“Manhoso” e “grotesco”: Nuno Markl critica jogo polémico que promove violência sexual contra mulheres

A plataforma digital Steam, da Valve, está a enfrentar duras críticas após ter hospedado o jogo No Mercy, uma visual novel que, segundo especialistas e grupos de defesa, transforma a violência contra mulheres numa mecânica de jogo.

Abr 10, 2025 - 12:02
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“Manhoso” e “grotesco”: Nuno Markl critica jogo polémico que promove violência sexual contra mulheres

A plataforma digital Steam, da Valve, está a enfrentar duras críticas após ter hospedado o jogo No Mercy, uma visual novel lançada a 22 de março de 2025 que, segundo especialistas e grupos de defesa, transforma a violência contra mulheres numa mecânica de jogo. Desenvolvido pela Zerat Games, o título descreve-se como uma “novela visual adulta”, com temáticas de incesto e dominação masculina.

O texto promocional convida os jogadores a “tornarem-se o pior pesadelo de todas as mulheres”. Depois de séries como “Adolescência” ou fenómenos como Andrew Tate ou até o influencer Numeiro chamarem a atenção, tanto no estrangeiro como em Portugal, por revelarem o crescimento da misoginia como algo aceitável e até – segundo alguns destes influencers “necessário” para tornar homens novamente homens – eis que este jogo lança mais achas para a fogueira.

Nuno Markl pronunciou-se esta quarta-feira à noite para o jogo “grotesco” que está a chamar a atenção pelos piores motivos.

“A partir do momento em que a Steam, a maior plataforma de videojogos do mundo, aceita vender um jogo independente manhoso, grotesco, cujo objetivo é, exclusivamente, abusar do máximo de personagens femininas – percebemos uma vez mais o quão desigual é este braço de ferro que temos de fazer com o mundo para que os miúdos não se tornem psicopatas”, afirmou o humorista e locutor de rádio.

Markl afirmou ainda nunca ter pensado “viver para ver este estado de coisas” em que o machismo e misoginia que “sempre houve”, se tornaram “trendy, comercializável, nem que acabe em violência e morte”.

“Rapazes, querem ser Homens a sério? Sejam contra isto. Ser a favor disto é ser mais fraco que um inseto”, conclui o locutor.

Relativamente ao jogo, a polémica intensificou-se devido à fraca moderação da Steam, com o jogo a contornar verificações de idade através de um simples aviso clicável.

A Austrália e Canadá já removeram o No Mercy da plataforma, alegando preocupações públicas e a ausência de classificação etária. No Reino Unido, o Secretário de Estado da Tecnologia, Peter Kyle, criticou publicamente a Valve e apelou a uma resposta mais célere das plataformas.

Organizações como a Women in Games também se juntaram à contestação. A sua CEO, Dr. Marie-Claire Isaaman, condenou o jogo por “tornar a violência sexual contra mulheres jogável”, apelando à Valve para assumir responsabilidades e reforçar os seus mecanismos de avaliação de conteúdo, incluindo uma política de tolerância zero à misoginia.

Entre jogadores e ativistas, o consenso é claro: a presença de No Mercy numa plataforma de grande escala como a Steam representa não apenas uma falha ética, mas um risco real de normalização do abuso e da coação.

 

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