“No Other Land” vence Óscar de Melhor Documentário em Longa-Metragem
O filme, realizado por dois israelitas e dois palestinianos, relata os esforços do exército israelita para demolir casas de cidadãos palestinianos numa zona do sul da Cisjordânia, conhecida como Masafer Yatta.


“No other land”, filme coletivo feito por ativistas e cineastas israelitas e palestinianos, sobre a ocupação de territórios palestinianos por Israel, conquistou Óscar de Melhor Documentário em Longa-Metragem.
O filme, realizado por dois israelitas e dois palestinianos, relata os esforços do exército israelita para demolir casas de cidadãos palestinianos numa zona do sul da Cisjordânia, conhecida como Masafer Yatta.
“Nós fizemos este filme, palestinianos e israelitas, porque juntas as nossas vozes são mais fortes”, disse o realizador israelita Yuval Abraham, na aceitação do Óscar.
Yuval Abraham apelou ao fim da “destruição atroz de Gaza e do seu povo”, e à libertação dos reféns israelitas, “brutalmente capturados no crime de 07 de outubro [de 2023]”, pelo Hamas.
“Quando olho para Basel [Adra]”, realizador palestiniano de “No other land”, “vejo o meu irmão, mas somos desiguais”, prosseguiu Yuval Abraham. “Vivemos num regime em que sou livre ao abrigo da lei, e Basel está sujeito a leis militares que lhe destroem a vida e que ele não consegue controlar”.
Abraham, na sua intervenção, apelou a “um caminho diferente, uma solução política, sem supremacia étnica, com direitos nacionais para ambos os povos”.
O realizador israelita deixou ainda uma crítica à administração norte-americana: “Devo dizer que, enquanto aqui estou, a política externa deste país está a ajudar a bloquear esse caminho”.
Abraham sublinhou que os dois povos, israelita e palestiniano, estão interligados. “O meu povo pode estar realmente seguro se o povo de Basel estiver realmente livre e em segurança”, afirmou, insistindo “noutra forma” de resolver o conflito. “Não é tarde para a vida, para os vivos. Não há outro caminho”, concluiu.
Basel Adra, por seu lado, considerou “uma grande honra” a atribuição do Óscar a “No other land”.
“Há cerca de dois meses, fui pai, e espero que a minha filha não tenha de viver a mesma vida que estou a viver agora, sempre temendo a violência dos colonos, as demolições de casas e as deslocações forçadas que a minha comunidade, Masafer Yatta, está a viver e a enfrentar todos os dias sob a ocupação israelita”, disse o realizador.
“‘No Other Land’ reflete a dura realidade que enfrentamos há décadas e a que resistimos, ao mesmo tempo que apelamos ao mundo para que tome medidas sérias para pôr fim à injustiça e à limpeza étnica do povo palestiniano”.
O documentário israelo-palestiniano não teve distribuidor nos Estados Unidos, tendo sido exibido apenas em cinemas selecionados de todo o país.
“Black Box Diaries”, “Porcelain War”, “Soundtrack to a Coup d’Etat” e “Sugarcane” estavam também nomeados para Melhor Documentário em Longa-Metragem.
O Óscar de Melhor Documentário em Curta-Metragem foi para “The Only Girl in the Orchestra”, vencendo sobre “Death by Numbers”, “I Am Ready, Warden”, “Incident” e “Instruments of a Beating Heart”.
O Óscar de Melhor Curta-Metragem em ‘Live Action’ foi para “I’m Not a Robot”. Estavam também nomeados “Anuja”, “A Lien”, “The Last Ranger” e “The Man Who Could Not Remain Silent”.
“Duna: Parte Dois” conquistou ós Óscares de Melhor Som e Melhores Efeitos Especiais, deixando para trás “A Complete Unknown”, “Emilia Pérez”, “Wicked” e “Robot Selvagem”, no primeiro caso, e “Alien: Romulus”, “Better Man”, “O Reino do Planeta dos Macacos” e “Wicked”, no segundo.
Antes da entrega do Óscar de Melhor Som, houve uma homenagem aos bombeiros de Los Angeles, na sequência dos incêndios, com a subida ao palco de comandantes de diferentes corporações.
A 97.ª edição dos Prémios da Academia decorre esta noite no Dolby Theatre, em Hollywood, com 52 filmes nomeados em 23 categorias.