Livro analisa marcas que criam relacionamentos significativos

Com lançamento marcado para esta quinta-feira (20), o livro Marcas com Alma se apresenta como um guia para empreendedores, líderes e profissionais de marketing que desejam construir marcas com significado. Escrito por Maria Brasil, docente na ESPM São Paulo e na Universidade Federal da Bahia, a obra lançada pela editora Voo discute como a sincronia entre marca e cultura pode gerar impacto positivo dentro e fora das organizações.

Com experiência em projetos de marketing e branding para empresas como Coca-Cola e Heineken, Maria percebeu uma lacuna fundamental no mercado. Para ela, marcas com alma são aquelas que entendem seu papel no mundo e assumem a responsabilidade pelo impacto que geram. “Não basta ter um propósito escrito no papel; é preciso vivê-lo nas decisões do dia a dia. Isso significa cuidar tanto de quem está dentro, quanto de quem está fora da empresa. Afinal, como uma marca pode encantar seu público externo se não encanta primeiramente o público interno? É esse alinhamento genuíno entre intenção e ação que diferencia as marcas que realmente deixam um legado”, afirma a autora.

A autora Maria Brasil, empresária, docente e palestrante (Divulgação)

Visão de grandes líderes

Para aprofundar a discussão, Maria Brasil entrevistou 15 grandes líderes de diferentes setores, buscando compreender como empresas podem transformar discursos em ações concretas. Entre os entrevistados estão Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza), Luiz Seabra (Natura), Diego Barreto (iFood), Caito Maia (Chilli Beans), Renato Franklin (Casas Bahia), Zé Ricardo (Rock in Rio), entre outros.

No livro, os executivos compartilham suas visões sobre como criar conexões genuínas com clientes, colaboradores e a sociedade. Um dos destaques é Luiz Seabra, cofundador da Natura, que defende a ideia de que marcas também podem ter alma. “Eu acredito profundamente que uma empresa pode, assim como os indivíduos, ter uma alma que se enriquece e se fortalece”, declara.

Para Maria, a experiência de Seabra é um exemplo de que é possível construir grandes negócios sem perder a essência. “O que mais me tocou foi a maneira genuína como ele acredita que é possível unir resultados financeiros a um compromisso real com a sociedade. Essa conversa me trouxe esperança de que empresas podem, sim, crescer sem perder sua essência — e que essa consciência pode ser transmitida de geração em geração”, pontua.

Integração entre áreas ainda é desafio

Ao conversar com líderes de Recursos Humanos e Marketing, Maria identificou um problema recorrente: a falta de integração entre as áreas. Segundo ela, no Brasil, essas disciplinas costumam operar de forma separada, dificultando um crescimento organizacional mais sustentável.

“Por outro lado, vejo um enorme potencial no nosso DNA: somos um povo naturalmente agregador e conectado. Se conseguimos criar uma cultura tão rica e diversa, por que não levar esse espírito para dentro das organizações? Acredito que o Brasil pode se tornar um expoente global na construção de empresas verdadeiramente integradas”, reflete.

Metodologia Brand Anatomy

Para ajudar marcas a lidar com esses desafios, Maria Brasil desenvolveu a metodologia Brand Anatomy, que estrutura cinco dimensões fundamentais de uma marca. O objetivo é capacitar líderes e gestores a compreenderem suas marcas como entidades vivas, capazes de criar conexões autênticas e duradouras.

Inspirada no conceito de Carl Jung sobre a alma como repositório de criatividade e significado, a metodologia propõe um alinhamento entre a essência interna e a expressão externa da marca. Segundo a autora, esse equilíbrio é essencial para que as empresas ressoem de maneira genuína com seus públicos e consolidem seu legado.

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