Demorou mais de 25 anos, mas finalmente os lobos da SNK estão de volta aos consoles com um jogo próprio em
Fatal Fury: City of the Wolves. A continuação direta de Garou: Mark of the Wolves leva as brigas de volta às ruas de South Town, misturando novidades e lampejos clássicos da série. Mas o que podemos esperar do retorno de Terry Bogard e companhia depois de duas décadas?
Inovando um sistema conhecido
Os fãs já puderam ter um gosto da jogabilidade de CotW durante o primeiro beta aberto e com algumas demos que foram disponibilizadas em eventos fechados, como a BGS 2024. O sistema Tactical Offense Position, agora batizado de S.P.G., está de volta. Ele possibilita a marcação de um terço da nossa barra de vida, seja no começo, no meio ou no final, para habilitar o uso de ataques mais fortes e com propriedade modificada, além do Hidden Gear, que é o especial mais forte de cada lutador.
Mirando na inclusão de um público mais novo e menos familiarizado com o gênero da pancadaria virtual, também temos dois estilos de jogo: o Estilo Arcade (Arcade Style) e o Estilo Prático (Smart Style). O primeiro é o habitual, com dois botões de chute e dois de soco. Quem já tem alguma prática com qualquer título da SNK vai se encontrar na lista de comandos sem maiores dificuldades.
O segundo faz jus ao nome de Estilo Prático. Ele modifica o mapeamento dos botões, de modo que a configuração deles facilite a aplicação de especiais e combos. É algo bastante similar ao que foi visto com o Estilo Dinâmico de Street Fighter 6; ou seja, é ideal para quem achar muito complexo ter que lidar com sequências longas de direcionais.
Outra novidade adicionada às mecânicas de combate é o Sistema REV, que influencia diretamente no comportamento dos lutadores. Os Golpes REV combinam ataque e defesa em um movimento único que neutraliza os ataques inimigos ao mesmo tempo. Esse recurso também pode ser usado no ar e para conectar combos.
A Defesa REV é um tipo especial de bloqueio realizado ao manter pressionado o botão de Defesa REV. Este mecanismo defensivo coloca mais espaço entre você e o adversário, comparado com um bloqueio normal bem-sucedido, e também anula o dano residual de golpes especiais do inimigo.
Usar essa mecânica em excesso traz um prejuízo ao jogador, que é o Superaquecimento. Temos um medidor na parte inferior da tela que marca 0% e ele vai sendo preenchido à medida que usamos os recursos REV. Caso o nosso lutador atinja 100%, ele ficará mais lento e vulnerável a quebras de defesa. Essa foi uma maneira interessante de impedir que jogadores com estratégias mais agressivas sejam beneficiados a todo momento.
De olho nos erros do vizinho
Em fevereiro, foi conduzido um beta aberto para que os jogadores pudessem testar algumas funcionalidades, principalmente em rede. Mesmo com sua mecânica agradando a quem teve tempo de curtir o período de testes, a questão do matchmaking levantou alguns alertas.
Ainda em The King of Fighters XV, no qual os desenvolvedores adotaram o uso do rollback netcode, houve diversos problemas na hora de encontrar um oponente ao redor do globo. O problema voltou a ocorrer neste primeiro beta, com jogadores reportando uma demora de mais de 15 minutos para começar uma luta, seja ela ranqueada ou em uma sala.
Outro ponto incômodo foi o pequeno tempo de loading entre um round e outro. Em um jogo como KoF, isso é compreensível, pois há troca de personagens, mas em Fatal Fury não tem essa mecânica, então não há nada que justifique essa demora.
Por mais que os jogos da SNK tenham um histórico de oferecer uma experiência rica para quem gosta de single player, os títulos de luta têm aprimorado cada vez mais seu desempenho online para que pessoas de diferentes lugares possam ter partidas estáveis e até visando a organização de torneios.
Quem é o chefe?
Por mais que muita gente diga não se importar com histórias de jogos de luta, a SNK sempre fez questão de amarrar suas franquias sob alguma trama, ainda mais quando se trata de Fatal Fury, Art of Fighting e, consequentemente, The King of Fighters. Retornar a Fatal Fury, abandonando toda a parte mística e sobrenatural que os times de KoF carregavam com a sua trama, pode deixar o núcleo narrativo menor, mas isso não quer dizer que o espaço para especulações dos fãs sumiu.
