. Crescimento precisa ser sustentável e alinhado à capacidade de entrega real de valor ao cliente. O dinheiro de investidores pode ser um catalisador, mas não pode substituir a essência de um bom negócio. “A essência de qualquer negócio está em construir um produto sólido, que resolve uma dor real ao lado dos clientes, evolui constantemente e gera impacto financeiro para a empresa e de experiência para quem usa.”

Startup é, por definição, construir produtos ou serviços sob extrema incerteza. Por isso, o mindset deveria ser sempre fazer mais com menos. O Jogo é usar o dinheiro captado para crescer e não para sobreviver!  Não é sobre quem capta mais, mas quem entrega melhor. As startups que focam em resolver problemas reais, adaptando-se rápido e gerando valor contínuo junto a seus clientes, são as que vão prosperar mesmo em tempos mais difíceis.

*Renan Georges é fundador da Zavii Venture Builder.


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