Multimilionários resistem à crise do luxo e aumentam património. Como o conseguem?

O setor do luxo tem enfrentado uma desaceleração do consumo e, em algumas grandes marcas, registado mesmo quedas de faturação e desejo do consumidor. No entanto, esse declínio não está a afetar os grandes magnatas da moda que não só resistem à crise, como continuam a aumentar as suas fortunas.

Mar 24, 2025 - 13:16
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Multimilionários resistem à crise do luxo e aumentam património. Como o conseguem?

O setor do luxo tem enfrentado uma desaceleração do consumo e, em algumas grandes marcas, registado mesmo quedas de faturação e desejo do consumidor. No entanto, esse declínio não está a afetar os grandes magnatas da moda que não só resistem à crise, como continuam a aumentar as suas fortunas.

De acordo com o estudo “Behind the Fortunes – How Fashion and Luxury are Creating Billionaires Galore”, publicado pela FashionSights, além do número de bilionários ter aumentado, os 14 nomes do setor presentes no ranking dos 200 mais ricos da Forbes acumulam um património conjunto de 617 mil milhões de dólares, um valor 12 vezes superior ao registado em 2000.

O relatório aponta ainda que o setor ocupa o terceiro lugar na criação de riqueza (10% do património líquido total entre os 200 maiores multimilionários), a seguir à tecnologia (27%) e às finanças (13%), sublinhando a sua influência económica.

O setor da moda e do luxo, atualmente avaliado em 2,5 mil milhões  de dólares, “consolidou-se como um pilar de geração de riqueza” e “superou outros segmentos do retalho em termos de rentabilidade”, refere o estudo elaborado pelo think tank independente de Achim Berg, ex-consultor da McKinsey.

No entanto, essa riqueza continua concentrada em poucas mãos. Bernard Arnault, presidente do grupo LVMH, e Amancio Ortega, fundador da Inditex, detêm juntos 55% do património total dos multimilionários do setor. Em março do ano passado, Arnault liderava a lista com 233 mil milhões de dólares, enquanto Ortega tinha um património de 103 mil milhões de dólares, valor que subiu para 123 mil milhões em fevereiro deste ano. Em termos comparativos, Tadashi Yanai (Fast Retailing), o terceiro mais rico, detém apenas um quinto da fortuna de Arnault.

A riqueza destes gigantes tem origem em estratégias distintas. O LVMH construiu o seu império com aquisições estratégicas e um modelo de proteção do savoir-faire artesanal das maisons de luxo. Já a Inditex apostou num modelo de moda rápida, antecipando tendências e reduzindo os tempos de produção para oferecer produtos acessíveis.

A Europa continua a ser o epicentro da riqueza da moda, representando 81% do património líquido total da indústria, enquanto a Ásia e a América do Norte ficam atrás com apenas 9% cada, impulsionada por nomes como Tadashi Yanai (Fast Retailing) e Sky Xu (Shein).

Embora a moda e o luxo tenham sido a terceira maior indústria de geração de riqueza desde 2000, superada apenas pela tecnologia e pelas finanças, o setor enfrenta desafios. Um relatório do HSBC indica que o ano passado foi um dos seis piores para o luxo nas últimas duas décadas, devido à perda de 50 milhões de consumidores globais e à retração da procura por parte dos clientes aspiracionais. Enquanto isso, marcas acessíveis como Inditex e Uniqlo têm demonstrado maior resiliência.

Com a incerteza económica e as mudanças no comportamento do consumidor, a hierarquia da riqueza no setor pode sofrer alterações nos próximos anos. O estudo conclui que a capacidade de adaptação e inovação nos modelos de negócio serão fatores essenciais para definir os líderes do futuro.