Gilberto Gil apresenta show catártico em “Tempo Rei”, sua despedida dos palcos
Em um momento memorável para a cultura brasileira, Gilberto Gil despede-se dos palcos com sua turnê Tempo Rei. No sábado, 12/4, estivemos no segundo dia da apresentação em São Paulo, no Allianz Parque. Por lá, conferimos um show que merece a alcunha de espetáculo, onde cada segundo, nota, movimento, cada pequeno elemento que se vê […] The post Gilberto Gil apresenta show catártico em “Tempo Rei”, sua despedida dos palcos appeared first on NOIZE | Música do site à revista.

Em um momento memorável para a cultura brasileira, Gilberto Gil despede-se dos palcos com sua turnê Tempo Rei. No sábado, 12/4, estivemos no segundo dia da apresentação em São Paulo, no Allianz Parque. Por lá, conferimos um show que merece a alcunha de espetáculo, onde cada segundo, nota, movimento, cada pequeno elemento que se vê sobre o palco realça a grandiosidade artística de Gil.
O artista estava acompanhado por uma banda toda vestida em branco, formada pelos filhos Bem (baixo e guitarra), José (bateria) e Nara Gil (backing vocals), pelo neto João Gil (baixo e guitarra), pela nora Mariá Pinkusfeld (backing vocals) e por amigos como Mestrinho (acordeon), além de trazer teclados, percussões e naipes de sopros e cordas. Na data em que estivemos presentes, o show também contou com participações de Arnaldo Antunes, em “Extra ll (o rock da segurança)”, e Sandy, em “Estrela”.
O público cantou em uníssono boa parte dos clássicos do gigante fundador da Tropicália e ex-Ministro da Cultura. Durante as 2h30 de show, os fãs que lotavam — os ingressos estavam esgotados — o estádio de futebol pareciam formar uma única voz em louvação.
Suspenso compondo a cenografia, um monumento em espiral (representando o tempo e a vida, os protagonistas do espetáculo), formado com telas de led, acompanhava as projeções do grande telão atrás da banda e nas laterais do palco. As imagens ajudam a construir a narrativa de Tempo Rei, com fotos de Gil, depoimentos em vídeo, obras de arte, cores e textos.
Revendo sua carreira em arco, Gil apresenta ao público um “manifesto final” de sua obra. Separamos os cinco momentos que mais nos marcaram durante a apresentação. Confira.
1. Boas-vindas
Logo que Gil aparece, fogos de artifício explodem. É quando soam os primeiros acordes de “Palco”, canção seguida por “Banda um” e “Tempo Rei”, em uma tríade autoexplicativa, no qual o artista, através de suas composições, fala a respeito do próprio espetáculo e de seu ofício. Uma vinheta de “Aqui e agora” situa o público, puxando a atenção para o presente. Então, Gil inicia uma homenagem a seus mestres, interpretando suas canções: Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi e João Gilberto.
2. Da Tropicália ao exílio
Enquanto soa “Domingo no Parque”, o telão transmite padrões de cores que relembram a icônica capa do disco homônimo de Gil de 1968, feita por Rogério Duarte. Palavras da canção são destacadas nas projeções e em dado momento uma mancha de sangue toma conta da tela. Então, em vídeo, Chico Buarque conta a história da censura à canção “Cálice” durante a ditadura militar brasileira. Surgem imagens de perseguidos políticos, até que as fotos de Gil e Caetano durante a prisão aparecem em tela e, logo após, “Back in Bahia” começa a soar (com uma introdução de “Batmacumba”).
3. A negritude e o reggae
Ao falar da “trilogia Re”, o artista interpreta “Refazenda” e então lembra de sua viagem para a Nigéria nos anos 1970, que o fez conectar-se com sua ancestralidade negra e resultou na composição de “Refavela”. Logo após, inicia-se uma sessão de reggae sobre o palco, rememorando o papel de Gil como um dos introdutores do gênero no Brasil. Músicas como “Não chore mais (No Woman, no Cry)” — homenagem para Bob Marley —, “Extra” e “Vamos Fugir” embalam a plateia, enquanto as cores da bandeira da Etiópia aparecem na bandeira do Brasil.
4. Realce
Um dos momentos de maior empolgação do show. Todos os telões são tomados por purpurina e canhões de luzes começam a piscar, refletindo em globos espelhados distribuídos ao redor de todo o estádio. O público pareceu entrar em transe e toda a multidão cantava junto a Gilberto Gil. Em seguida, alguns dos rocks compostos pelo artista durante a carreira — como “Punk da Periferia” — são relembrados.
5. Violão de nylon
Na parte mais “joão-gilbertiana” da apresentação, Gil senta-se com o violão de nylon para interpretar canções mais introspectivas, como “Se eu quiser falar com Deus”, “Drão” e “Esotérico”. Em um dos momentos mais tocantes da noite, Gil ficou claramente emocionado ao começar a cantar. O show termina com o artista novamente de pé, aos 82 anos, com guitarra em punhos, apontando para o futuro: “Expresso 2222” e “Andar com Fé”. “Aquele Abraço” encerra a apresentação, que conta com um bis cheio de energia com “Esperando na janela” e “Toda Menina Baiana”.
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