Uma batalha judicial está a agitar os bastidores da Hermès, uma das mais prestigiadas marcas de luxo do mundo. Nicolas Puech, herdeiro da quinta geração da família fundadora da casa francesa, foi acusado nos EUA de ter falhado a transferência de ações da Hermès avaliadas em cerca de 14 mil milhões de euros, ao abrigo de um acordo privado com a Honor America Capital LLC.
A empresa norte-americana exige uma indemnização superior a 1,3 mil milhões de dólares, alegando que o negócio teria sido apoiado pelo emir do Qatar, Xeque Tamim bin Hamad Al Thani. Os documentos judiciais apontam para acordos assinados e para a intervenção de vários intermediários, incluindo o advogado François Besse. No entanto, o negócio terá sido anulado em março, quando surgiram obstáculos à recuperação das ações junto do banco suíço Lombard Odier.
Puech nega qualquer envolvimento, alegando, através dos seus advogados, que teve conhecimento do acordo apenas pelos media. A Hermès, por sua vez, recusou-se a comentar.
A polémica surge num momento em que os investimentos do Golfo no setor do luxo europeu estão em ascensão, com o Qatar a controlar ativos como o Harrods, Valentino e Balmain, através da Mayhoola.
Esta não é a primeira controvérsia em torno das ações de Puech. Em 2023, o herdeiro processou o seu ex-gestor de fortunas na Suíça, num caso que terminou com a confirmação de que Puech era o proprietário legal das ações, apesar de ter delegado a sua gestão. A decisão, contudo, não lhe devolveu o controlo total dos ativos, segundo o próprio.