Novobanco dá mais um passo no IPO: acionistas aprovam a 4 de junho admissão à bolsa
Passo a passo, o Novobanco vai fazendo o seu caminho rumo à bolsa de Lisboa. E uma das etapas decisivas deste processo acontece dentro de menos de um mês. O banco acabou de marcar uma assembleia geral extraordinária para o dia 4 de junho para que os seus acionistas deliberem sobre a admissão à negociação […]


Passo a passo, o Novobanco vai fazendo o seu caminho rumo à bolsa de Lisboa. E uma das etapas decisivas deste processo acontece dentro de menos de um mês. O banco acabou de marcar uma assembleia geral extraordinária para o dia 4 de junho para que os seus acionistas deliberem sobre a admissão à negociação de ações no mercado regulamentado da Euronext Lisbon.
A luz verde dos acionistas — designadamente, o fundo Lone Star, o Fundo de Resolução e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) — para que o capital do Novobanco possa ser admitido na bolsa é um passo decisivo e precedente à oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) que o banco liderado por Mark Bourke tem vindo a preparar desde que a 13 de fevereiro anunciou o mandato atribuído pelo fundo americano para avançar com a operação.
Outra das cinco propostas em cima desta assembleia geral extraordinária diz respeito à “revisão integral dos estatutos” do Novobanco de forma a garantir que cumpre “as regras que lhe serão aplicáveis” quando estiver a cotar na bolsa, de acordo com a convocatória anunciada pelo banco.
Por essa altura, e segundo as informações recolhidas pelo ECO, o banco liderado por Mark Bourke já deverá ter uma ideia mais clara sobre o calendário da operação – que ficou mais incerto com a enorme instabilidade nas bolsas internacionais na sequência do anúncio de tarifas por parte do Presidente dos EUA no início de abril.
Há duas datas em cima da mesa para avançar com o IPO: realizar a operação até ao final de junho ou deixar passar o verão e concretizar o negócio apenas em setembro. Desde o início deste processo que o banco tem frisado que o timing será ditado pelas condições do mercado.
Além do calendário, ainda está por definir a percentagem de capital a dispersar no IPO – sendo previsível uma dispersão entre 25% a 30% do capital do banco – e também a quem se destinará a oferta, se apenas a investidores institucionais ou também ao retalho.
Nas últimas semanas, os bancos de investimento que estão a apoiar o Novobanco têm vindo a trabalhar no prospeto da oferta. É um documento indispensável — com toda a informação necessária sobre o banco e o IPO — para que a operação possa ter lugar, carecendo de aprovação do regulador da bolsa, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Apesar de o cenário do IPO estar a ganhar cada vez mais forma, fonte ligada ao processo lembrou que os americanos continuam a correr em duas pistas. Além do mercado de capitais, também admitem vender diretamente o banco a alguma outra instituição que acene com o valor certo. O ECO avançou há três semanas que os donos do Natixis estavam a avaliar a compra do Novobanco, mas os bancos portugueses — nomeadamente a Caixa — também podem surgir nesta corrida.
Esta segunda-feira foi dado mais um passo rumo à venda — seja em que moldes possa vir a acontecer. Os acionistas aprovaram esta segunda-feira uma redução do capital do banco em 1,1 mil milhões de euros. Era capital em excesso que o Novobanco foi acumulado nos últimos anos em que estava impedido de dar dividendos. Com isso, a Lone Star vai encaixar 825 milhões de euros — em cima dos 168,5 milhões de dividendos que já recebeu por conta dos resultados do ano passado. Ou seja, já recuperou os mil milhões de euros investidos em 2017, aquando da compra de 75% do capital da instituição portuguesa.
Certo é que a operação surgirá numa altura de contração dos resultados do setor. Depois da escalada dos juros ter impulsionado os lucros da banca para recordes, a inversão das taxas do Banco Central Europeu (BCE) e dos indexantes do crédito já estão a fazer-se sentir nas contas dos bancos.
Esta segunda-feira o BPI revelou uma quebra da margem financeira e não fossem os dividendos de Angola e teria registado uma quebra do lucro no primeiro trimestre. Ainda assim, o CEO João Pedro Oliveira e Costa adiantou que os resultados irão descer este ano devido à descida dos juros.