Indústria aérea dos EUA pede redução de tarifas

Setor enfrenta altos custos de importação e recuo na demanda por passagens sob nova política de Trump

Abr 29, 2025 - 12:52
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Indústria aérea dos EUA pede redução de tarifas

A indústria aérea dos Estados Unidos quer negociar com a Casa Branca uma redução das tarifas para o setor, que foi duramente atingido pela nova política econômica do presidente Donald Trump (Partido Republicano).

Companhias aéreas norte-americanas estão reduzindo a quantidade de voos disponibilizados em decorrência de uma queda na procura e nas reservas de passagens, no que é considerado o maior cenário de incerteza para o setor desde a pandemia da covid-19. Por causa disso, as empresas estão descartando as previsões financeiras, como tentativa de controlar custos durante a guerra comercial.

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Além disso, fabricantes de aeronaves e componentes, como motores de aviões, estão aumentando o preço para compensar as tarifas impostas sobre o setor. O recuo nas taxas seria uma estratégia para proteger a indústria, que sofre com baixa procura dos clientes principalmente por conta do aumento da inflação.

A agência de notícias Reuters reporta que oficiais da indústria aérea tiveram reuniões com Trump e membros do governo para revogar as taxas. Nos Estados Unidos, o Acordo da Aviação Civil de 1979 prevê tarifas zeradas, o que fazia com que o setor tivesse lucros anuais na casa dos US$ 75 bilhões.

Executivos de companhias aéreas estão considerando voltar a alugar aeronaves e atrasar ou até cancelar entregas de aviões comprados de outros países. Segundo a Reuters, a American Airlines tinha um acordo firmado para a entrega de 14 aeronaves da europeia Airbus e da brasileira Embraer.

É realmente muito difícil para nós pagar mais 10% ou mais em aviões, que são nosso principal custo de capital. É complicado entender o porquê de pagar tarifas sobre aviões. Não faz sentido, economicamente”, disse Devon May, CFO da American Airlines, à Reuters

A Boeing estima que os gastos com tarifas podem chegar a US$ 500 milhões anuais. A fabricante de jatos GE Aerospace também calcula que os custos com taxas superem os US$ 500 milhões, enquanto a RTX prevê que os valores se aproximem dos US$ 850 milhões.

A Delta Airlines não estaria disposta, segundo a Reuters, a arcar com custos de tarifas e pensa em atrasar entregas. Aeronaves fabricadas nos EUA também sofrem com alta de preços, uma vez que utilizam peças importadas de outros países.

Uma das justificativas de Trump para impor as tarifas era fomentar a indústria doméstica e criar empregos para os estadunidenses. Autoridades da indústria aérea, em contrapartida, argumentam que o caso do setor é diferente, já que é responsável por mais de US$ 135 bilhões em exportações anualmente e que a maioria dos funcionários já está nos Estados Unidos.

O CEO da GE Aerospace, Larry Culp, contou que se reuniu com Trump e explicou como o acordo de tarifas zeradas para o setor é benéfico para a balança comercial dos EUA. Disse que a administração “entendeu” a posição da empresa, mas alegou que “não é o único problema que estão tentando resolver”.