Fim do aperto da Selic impulsiona ações sensíveis aos juros, e petroleiras amargam as piores performances da B3; confira o ranking de abril
Os melhores desempenhos são puxados principalmente pela perspectiva de fechamento da curva de juros, e azaradas do mês caem por conta da guerra comercial entre EUA e China The post Fim do aperto da Selic impulsiona ações sensíveis aos juros, e petroleiras amargam as piores performances da B3; confira o ranking de abril appeared first on Seu Dinheiro.

O mês de abril já fechou com as ações negociadas na B3 com claros vencedores e perdedores.
O Pão de Açúcar (PCAR3) acumulou 35,9% de alta, numa liderança apertada em relação ao segundo colocado, a LWSA (LSWA3), ex-Locaweb, com alta de 35,58%.
Os melhores desempenhos são puxados principalmente pela perspectiva de fechamento da curva de juros, diante da virada nas expectativas para a Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).
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Em abril, o mercado passou a esperar altas menores para a taxa básica de juros e até mesmo um início de queda já no fim do ano.
Já entre as azaradas do mês, a aérea Azul (AZUL4) lidera as piores performances, com queda de 55,32%, uma diferença dantesca da “medalha de alumínio”, Brava (BRAV3), com recuo de 24,89%.
A companhia aérea caiu devido à reação do mercado aos esforços da empresa para lidar com seus desafios financeiros em um setor hipercompetitivo como a aviação.
No caso da Brava, a baixa é atribuída à perspectiva de desaceleração econômica global, derrubando o preço do barril Brent. Isso impactou diretamente o desempenho das petroleiras na B3 neste último mês.
As ações com melhores desempenhos na B3
1º lugar – Pão de Açúcar (PCAR3)
O grupo Pão de Açúcar saiu como a empresa com maior alta, com 35,9% em abril. Diferente das demais, a medalha de ouro teve sua disparada motivada pelas expectativas por mudanças no conselho de administração da varejista.
No fim de março, o Saint Germain, fundo de investimento controlado pelo empresário Nelson Tanure, solicitou a convocação de assembleia geral extraordinária visando a promover trocas no alto escalão.
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A eleição ocorrerá em assembleia geral extraordinária convocada para a próxima semana, no dia 5 de maio.
O BTG Pactual tem recomendação neutra para as ações PCAR3 e estima o preço-alvo em R$ 4.
2º lugar – LWSA (LWSA3)
A medalha de prata vai para a LWSA (LWSA3), a primeira do ranking a ter seu desempenho puxado pelo fechamento da curva de juros, segundo Max Bohm, diretor de estratégia da Nomos Investimentos.
“Empresas como a LWSA, que são sensíveis aos juros, tendem a ter uma boa performance quando há essa inclinação dos investidores para empresas domésticas”, afirma.
Em 2024, a LWSA3 reportou um prejuízo líquido de R$ 17,5 milhões no quarto trimestre, 61,2% menor do que o registrado no mesmo período do ano anterior.
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O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) totalizou R$ 63,6 milhões no período, uma alta de 2,1% na base anual.
O BTG não considera a projeção para o primeiro trimestre deste ano inspiradora e considera o possível crescimento de 10% na receita líquida já precificado.
Portanto, não alterou o preço-alvo de R$ 7, com potencial de valorização de mais de 150%. O banco mantém a recomendação de compra.
3º lugar – Azzas (AZZA3)
Fechando o pódio de abril, a Azzas 2154 (AZZA3) encerrou abril com valorização acumulada de 28,9%. A empresa foi criada a partir da fusão entre a Arezzo e o Grupo Soma.
A Azzas 2154 registrou lucro líquido recorrente de R$ 168,9 milhões entre setembro e dezembro, 35,8% menor do que o reportado no mesmo período de 2023.
Em março, a empresa sofreu forte queda na bolsa em razão de rumores sobre o possível “divórcio” de seus principais executivos, além ded uma eventual cisão.
No mês de abril, os papéis AZZA3 viram uma recuperação deste movimento.
Na visão do Citi, a separação dos negócios é “improvável” e, se acontecer, será “destrutiva” para o valor da companhia, pelo menos num primeiro momento. Apesar disso, o Citi mantém a recomendação de compra das ações AZZA3, com preço-alvo de R$ 42.
4º lugar – Localiza (RENT3)
A Localiza (RENT3) pode não ter entrado no pódio, mas ainda está entre as maiores altas de abril. A locadora de carros encerrou o mês com 27,9% de alta após voltar ao radar dos investidores.
Segundo o Itaú BBA, a RENT3 é beneficiada por uma combinação de fatores: alta de 25% das ações em março; valorização do real ante o dólar — com as incertezas em torno das tarifas de importação nos Estados Unidos — e investidores procurando nomes beta (métrica de volatilidade de uma ação) para os portfólios.
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Os analistas do banco também destacam que a visão positiva é sustentada pelos resultados do quarto trimestre, que agradaram os analistas. O Itaú BBA tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 50.
5º lugar – Yduqs (YDUQ3)
O quinto lugar consolida a forte recuperação do setor de educação, que vem passando por processos de reestruturação desde a pandemia, como um sucesso.
A Yduqs (YDUQ3) fecha o top 5 deste mês registrando uma ascensão de 27,5%, resultado também dos juros futuros mais baixos e da melhora nos resultados operacionais.
Analistas do Bank of America (BofA) apontaram a YDUQ3 como a preferida do banco entre as empresas do setor listadas na B3, em especial por possuir mais espaço para a reavaliação, aponta o banco.
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O lucro por ação consensual para 2025, de R$ 1,55, está abaixo da faixa de guidance, de R$ 1,70, segundo o BofA.
