Histórias de encontros feitos de porcelana

Uma das mais importantes coleções privadas do globo de porcelana chinesa de exportação abre-se ao mundo a partir de Sintra, em diálogo com o contemporâneo e diferentes culturas.

Mar 2, 2025 - 11:04
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Histórias de encontros feitos de porcelana

No princípio era o encantamento. Pela porcelana chinesa, mais concretamente por aquela que é conhecida como “cerâmica de exportação”. O encantamento de Renato de Albuquerque, engenheiro civil e arquiteto brasileiro, transformou-se depois num anseio: aprender mais e mais sobre o requinte tecnológico e a sofisticação da produção de porcelana chinesa. Os anos foram passando e esse fascínio nutriu a sua veia de colecionador. As compras sucederam-se. A coleção foi ganhando forma e consistência, mas nunca ela sonhou ter um museu.

Nem o seu mentor, o homem que introduziu o urbanismo sustentável no Brasil, nos anos 1970, com a construção do bairro Alphaville, em São Paulo, entre outras iniciativas pioneiras. Na década de 80, Renato de Albuquerque expandiu as suas atividades para Portugal (Quinta da Beloura, Quinta Patino) e adquiriu a antiga Quinta de São João, que passou a ser a casa de férias da família. Aos 97 anos, Albuquerque assiste à metamorfose de uma residência em museu. Parece simples, mas não é. Inicialmente, terá questionado o porquê de mostrar a coleção; minimizou a relevância da mesma; e não queria que isso fosse visto como um ‘projeto de ego’, um legado.

Os pedidos de empréstimo por parte de instituições de renome internacional, como o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, e o Victoria & Albert Museum, em Londres, entre outros, suavizaram a discrição com que encarava a coleção. Bem como a determinação da sua neta Mariana Teixeira de Carvalho, ex-advogada de Direitos Humanos no Brasil e a nível internacional, que abraçou o mundo das artes em 2009, em persuadir o patriarca a deixar os outros fruir deste tesouro. A sua passagem por galerias como Luisa Strina, Hauser & Wirth e Michael Werner, como diretora, não foi apenas importante para tecer contactos no mundo das artes. Foi, igualmente, relevante para olhar de forma diferente para as peças ‘acumuladas’ pelo avô.

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