Não vai meter a colher onde não é chamado: Fed mantém taxa de juros inalterada e desafia Trump

Como era amplamente esperado, o banco central norte-americano seguiu com os juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, mas o que importa nesta quarta-feira (7) é a declaração de Powell após a decisão The post Não vai meter a colher onde não é chamado: Fed mantém taxa de juros inalterada e desafia Trump appeared first on Seu Dinheiro.

Mai 7, 2025 - 19:34
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Não vai meter a colher onde não é chamado: Fed mantém taxa de juros inalterada e desafia Trump

A temperatura já estava elevada para a reunião desta quarta-feira (7) e o Federal Reserve (Fed) resolveu manter o fogo alto ao anunciar a manutenção da taxa de juros na faixa de 4,25% e 4,50% ao ano — colocando para ferver a relação com o presidente dos EUA, Donald Trump

O republicano jogou Jerome Powell na panela de pressão: criticou o nível dos juros nos EUA, pressionou pelo afrouxamento monetário imediato e até ameaçou demitir o chefe do banco central norte-americano, sacudindo os mercados lá fora e aqui. Depois de hoje, a relação de ambos pode passar do ponto — de novo. 

O comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) trouxe um alerta junto com a decisão unânime de manutenção dos juros: os riscos de volatilidade e como ela está influenciando as decisões.

"A incerteza quanto às perspectivas econômicas aumentou ainda mais", diz o documento.

"O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e avalia que os riscos de aumento do desemprego e da inflação aumentaram", acrescenta a nota, referindo-se ao mandato de pleno emprego e estabilidade de preços em 2%.

O comunicado, no entanto, não aborda especificamente as tarifas de Trump.

Se, na Casa Branca, a decisão tem tudo para esquentar os nervos do presidente norte-americano, no mercado, a manutenção já era esperada — ainda assim a reação, antes das declarações de Powell foram quentes.

Em Wall Street, o Dow Jones avançou mais de 200 pontos na esteira do comunicado, ou 0,24%, enquanto o S&P 500 passou a operar no vermelho, com queda de 0,36%, e o Nasdaq acelerou as perdas para 0,85%.

Por aqui, o Ibovespa seguiu em queda, de -0,19%, aos 133.263,29 pontos, enquanto o dólar no mercado à vista se manteve em alta. A moeda norte-americana subia 0,56%, cotada a R$ 5,7430.

No caldeirão das tarifas

A decisão do Fed acontece em um momento em que a Casa Branca está em negociações com parceiros comerciais por um período de 90 dias, iniciado no início de abril, e que implica na imposição de taxas gerais de 10% sobre quem não retaliou os EUA — claro, com a China fora desse “alívio”.

À medida que as manchetes quase diárias avaliam a guerra comercial, a economia tem emitido sinais conflitantes. O Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, caiu 0,3% no primeiro trimestre, resultado da desaceleração dos gastos do consumidor e do governo e de um aumento nas importações antes das tarifas. 

A maioria dos economistas de Wall Street espera que a economia retorne ao crescimento no segundo trimestre.

No comunicado de hoje, o Fomc observa que “oscilações nas exportações líquidas afetaram os dados” e manteve a recente caracterização de que a economia norte-americana “continuou a se expandir em um ritmo sólido”. 

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Trump x Powell: cozinhando em banho-maria

Trump identificou Powell como um de seus principais alvos. No último mês, chamou o presidente do Fed de "Sr. Tarde Demais" e de "grande perdedor" em meio às exigências de corte dos juros. 

O republicano teria discutido a demissão de Powell, uma medida com base jurídica instável e, desde então, vem adotando uma postura de morde e assopra com relação à condução da política monetária do Fed. 

  • Powell foi nomeado para presidente do Federal Reserve por Trump em 2017, reconduzido por Joe Biden, e seu mandato só termina em maio de 2026. 

Embora Trump queira meter a colher onde não foi chamado, Powell já deixou claro que acredita que o presidente dos EUA não tem autoridade legal para destituí-lo antes do término de seu mandato, mas não abordou explicitamente a recente onda de xingamentos do republicano. 

*Conteúdo em atualização

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