Geraldo Samor e o jornalismo que vale a pena

Num tempo em que manchete virou grito e opinião virou algoritmo, Geraldo Samor fez o improvável: apostou no texto. E ganhou.

Fundador do Brazil Journal, Samor transformou o jornalismo econômico brasileiro na última década. Com apuração afiada, linguagem de cronista e um radar infalível para o que importa — e só para o que importa — ele fez do BJ uma leitura obrigatória para banqueiros, empresários, gestores e jornalistas. E para quem simplesmente gosta de ler bem.

Não há firula, nem palavra sobrando. Suas frases têm a secura elegante de um editorial do Financial Times e o ritmo de uma crônica de Carlos Heitor Cony. Quando parece que ele vai se alongar, ele termina. Quando você acha que vai faltar contexto, vem um parágrafo que vale um MBA.

Samor não apenas criou um veículo. Criou um padrão.

Junto com um time de jornalistas tarimbados – alguns criados dentro do próprio Brazil Journal – ele mostrou que é possível fazer jornalismo de negócios com inteligência e personalidade, sem ceder à gritaria ou à linguagem empolada que historicamente afastou leitores do noticiário econômico. Deu alma às fusões e aquisições, humor às reuniões do Fed (banco central americano) e contexto histórico às decisões do Conselho da Petrobras.

E com a mesma precisão, escreve também sobre política — sem medo de desagradar. Seus editoriais têm coragem, lucidez e, acima de tudo, independência. Concorde-se com ele ou não, é sempre uma leitura indispensável.

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Hoje, Samor está na cabeça — e no e-mail — das pessoas mais influentes do país. De executivos de multinacionais a ministros de Estado, tem muita gente que começa o dia com um café numa mão e um texto do Brazil Journal na outra.

Mas, para mim, ele é mais que um repórter/editor brilhante. É uma inspiração — como jornalista e como pessoa.

Tenho sorte de poder chamá-lo de amigo. Sorte dos papos no meio da tarde, quando ele sempre arruma um tempo para ajudar quem precisa, mesmo com a sua rotina alucinada.

E talvez o segredo esteja aí: no jeito como ele escreve — direto, generoso e pessoal. Em um mundo acelerado, ele escreve como se falasse com um só leitor. Alguém a quem ele ama e não mede esforços para informar.

Num mercado cada vez mais pautado por cliques e impulsos, Samor continua acreditando no texto.

Obrigado, Samor.

PS: Esse texto faz parte de uma série em homenagem aos grandes nomes do mercado financeiro brasileiro, que vou publicar nas próximas semanas no InfoMoney.

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