Papa viria ao Brasil em julho para preparação da COP30

Segundo o cardeal da arquidiocese de Brasília, Francisco expressava vontade de vir ao Brasil recentemente; também era negociado um encontro com presidentes latinos

Abr 21, 2025 - 18:39
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Papa viria ao Brasil em julho para preparação da COP30

O cardeal Paulo Cezar Costa, da Arquidiocese de Brasília, afirmou que o papa Francisco, que morreu nesta 2ª feira (21.abr.2025) aos 88 anos, planejava vir ao Brasil em julho para auxiliar nos preparativos da COP30. A Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Mudança do Clima será realizada em Belém em novembro.

Em entrevista a jornalistas, o cardeal disse que o pontífice expressou recentemente vontade de vir ao Brasil, mas as condições de saúde dificultaram a visita. “Se ele pudesse e tivesse condições, a proposta era que viesse para ajudar a preparar a COP, inclusive para levar adiante a discussão […] sobre a seriedade da questão ecológica, de que não podemos ficar de braços cruzados”, declarou Paulo Cezar.

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De acordo com o cardeal, o papa Francisco teve entre as prioridades do seu papado a questão ambiental. Em 2015, 2 anos depois de sua nomeação, o pontífice escreveu uma carta encíclica, “Laudato Si”, em que destacou a deterioração globalizada do meio ambiente e a necessidade de preservá-lo.

Ele também publicou outra carta (“Laudate Deum”) abordando as mudanças climáticas em 2023, em que declarou que o mundo não reagia “de modo satisfatório” para mitigar os danos causados ao meio ambiente. “Trata-se dum problema social global que está intimamente ligado à dignidade da vida humana”, declarou Francisco no documento. Eis a íntegra da Laudato Si (PDF – 1 MB) e da Laudate Deum (PDF – 177 kB).

Paulo Cezar afirmou, ainda, que o papa também pretendia aproveitar a visita ao Brasil para se reunir com outros presidentes da América Latina, para que ele “mostrasse que é preciso uma unidade maior na América Latina, que haja mais unidade, que é normal as diferenças políticas, mas o mundo precisa também perceber que é preciso encontrar caminhos comuns”.

MORTE DE PAPA FRANCISCO

O papa Francisco morreu nesta 2ª feira (21.abr.2025), aos 88 anos. O pontífice foi o 2º líder mais velho a governar a Igreja Católica em 700 anos. Sua morte foi confirmada pelo Vaticano:“Às 7h35 desta manhã [2h35 de Brasília], o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”.

Francisco sofria de problemas respiratórios. Em 2023, já havia passado 3 dias hospitalizado para tratar uma bronquite. Em março de 2024, não conseguiu um discurso durante uma cerimônia no Vaticano.

Argentino nascido na cidade de Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio foi internado em 14 de fevereiro de 2025 no hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, na Itália, para tratar uma bronquite, mas exames revelaram uma pneumonia bilateral.

Em 22 de fevereiro, o Vaticano afirmou que Francisco enfrentou uma crise prolongada de asma e precisou passar por uma transfusão de sangue e que ele “não estava fora de perigo”. Os exames realizados mostraram plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) associada à anemia, o que levou à necessidade da transfusão. O religioso teve alta em 23 de março e estava em recuperação. Sua última aparição pública foi no domingo (20.abr), na bênção de Páscoa.

ÚLTIMAS PALAVRAS

No domingo (20.abr.2025), fez uma aparição na varanda da Basílica de São Pedro, durante a celebração da Páscoa no Vaticano. Na cadeira de rodas e com dificuldades para falar, o sumo pontífice desejou uma “feliz Páscoa” aos fiéis.

Em seguida, passou a palavra para o mestre de cerimônias, o monsenhor Diego Giovanni Ravelli, que leu a mensagem “Urbi et Orbi” (“à cidade [de Roma] e ao mundo”) do papa. Ao final, fez a bênção diante dos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro.

Na mensagem, o papa exortou os políticos a não cederem “à lógica do medo” e fez um apelo ao desarmamento. “A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se em uma corrida generalizada ao armamento”, afirmou.

O CONCLAVE

Com a morte de Francisco, os cardeais iniciarão o conclave –termo de origem no latim “cum clave”, que significa “com chave”– para a escolha do 267º papa. O ritual, que remonta ao século 13, é realizado na Capela Sistina, no Vaticano, onde cardeais com menos de 80 anos se reúnem para eleger o novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana. A quantidade de cardeais pode variar desde que não ultrapasse o limite de 120.

Para ser eleito, um candidato precisa receber 2/3 dos votos. O resultado é transmitido ao público presente no Vaticano e ao mundo por meio de uma fumaça que sai de uma chaminé no telhado da Capela Sistina. Ela é produzida pela queima das cédulas de votação com produtos químicos para dar a cor desejada. A fumaça preta significa que o papa não foi escolhido e a votação seguirá.

Quando um cardeal recebe os votos necessários, o decano do Colégio de Cardeais pergunta se ele aceita a posição. Em caso afirmativo, o eleito escolhe seu nome papal e as cédulas são queimadas com os químicos que produzem a fumaça branca, que comunicará a escolha do novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana.


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