Lucros da CP caem para metade em 2024, gastos com pessoal disparam

A CP – Comboios de Portugal fechou o ano passado com um resultado líquido de 1,8 milhões de euros, metade dos lucros de 3,6 milhões reportados em 2023, segundo dados provisionais a que o ECO teve acesso. Esta quebra de rentabilidade ocorreu num ano em que os gastos com pessoal aumentaram 15 milhões de euros, […]

Mai 8, 2025 - 11:48
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Lucros da CP caem para metade em 2024, gastos com pessoal disparam

A CP – Comboios de Portugal fechou o ano passado com um resultado líquido de 1,8 milhões de euros, metade dos lucros de 3,6 milhões reportados em 2023, segundo dados provisionais a que o ECO teve acesso. Esta quebra de rentabilidade ocorreu num ano em que os gastos com pessoal aumentaram 15 milhões de euros, face ao período homólogo. Apesar da forte descida dos lucros, a empresa de comboios, que apresentou em 2022 o primeiro resultado positivo da sua história, conseguiu fechar o último exercício com rentabilidade positiva pelo terceiro ano.

As vendas da empresa aumentaram de 267,6 milhões de euros, em 2023, para 302,8 milhões, em 2024, num ano marcado pela entrada em vigor do chamado Passe Verde, no valor de 20 euros. A empresa será compensada pelo Governo pela quebra de receitas associadas ao novo título, que vendeu mais de 100 mil passes nos três primeiros meses, até um limite de 23,7 milhões de euros.

O novo passe ferroviário verde tem levado a um aumento do número de passageiros da empresa, mas, pelo menos para já, este crescimento não está a refletir-se em maiores lucros para a companhia. Uma situação que o Executivo espera que se reverta em breve.

Segundo defendeu recentemente o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, “a manter-se esta tendência, a CP não precisará dos 19 milhões de euros que o Governo lá colocou no Orçamento do Estado para precaver essa potencial perda de receita, a CP vai aumentar a sua receita e não vai precisar de um único euro daquele investimento extra”.

Custos com pessoal voltam a subir

Os gastos com pessoal foram a rubrica mais “pesada” nas contas da CP. Segundo os dados provisionais da transportadora, estes custos aumentaram 15 milhões de euros, passando de 160,5 para 175 milhões no final de 2024, colocando pressão nas contas da empresa de comboios.

Já este ano, a administração da CP, liderada por Pedro Moreira, decidiu aplicar unilateralmente aumentos de 34 euros nos salários até 2.631 euros e de 1,7% nos iguais ou superiores, decisão reprovada pelos sindicatos. Estes aumentos decididos unilateralmente estão, aliás, no centro da greve dos comboios que arrancou esta quarta, dia 7 de maio, e dura até dia 14 de maio.

Os sindicatos estão contra a imposição de aumentos salariais “que não repõem o poder de compra”, pela “negociação coletiva de aumentos salariais dignos” e pela “implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado”, segundo os sindicatos. A greve que está em curso paralisou a empresa afetando mais de 700 mil passageiros, apesar de o Governo ter comunicado formalmente aos sindicatos que estava limitado nas suas decisões por estar em gestão, aceitando um aumento correspondente ao valor fixado em devido tempo por despacho e que não poderia ultrapassar os 4,7%.

A CP fechou o ano de 2024 com capitais próprios positivos de 388 milhões de euros, face aos 362,7 milhões reportados no exercício anterior. Já o passivo baixou de 366,9 milhões para 269,5 milhões de euros.