Noites de pesadelo para Pedro Nuno
Foto: Tiago Petinga / Lusa Estão a ser noites de pesadelo para Pedro Nuno Santos. O PS acaba de recuar na eleição para a Assembleia Legislativa da Madeira - ao ponto de ter deixado de ser a principal força da oposição no arquipélago, cedendo lugar ao Juntos Pelo Povo, partido de cariz regionalista e localista. Miguel Albuquerque, no poder há dez anos, reforça a votação, fica a meros 300 votos da maioria absoluta e poderá facilmente formar governo, bastando-lhe para tal o deputado único agora eleito pelo CDS. Surpresa? Só para quem andar muito distraído. Já sucedera algo idêntico nos Açores, onde a oposição andou a brincar aos chumbos de orçamentos e às moções de censura até a paciência dos eleitores se esgotar, ampliando a confiança no PSD. Ilações para o escrutínio a nível nacional que irá seguir-se daqui a menos de dois meses? Vejo algumas, se me permitem contrariar o dogma de que nada autoriza semelhante comparação. Creio, em primeiro lugar, que a 18 de Maio a maioria dos eleitores portugueses penalizará os partidos que a 11 de Março chumbaram a moção de confiança apresentada pelo Governo na Assembleia da República. Por motivos diversos que passo a resumir. Sentem mais dinheiro de salários e pensões no bolso, foram aliviados na carga fiscal, viram 17 carreiras da administração pública requalificadas e valorizadas - professores, militares, diplomatas, polícias, bombeiros, médicos, enfermeiros, guardas prisionais, oficiais de justiça... Mas também encaram com maus olhos o derrube de um Executivo que estava apenas há onze meses em funções, sem conseguir provar o que verdadeiramente vale, e já desistiram de deslindar o enredo da Spinumviva, variante da telenovelização mexicana do famigerado "caso das gémeas", agitada pelo Chega, com a comunicação social atrás, para no fim dar em nada. Andámos um ano às voltas com este triste folhetim. É natural que as pessoas não queiram outro, recusando ficar à mercê dos caprichos do doutor Ventura. Os portugueses votaram a 10 de Março de 2024 para que os partidos encontrassem uma solução governativa sólida, não para os forçarem a voltar às urnas tão cedo. Estão cansados de jogos políticos, tacticismos de curto prazo e "entradas a pés juntos", como se diz no futebol.. Quem mais suscitar isso acabará por ser penalizado em grau maior. Quem revela responsabilidade será recompensado. Daí eu prever uma descida acentuada do Chega e uma subida expressiva da Iniciativa Liberal. Para o triunfo eleitoral, Pedro Nuno Santos dispõe de via mais estreita do que Luís Montenegro. Votou demasiadas vezes ao lado de André Ventura na AR. Teve um desempenho controverso e contestável como ministro - em questões tão diversas como a indemnização a uma ex-administradora da TAP e a localização do aeroporto. E tem sido incapaz de evitar fracturas no seu partido, como ficou patente nas recentes críticas de Fernando Medina e Pedro Siza Vieira ao voto do PS na moção de confiança. Talvez mais tarde se diga que a eleição na Madeira funcionou como prenúncio. Não tardaremos a saber.

Foto: Tiago Petinga / Lusa
Estão a ser noites de pesadelo para Pedro Nuno Santos. O PS acaba de recuar na eleição para a Assembleia Legislativa da Madeira - ao ponto de ter deixado de ser a principal força da oposição no arquipélago, cedendo lugar ao Juntos Pelo Povo, partido de cariz regionalista e localista. Miguel Albuquerque, no poder há dez anos, reforça a votação, fica a meros 300 votos da maioria absoluta e poderá facilmente formar governo, bastando-lhe para tal o deputado único agora eleito pelo CDS.
Surpresa? Só para quem andar muito distraído. Já sucedera algo idêntico nos Açores, onde a oposição andou a brincar aos chumbos de orçamentos e às moções de censura até a paciência dos eleitores se esgotar, ampliando a confiança no PSD.
Ilações para o escrutínio a nível nacional que irá seguir-se daqui a menos de dois meses?
Vejo algumas, se me permitem contrariar o dogma de que nada autoriza semelhante comparação.
Creio, em primeiro lugar, que a 18 de Maio a maioria dos eleitores portugueses penalizará os partidos que a 11 de Março chumbaram a moção de confiança apresentada pelo Governo na Assembleia da República.
Por motivos diversos que passo a resumir.
Sentem mais dinheiro de salários e pensões no bolso, foram aliviados na carga fiscal, viram 17 carreiras da administração pública requalificadas e valorizadas - professores, militares, diplomatas, polícias, bombeiros, médicos, enfermeiros, guardas prisionais, oficiais de justiça... Mas também encaram com maus olhos o derrube de um Executivo que estava apenas há onze meses em funções, sem conseguir provar o que verdadeiramente vale, e já desistiram de deslindar o enredo da Spinumviva, variante da telenovelização mexicana do famigerado "caso das gémeas", agitada pelo Chega, com a comunicação social atrás, para no fim dar em nada.
Andámos um ano às voltas com este triste folhetim. É natural que as pessoas não queiram outro, recusando ficar à mercê dos caprichos do doutor Ventura.
Os portugueses votaram a 10 de Março de 2024 para que os partidos encontrassem uma solução governativa sólida, não para os forçarem a voltar às urnas tão cedo. Estão cansados de jogos políticos, tacticismos de curto prazo e "entradas a pés juntos", como se diz no futebol.. Quem mais suscitar isso acabará por ser penalizado em grau maior. Quem revela responsabilidade será recompensado. Daí eu prever uma descida acentuada do Chega e uma subida expressiva da Iniciativa Liberal.
Para o triunfo eleitoral, Pedro Nuno Santos dispõe de via mais estreita do que Luís Montenegro. Votou demasiadas vezes ao lado de André Ventura na AR. Teve um desempenho controverso e contestável como ministro - em questões tão diversas como a indemnização a uma ex-administradora da TAP e a localização do aeroporto. E tem sido incapaz de evitar fracturas no seu partido, como ficou patente nas recentes críticas de Fernando Medina e Pedro Siza Vieira ao voto do PS na moção de confiança.
Talvez mais tarde se diga que a eleição na Madeira funcionou como prenúncio. Não tardaremos a saber.