Paulo Fiúza: com 8 anos, de bicicleta ver o Rali de Portugal, ao pódio do Dakar
Paulo Fiúza cresceu a ver os ralis passarem à porta de casa, sonhando um dia fazer parte desse mundo. Da paixão de infância nasceu uma carreira que já o levou a algumas das maiores competições do automobilismo, como o mítico Rali Dakar, onde conquistou um pódio. De regresso às origens, encarou o Rali das Camélias […] The post Paulo Fiúza: com 8 anos, de bicicleta ver o Rali de Portugal, ao pódio do Dakar first appeared on AutoSport.

Paulo Fiúza cresceu a ver os ralis passarem à porta de casa, sonhando um dia fazer parte desse mundo. Da paixão de infância nasceu uma carreira que já o levou a algumas das maiores competições do automobilismo, como o mítico Rali Dakar, onde conquistou um pódio. De regresso às origens, encarou o Rali das Camélias com o entusiasmo de sempre, sem pressão, apenas pelo prazer de competir e dar espetáculo.
Paulo Fiúza, depois das areias do Dakar, e do camião agora o teu rali, o Rali das Camélias, não sei se o preferido, mas certamente um dos ralis, do coração, pelo menos?
“Sim, é um rali do coração, é um rali que passa mesmo à porta mesmo da minha casa. Eu, quando era miúdo via os carros a passar, e claro que havia aquela excitação de miúdo, ver as belas máquinas da altura e agora fazer esse próprio rali, é fantástico…”
Foi aí que começou a paixão quando em ‘puto’ vias os carros passar…
“Aquilo começou, não foi nas Camélias, a paixão, paixão, surgiu no Rali de Portugal quando descia o Gradil. Aí sim, é que surgiu a paixão mesmo dos ralis e das corridas e depois mais tarde, quando começou a passar também lá o Rali das Camélias. O bichinho, com 8 anos, ia de bicicleta ver os troços, era fantástico…”
Toda a gente começa com esse tipo de coisas, nunca tinham visto, até ao dia que veem, e ficam com uma sensação que quase não se explica, e que depois acaba por levar a uma vida de motores, que no teu caso já te levou a sítios e a experiências absolutamente incríveis…
“Exatamente, é uma vida de motores, a minha família não tem nada ligado aos automóveis, nem a oficinas, nem nada disso, o meu pai era agricultor, a minha mãe era doméstica, o meu pai, infelizmente já cá não está, mas é como se estivesse, e eu lembro-me, miúdo, a dizer ao meu pai que um dia queria estar ali, e ele virou-se para mim do tipo, “sim, sim, tá bem!” E de facto eu lutei por isso e fui atrás do meu sonho, e hoje em dia estou muito orgulhoso da minha prestação e da minha carreira que tenho vindo a fazer.”
Se algum dia alguém escrever novo livro da história do automobilismo português, tu tens lá guardado um capítulo. O que passaste, o que já tens, ninguém te tira com o pódio no Dakar. O que ainda podes vir a construir, que já lá vamos, porque eu tenho a certeza que querem mesmo chegar à vitória nos camiões. Não sei se vais voltar com o Vaidotas Zala?
“Sim à partida está alinhavado, a experiência foi muito boa, a prestação foi fantástica. Ficou ali um sabor agridoce porque possivelmente conseguíamos ter trazido um pódio para Portugal e teria sido fantástico. A ideia do Zala é montar novamente um projeto noutras condições, camião melhor, porque nós fomos este ano com um camião que não era de topo, e tentar que a equipa trabalhe toda em conjunto. Foi o caso do Martin Macík (ndr, vencedor do Dakar este ano, nos camiões) e de facto, ele não teve qualquer problema, e se não fossem aquelas quatro horas, que nós perdemos, possivelmente, tínhamos conseguido trazer um pódio para Portugal que era fantástico, era mais um pódio para mim, um pódio nos carros, outros nos camiões.”
Eu tenho a certeza que tens o sonho de um dia ganhar o Dakar…
Claro que sim. Tenho o sonho de ganhar o Dakar, gostava muito de ganhar nos carros e à geral, mas se for de camião ou for noutra categoria, claro que sim…”
E como piloto de ralis sempre puderes, vais continuar a fazer este tipo de provas…
Sim, vou continuar na não sei se com este carro, ou com outro carro, mas sim claro que sim, pelo menos fazer um rali por ano para me divertir, e para vir ter com os amigos. Fazer ralis sem pressão. Não há pressão, não vinha com objetivo nenhum, o que pretendia era chegar aqui aos jardins do Casino do Estoril com o carro ‘direitinho’ e divertir-me, dar show, nos ganchos, o que eu gosto de fazer é puxar o travão de mão e dar espetáculo…”
Tu és da zona de Mafra, mas de certeza que Sintra também diz muito. Vocês sentem alguma coisa de especial sabendo que aquelas estradas têm tanta história?
Sim, sentimos muito. Quando chegamos aqui a Sintra, saber que passou por aqui aquelas fabulosas épocas dos 70, e 80 e 90, quando foi aquela loucura de 1978 da luta do Alen com o Mikkola ainda tinha três anos, mas na altura dos grupos B, foi nessa altura que começou a minha paixão. Marca muito saber que passamos nas mesmas estradas que muitos campeões, e estar a fazer essas estradas, também como o Gradil, eu costumo muito fazer o Gradil, é fantástico saber que estás a andar em ‘solo sagrado’.”
Outra coisa que eu tenho a certeza que te orgulha ver muita gente na estrada…
“Sim, e hoje estava muita gente mesmo na zona de Mafra, em Sintra também, mesmo à noite com o nevoeiro que estava agora, era mesmo nevoeiro cerrado e estava ‘montes’ de público na serra. Continua a ser uma paixão e estes ralis fazem falta aqui no distrito de Lisboa para o público e para os fãs terem um rali perto ou mesmo à porta de casa.
Se o Luís Caramelo estiver lá em cima a ver estará orgulhoso…
“Completamente, acho que sim, ainda por cima, esta moldura que está aqui de carros que se conseguiu fazer um excelente rali não com muitos quilómetros, acho que deviam pensar nisso para o ano fazer um rali com mais quilómetros, e mais rolante, porque fizemos bastantes ligações, mas sim o Luís, seguramente estará orgulhoso pela prova e por todo este plantel que está aqui…”