Logo de cara, percebemos que Kain R. Heinlein, chefe de Garou: MotW agora é um personagem selecionável e incluído no elenco base. Outro nome bastante curioso é o de Mr. Big, pois, por mais que ele esteja no Season Pass, ele é o principal vilão de Art of Fighting, o que o tira da lista de possíveis antagonistas. Geese está canonicamente morto há mais de uma década (o que tecnicamente não significa nada, já que ele retornou em DLCs anteriormente) e Wolfgang Krauser está sumido há muito tempo.
Sendo assim, ainda não foi revelado quem está por trás da nova edição do torneio King of Fighters — não confundir com a franquia, que é outra história. Levando em consideração o que a SNK tem feito com os chefes dos seus últimos jogos de luta, como Shizuka Gozen (Samurai Shodown), Verse (KoF XIV) e Otoma=Raga (KoF XV), podemos esperar um vilão que não seja selecionável e até traga uma nova ótica para as relações entre os lutadores.
Vale lembrar que, diferentemente de Garou, que só tinha Terry Bogard de veterano, agora a maioria da galera já se conhece e tem motivos de sobra para se pegar no tapa. Além deles, Mai Shiranui e Billy Kane vêm para engrossar o coro da velha guarda, junto com Andy Bogard e Joe Higashi — estes dois por DLC. Os únicos integrantes do jogo anterior que não tiveram seu retorno anunciado até então foram Freeman e Kim Jae Hoon.
No time dos novatos, temos Preecha e Vox Reaper. A primeira é uma jovem cientista e discípula de Joe Higashi, que tem como principal objetivo estudar os mistérios da energia espiritual, conhecida como Ki. Logo, um torneio envolvendo os melhores lutadores da cidade é o lugar ideal para observar os diferentes tipos de manifestação dessa energia.
Já Reaper é um assassino contratado para liquidar Kain, mas as coisas não saem como esperado após um combate contra Grant, guarda-costas do antigo vilão. Agora, ele ruma para South Town para completar sua missão no torneio e se vingar de Grant.
Se alguns nomes famosos da franquia estão ausentes ainda, outras personalidades de “fora da bolha” foram adicionadas, causando uma certa estranheza e curiosidade total da comunidade. O jogador de futebol português Cristiano Ronaldo e o DJ bósnio Salvatore Ganacci foram adicionados ao elenco base de City of the Wolves.
Independente dos motivos usados para justificar essas inclusões, fica um tanto quanto indigesto ver preferidos do público, como Duck King, Hon-Fu, Raiden e Yamazaki (só para citar mais alguns que não mencionei ainda), dando lugar a dois famosos sem conexão alguma com a franquia — por mais que o material promocional divulgado tente criar esse laço.
Além dos já citados Mr. Big, Joe Higashi e Andy Bogard, o primeiro Passe de Temporada terá dois convidados inusitados e muito especiais: Ken Masters e Chun-Li, com seus visuais de Street Fighter 6, totalizando 22 personagens confirmados.
Sou fã e quero service
Ter um retorno tão aguardado como o de Fatal Fury implica em um grande público que aguardava ansiosamente por esse anúncio, mas ele vem com mais alguns desejos nas entrelinhas. Após o lançamento de KoF XV, com seu excelente DJ Station, com certeza os fãs já ficarão no aguardo de algo no mesmo nível para City of the Wolves — e acervo musical a franquia tem de sobra.
O visual terá modelos tridimensionais em um ambiente bidimensional, o chamado 2.5D. As fases terão elementos animados para trazer a empolgação de uma briga em um local aberto e os golpes e especiais terão efeitos coloridos e fortes, seguindo a característica atual dos jogos da SNK.
Outra coisa que claramente já está implícita são os desbloqueios de trajes clássicos para os veteranos. Terry Bogard terá sua roupa clássica como bônus de pré-venda, mas a grande maioria do elenco estará de vestimentas novas, então é bem provável que haja alguma maneira de desbloquear os uniformes clássicos dentro do jogo, o que seria uma ótima ideia para trazer um fator replay a mais. E, claro, podemos esperar pela já famosa galeria, que nos dá acesso aos finais de cada lutador e ilustrações especiais.
Agora é esperar pelo dia 24 de abril para que Fatal Fury: City of the Wolves chegue ao PS4, ao PS5, aos Xbox Series X/S e ao PC para que nossas dúvidas sejam respondidas e curiosidades sanadas. Mas, de primeira, uma coisa é certa: nós mal podíamos esperar pelo retorno de Terry Bogard e Rock Howard para as ruas de South Town.
Fatal Fury: City of the Wolves
Plataformas: PC/PS4/PS5/Xbox Series X|S
Desenvolvedor: SNK
Gênero: Luta
Lançamento: 24 de abril de 2025
Revisão: Ives Boitano