Papa Francisco e a liderança do transbordamento
Um convite a abraçar o “transbordamento”, a transcender nossas limitações, a encontrar soluções inesperadas por meio do diálogo e da humildade. Em seu livro ‘Vamos Sonhar Juntos’, Papa Francisco nos presenteou, com essa visão, um chamado para rompermos com os limites que nos aprisionam e explorarmos novas perspectivas. Esse avanço surge quando as pessoas com humildade buscam juntas o bem, dispostas a aprender mutuamente num intercâmbio de dons, sendo que, em tempos no qual a... O post Papa Francisco e a liderança do transbordamento apareceu primeiro em Meio e Mensagem - Marketing, Mídia e Comunicação.


(Crédito: Fabrizio Maffei/Shutterstock)
Um convite a abraçar o “transbordamento”, a transcender nossas limitações, a encontrar soluções inesperadas por meio do diálogo e da humildade. Em seu livro ‘Vamos Sonhar Juntos’, Papa Francisco nos presenteou, com essa visão, um chamado para rompermos com os limites que nos aprisionam e explorarmos novas perspectivas. Esse avanço surge quando as pessoas com humildade buscam juntas o bem, dispostas a aprender mutuamente num intercâmbio de dons, sendo que, em tempos no qual a rigidez de pensamento se torna um obstáculo para o progresso, esse eco ressoa com urgência.
Na manhã do feriado, logo após a Páscoa, a notícia de sua partida trouxe uma onda de reflexão e uma correnteza de legado profundo. Seu olhar, uma mistura de firmeza e carisma, irradia uma mensagem que ultrapassa barreiras religiosas, geográficas e ideológicas. Papa Francisco representou muito mais do que um líder religioso; ele se tornou um farol de liderança, humanidade e generosidade, qualidades tão necessárias em um mundo marcado por divisões e incertezas.
Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, um santo que personificou a simplicidade e o amor por toda a criação. Essa escolha não foi mera coincidência, mas um reflexo da missão que o Papa Francisco abraçou ao longo de seu pontificado. Ele buscou viver e liderar com a mesma compaixão e frugalidade.
Ao longo de seus 12 anos de papado, Francisco foi um agente de transformação, guiando a igreja em direção a um caminho de inclusão e diálogo. Seu legado reside em sua capacidade de construir pontes, de dialogar com líderes de todas as crenças, de abraçar os marginalizados e de dar voz aos que são frequentemente silenciados. Ele falou com líderes mundiais, refugiados, povos indígenas e pessoas de todas as classes sociais, demonstrando que a verdadeira liderança reside na capacidade de se conectar com a humanidade em sua totalidade.
Sua visão de mundo foi enriquecida por sua paixão pela literatura e música, o que demonstra uma mente aberta e uma capacidade de encontrar inspiração em diversas fontes, uma característica que lhe permitiu dialogar com pessoas de diferentes culturas e crenças.
Seu pensamento é possível de ser encontrado em diversas ações. Em 2013, houve a primeira grande tentativa de reforma do Papa Francisco com a criação do “Vatican Eight” — um Conselho formado por oito cardeais de igrejas de todo o mundo. Essa iniciativa representou um passo ousado para tornar a Igreja mais inclusiva e receptiva a diferentes perspectivas, um desafio imenso em uma instituição com séculos de tradição. As reuniões foram descritas como ‘free, frank and friendly’ (“livres, francas e amigáveis”), com discussão de assuntos divergentes e importantes. Ele dizia que “o diálogo é o caminho para conhecer a verdade e construir a paz”. Me fez pensar: como podemos criar um diálogo aberto em casa, com nossos filhos, ou no trabalho, e torná-lo uma parte duradoura da cultura de onde vivemos? A resposta parece residir naquilo que ele praticou: ter conversas francas e amigáveis, capazes de gerar um ambiente muito mais harmonioso e com maior respeito entre todos.
O Papa Francisco também foi marcado pela fala mansa e educada, uma presença que irradiava paz e compreensão. Mas não podemos confundir isso com fraqueza. Ele demonstrou em diversas situações a missão de tomar decisões difíceis e ser assertivo quando se sabe que é preciso fazer alguma coisa. Assim como ele, podemos aprender a ser firmes e justos, a liderar com convicção sem abrir mão da gentileza e do respeito.
Igualmente potente era seu pensamento, que nos convidou a experimentar o “transbordamento”, em que “a solução para um problema intratável surge de maneiras inesperadas e imprevistas”. Em um mundo em constante transformação, a liderança exige adaptabilidade e visão. Como o Papa Francisco nos lembra, o “transbordamento” é “um convite para mudarmos nosso modo de pensar, abandonarmos nossa rigidez e nossas intenções e olharmos para lugares que nunca vimos antes”.
Ele criticou os sistemas econômicos que priorizam o lucro em detrimento das pessoas e do meio ambiente, denunciando a cultura do medo e do poder. O Papa Francisco sabia que sempre haveria resistência, mas manteve-se firme e fez progressos. Além disso, ele nos desafiou a repensar os modelos sistêmicos, priorizando o cuidado, a solidariedade e o respeito pela vida. Em suas palavras, encontramos um chamado à esperança e à ação, um convite para “sonharmos juntos” e construirmos um mundo mais justo e fraterno.
Francisco acolheu os marginalizados, defendeu o planeta e desafiou o status quo, sempre com coragem e ternura. Nos mostrou que a fé sem justiça é vazia, que uma economia unilateral é cúmplice da injustiça. Sua voz chegou forte como um chamado ético, convidando-nos a repensar nossos valores e construir um futuro melhor.
Esse legado fortalece nossas convicções de que devemos reconhecer a dignidade de cada pessoa e trabalhar para criar um mundo mais justo. O desafio reside em encontrar quem, com coragem, traduzirá essas palavras em ações transformadoras. Ele nos ensinou que a verdadeira liderança pode estar no silêncio, e não na bagunça, que humanidade não significa contraste ao crescimento sustentável e que a liderança de verdade reside na humildade, não no poder.
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