“Faz-lhe uma sandes”: Novo movimento antifeminista está a influenciar jovens a serem magras, férteis e republicanas

Um novo movimento digital anti-feminista está a ganhar força nos Estados Unidos, liderado por criadoras de conteúdo conservadoras como Brett Cooper e Candace Owens.

Abr 27, 2025 - 19:55
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“Faz-lhe uma sandes”: Novo movimento antifeminista está a influenciar jovens a serem magras, férteis e republicanas

Um novo movimento digital anti-feminista está a ganhar força nos Estados Unidos, liderado por criadoras de conteúdo conservadoras como Brett Cooper e Candace Owens, e apoiado por plataformas como a revista Evie. Esta tendência, que alguns já chamam de “mulherosfera”, reflete um outro movimento, a “manosfera” – um ecossistema de influenciadores conservadores (e misóginos) como Andrew Tate  – mas agora com foco nas mulheres da Geração Z.

Personalidades como Brett Cooper estão a cativar audiências femininas com conteúdos que rejeitam o feminismo contemporâneo e promovem uma visão essencialista de género: homens como provedores e mulheres como cuidadoras. Os seus vídeos virais no YouTube – com títulos provocadores como a “Falha épica da Branca de Neve” ou “Faz-lhe uma sandes” – atraíram quase um milhão de novos subscritores no primeiro trimestre de 2025, com uma audiência no Spotify composta em 60% por mulheres.

No centro da “mulherosfera” está a promoção de um ideal de mulher que é magra, fértil, tradicionalmente feminina e alinhada com valores conservadores — de preferência, republicana. Estas influenciadoras exaltam um modelo que rejeita a autonomia profissional e sexual a favor de um regresso ao lar, onde a maternidade e a submissão ao papel masculino são apresentadas como caminhos para a verdadeira realização.

Em vez de reivindicar políticas públicas como licenças de parentalidade pagas ou creches acessíveis, as figuras da “mulherosfera” oferecem um regresso idealizado aos papéis tradicionais de género. A proposta? Trocar o escritório por uma vida dedicada ao lar, à maternidade e à “feminilidade verdadeira”.

Este movimento inclui uma variedade de criadoras – desde as “tradwives” do Instagram às influenciadoras cristãs conservadoras – que, embora com estilos diferentes, convergem na oposição ao feminismo, ao liberalismo cultural e à “ideologia woke”.

Especialistas políticos alertam para o impacto crescente deste ecossistema nos resultados eleitorais. Depois de a “manosfera” ter ajudado Donald Trump a recuperar o apoio masculino jovem em 2024, muitos acreditam que a estratégia conservadora se está agora a replicar no eleitorado feminino. A influência poderá ser decisiva nas eleições de 2028.

Se antes as jovens eram vistas como bastiões progressistas, os dados mostram um enfraquecimento nessa vantagem: Kamala Harris viu a margem de apoio entre jovens mulheres diminuir em relação a 2020.