“Em nossa visão, o consenso ainda não reflete a recente gestão de passivos [da Yduqs], que reduziu o spread do custo da dívida para 1,2% ante 1,7% no quarto trimestre de 2023, o que ajuda a compensar parcialmente o ambiente de juros altos”, afirmam os analistas do BofA.
Com isso, o banco manteve sua indicação de compra para os papéis e elevou o preço-alvo de R$ 15 para R$ 18.
O importante é competir: as ações com os piores desempenhos na B3
1º lugar – Azul (AZUL4)
Agora, liderando o ranking que nenhuma empresa gostaria de estar, a Azul (AZUL4) sai na frente das maiores baixas. Só em abril, a empresa acumulou queda de 55,3% no valor das ações.
O mercado vem reagindo mal ao anúncio de um aumento de capital de R$ 1,6 bilhão, considerado insuficiente para enfrentar os desafios financeiros da companhia.
Desde outubro de 2023, a Azul vem tentando estabelecer acordos e negociações com credores para resolver parte de sua dívida bilionária, que chegou ao fim de 2024 totalizando R$ 29,6 bilhões. Ainda assim, a empresa conseguiu chegar até aqui evitando uma recuperação judicial.
Outro fator que empurra a empresa endividada para a lanterna do ranking é sua atuação em um setor muito difícil de operar no longo prazo e que não gerou valor significativo para o seu acionista, seja via dividendos, seja via crescimento ou recompra.
O BTG Pactual tem recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 17.
2º lugar - Brava (BRAV3)
Se no ranking das melhores ações as empresas eram de vários segmentos, o das piores, após a Azul, será monotemático. As empresas ligadas ao petróleo ocupam do segundo ao quarto lugar nas piores performances da Bolsa.
O desempenho ruim do setor de petróleo é atribuído à perspectiva de desaceleração econômica global, que derrubou a expectativa de demanda pelo petróleo e, consequentemente, o preço do barril Brent. Isso impactou diretamente a expectativa de geração de caixa dessas empresas.
O motivo da perspectiva de desaceleração é o tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump às importações, particularmente a guerra comercial travada com a China.
Com isso, a Brava Energia acumulou queda de 24,8% em abril. De acordo com relatório do Goldman Sachs, o cenário macroeconômico não favorece as ações da empresa.
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Entre os principais pontos levantados sobre a companhia está a sensibilidade ao preço do petróleo, já que a Brava é particularmente vulnerável a flutuações. Isso significa que, se os preços do petróleo caírem, a empresa provavelmente será mais afetada do que seus pares.
O banco também considerou o perfil de fluxo de caixa livre da Brava menos atraente em comparação com outras empresas do setor, tanto para 2025 quanto para 2026.
O Goldman Sachs rebaixou as ações da empresa para venda, e o preço-alvo foi reduzido de R$ 23 para R$ 20,60.
3º lugar - PetroReconcavo (RECV3)
Seguindo a onda das petroleiras, a PetroReconcavo (RECV3) ocupa o terceiro lugar com uma queda de 22,20% nas suas ações em abril.
Segundo o time de análise da Rico, a RECV3 deve adotar uma postura mais conservadora com dividendos, embora seus rendimentos permaneçam positivos em 2025.
Apesar do desempenho e das expectativas, o BTG Pactual mantém a recomendação de compra da PetroReconcavo, com preço-alvo de R$ 25.
4º lugar - Petrobras (PETR3 e PETR4)
Nem mesmo a estatal queridinha de muitos escapou do tombo das petroleiras em abril. A queda do petróleo cobrou o seu preço, assim como o relatório operacional divulgado na última terça-feira (29), indicando pouca variação na produção da Petrobras (PETR4).
As vendas de petróleo para os EUA recuaram no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, passando de 7% do total embarcado para 4%. No quarto trimestre de 2024, os norte-americanos receberam 9% do total exportado pela estatal.
As vendas para a China representaram 36% do total, contra 46% no primeiro trimestre de 2024 e 30% no quarto trimestre de 2024. A Europa ficou com 27% das exportações da Petrobras no período, ante 31% no mesmo período do ano anterior.
Não há consenso em torno das recomendações das ações da Petrobras neste momento.
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O Citi, por exemplo, tem indicação neutra, com preço-alvo para os ADRs (os papéis negociados em Nova York) de US$ 14. Já o Safra tem recomendação "outperform" (equivalente a compra) para as ações preferenciais da estatal, com preço-alvo de R$ 48.
Na mesma linha, o Itaú BBA tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 43 para os papéis negociados na B3.
5º lugar - Prio (PRIO3)
Por fim, a Prio (PRIO3) ficou em último lugar no ranking das piores performances na B3 em abril, com uma derrapada de 14,87% nas ações.
Apesar de figurar no lado negativo da lista, a petroleira vem apresentando um bom desempenho neste ano e ocupa essa posição devido basicamente à queda do petróleo no mercado internacional.
As projeções de resultados esperados para o primeiro trimestre de 2025 indicam uma receita líquida de US$ 695 milhões, um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de US$ 473 milhões e um lucro líquido recorrente de US$ 239 milhões.
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O banco BTG Pactual também divulgou relatório hoje, afirmando que tem a Prio como nome favorito entre as ‘junior oils’.
“Prio é nosso nome preferido, beneficiada por forte geração de fluxo de caixa para o acionista, maior eficiência de custos e melhor execução comercial”, escreveram os analistas do banco.
Este seria um bom ponto de entrada, de acordo com os analistas, para os investidores focados no médio prazo: “O valuation atual das juniors oferece pontos de entrada atrativos para investidores focados no médio prazo.”
Com isso, a Prio tem recomendação de compra pelo BTG, com preço-alvo de R$ 68.
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