Maria Gladys chora ao relatar sumiço da aposentadoria: “Como vou sair daqui? Não tenho nem para o táxi”

Relato emocional e disputa familiar

Horas após ser encontrada vagando pelas ruas de Santa Rita de Jacutinga (MG), Maria Gladys chorou ao relatar que está sem dinheiro e sem condições de pagar a pousada onde se hospedou. Em áudio divulgado pelo colunista Pablo Oliveira, da Rádio Tupi, a atriz afirmou que teve a aposentadoria retirada de sua conta e responsabilizou a filha pela administração dos recursos.

“Como eu vou pagar o hotel aqui? Vim para cá contando que tinha a minha aposentadoria. Estou maluca. Não sei o que eu faço. Como eu vou dizer que não tenho dinheiro para pagar isso aqui? Como eu vou sair daqui? Não tenho dinheiro nem para pagar o táxi para ir embora. Onde vou ficar, na rua? Agora que roubaram todo o meu dinheiro de novo”, desabafou a artista de 85 anos, conhecida por trabalhos em filmes clássicos e novelas como “Vale Tudo”.

Segundo Maria Gladys, a perda do dinheiro ocorreu após sua chegada ao interior de Minas Gerais. Ela alega que não gastou nada relevante no local e que a mudança foi motivada pelo alto custo de vida no Rio de Janeiro.

Filha nega acusação e explica histórico recente

Maria Thereza Mello Maron, filha da atriz, respondeu à acusação em vídeo publicado no Facebook. Ela afirmou que não pegou nenhum valor da conta da mãe e explicou que Maria Gladys gastou a aposentadoria com hospedagens, alimentação e bebidas. “Eu não peguei um centavo da minha mãe. Eu só ajudo minha mãe. Sou a filha que mais ajuda. É um absurdo isso. Agora estou como a canalha que rouba a aposentadoria da mãe, e não é nada disso”, declarou.

Maria Thereza afirmou que a mãe estava hospedada em diferentes hotéis no Rio, antes de decidir ir para o interior. “No dia 30 de março, foi o último dela no apartamento de temporada em Copacabana. Ela estava dura, fim de mês. Consegui que ficasse em hotel fiado, pagou com o benefício no dia 2. Bebeu, curtiu, ficou em outro hotel. Depois pegou um táxi e foi para Santa Rita, mesmo a gente pedindo para não ir.”

A filha também negou que Maria Gladys tenha dormido na rua ou pedido esmolas, mas confirmou que a pousada onde estava ameaçava expulsá-la por falta de pagamento. “Ela nunca dormiu na rua. Fiz vaquinha com amigos para ajudar. Estou vendendo meu apartamento em Copacabana para isso”, explicou.

Histórico de dificuldades e aposentadoria tardia

Maria Gladys conta atualmente com uma aposentadoria de R$ 1.518,00, valor insuficiente para cobrir despesas de moradia e deslocamento. Em 2019, declarou situação de miserabilidade em ação judicial movida no Rio de Janeiro para receber parte de uma previdência privada deixada por uma prima. O processo segue sem desfecho.

Em 2014, a artista já havia recorrido a vaquinha feita por amigos para pagar o INSS e oficializar sua aposentadoria. “Nunca pensei em pagar aposentadoria. Achava que ia morrer antes. Nunca guardei dinheiro”, declarou ao UOL na época.

Quem é Maria Gladys?

Nascida no subúrbio do Rio em 1939, Maria Gladys enfrentou paralisia infantil aos três anos e iniciou a carreira artística como bailarina. A partir da década de 1960, começou a se destacar em diversos clássicos do cinema brasileiro, criando uma filmografia invejável com títulos como “Os Fuzis” (1962), “Todas as Mulheres do Mundo” (1966), “Copacabana me Engana” (1968), “Sem Essa, Aranha” (1970), “O Meu Pé de Laranja Lima” (1970), “Bar Esperança” (1983), “Rio Babilônia” (1983), “Matou a Família e Foi ao Cinema” (1991), “Se Eu Fosse Você 2” (2009) e “A Febre do Rato” (2011).

Na televisão, interpretou Lucimar na versão original de “Vale Tudo” (1988), novela que acaba de ganhar um remake exibido pela Globo. Também atuou em produções como “Grande Sertão: Veredas” (1985), “Top Model” (1989), “Salsa e Merengue” (1996) “Hilda Furacão” (1998), “O Beijo do Vampiro” (2002), “A Lua Me Disse” (2005) e “Negócio da China” (2008).

Nos últimos anos, a atriz também voltou a circular entre o público jovem por ser identificada como avó da atriz Mia Goth, estrela dos filmes de terror “Pearl” e “X – A Marca da Morte”, fruto de seu relacionamento com o artista americano Lee Jaffe, nos anos 1980. Ela também é conhecida por ter namorado Roberto Carlos na juventude, tema que evita comentar publicamente.