Festival de Cannes 2025 destaca o Brasil em suas principais seções

Evento que começa nesta terça traz filmes brasileiros na disputa da Palma de Ouro, Semana da Crítica, Quinzena dos Realizadores e em homenagens no Cannes Classics

Mai 13, 2025 - 15:58
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Festival de Cannes 2025 destaca o Brasil em suas principais seções

Brasil movimenta mercado e competições em Cannes

O Festival de Cannes 2025 começa nesta terça (13/5) com o Brasil em destaque em todas as suas principais seções. O país não apenas disputa a Palma de Ouro com “O Agente Secreto”, de Karim Aïnouz, como também integra a Semana da Crítica com “Samba Infinito”, participa da Quinzena dos Realizadores com curtas do projeto Factory e é homenageado no Cannes Classics com o documentário “Para Vigo Me Voy!” e a exibição de “Bye Bye Brasil”.

Além da presença artística, o Brasil é o país de honra do Marché du Film, o maior mercado de filmes do mundo, que acontece em paralelo ao festival. A delegação brasileira, com quase 500 profissionais, movimenta reuniões, painéis e missões oficiais em busca de coproduções e parcerias internacionais.

Essa presença histórica acontece no embalo da repercussão internacional de “Ainda Estou Aqui”, indicado ao Oscar 2025. O reconhecimento recente abriu caminho para o país buscar uma posição contínua no circuito global, indo além de participações pontuais em grandes festivais. A expectativa do setor é transformar a visibilidade atual em resultados concretos para o audiovisual brasileiro, fortalecendo parcerias, mercados e a presença internacional de forma duradoura.

Filmes brasileiros ocupam todas as principais seleções

Na competição principal, “O Agente Secreto” marca o retorno de Kleber Mendonça Filho à disputa pela Palma de Ouro, depois de “Aquarius” (2016) e “Bacurau” (2019), vencedor do Prêmio do Júri. O filme também traz Wagner Moura de volta a Cannes, 20 anos após “Cidade Baixa”, de Sergio Machado, ter sido exibido na mostra Um Certo Olhar.

Quinzena abre com curtas brasileiros

A Quinzena dos Realizadores será aberta por quatro curtas-metragens brasileiros do projeto Directors’ Factory Ceará Brasil, produzidos em Fortaleza e apadrinhados por Karim Aïnouz. As produções envolvem cineastas brasileiros e internacionais em parcerias criativas que destacam o talento da nova geração do audiovisual brasileiro.

Os filmes selecionados são “A Fera do Mangue”, dirigido por Wara (Ceará) e Sivan Noam Shimon (Israel), “A Vaqueira, a Dançarina e o Porco”, de Stella Carneiro (Alagoas) e Ary Zara (Portugal), “Ponto Cego”, de Luciana Vieira (Ceará) e Marcel Beltrán (Cuba), e “Como Ler o Vento”, de Bernardo Ale Abinader (Amazonas) e Sharon Hakim (França). Todas as produções foram realizadas com equipes locais em Fortaleza, envolvendo mais de 100 profissionais do audiovisual cearense.

Semana da Crítica e Cannes Classics

Na Semana da Crítica, o curta “Samba Infinito”, estrelado por Camila Pitanga e Gilberto Gil, retrata o luto e o Carnaval carioca pelas ruas do Rio de Janeiro.

O Cannes Classics homenageia o diretor Cacá Diegues com o documentário “Para Vigo Me Voy!”, dirigido por Lírio Ferreira e Karen Harley, e com a exibição da cópia restaurada de “Bye Bye Brasil”, clássico de Diegues lançado em 1980 com José Wilker, Betty Faria e Fábio Jr.

A seleção internacional

Além da seleção brasileira, a competição principal reúne um time impressionante de veteranos e novidades do circuito cinéfilo.

A cerimônia de abertura destaca a estreia da cineasta francesa Amélie Bonnin, que apresenta seu primeiro longa, “Partir un Jour”. O filme acompanha Cécile, uma jovem que sonha em abrir seu próprio restaurante, mas precisa rever seus planos ao voltar para sua cidade natal após o infarto do pai. É a primeira vez que um filme de diretor estreante abre o tradicional festival francês, criando grande expectativa para a obra.

Além de Bonnin, sete mulheres disputam a Palma de Ouro este ano. Entre elas, Julia Ducournau retorna com “Alpha”, após vencer Cannes com “Titane”. A lista inclui ainda a espanhola Carla Simón , a escocesa Lynne Ramsay e a japonesa Chie Hayakawa.

Entre os veteranos, os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne e o americano Wes Anderson voltam à Croisette. Fora da competição, Tom Cruise apresenta “Missão: Impossível – O Acerto Final”, e Spike Lee exibe “Highest 2 Lowest”, estrelado por Denzel Washington.

Equilíbrio entre autoral e comercial

Com mais de três mil filmes analisados pela curadoria de Thierry Frémaux, o Festival de Cannes 2025 busca equilibrar o cinema autoral nas mostras oficiais com as grandes produções comerciais fora de competição, mantendo sua relevância no cenário internacional.

Vale apontar que o festival também segue como uma plataforma estratégica para lançamentos que visam a temporada do Oscar, como aconteceu em 2019 com “Parasita” e em 2024 com a vitória de “Anora”, além de “Anatomia de uma Queda” em 2023, que não levou o Oscar principal mas venceu o de Melhor Roteiro.