Família Hermès arrecada dividendo recorde de mais de 5 mil milhões de dólares. Marca de luxo desafia queda do setor
Com mais de dois terços das ações da empresa, cerca de 100 herdeiros da fortuna Hermès têm visto um aumento significativo nos pagamentos, atingindo este ano o valor mais elevado de sempre. A marca registou um crescimento sólido nas receitas do quarto trimestre, contrastando com as quedas das suas rivais LVMH e Kering, dona da Gucci.


A família francesa que controla a Hermès irá arrecadar mais de 5 mil milhões de dólares, 4770 milhões de euros, em dividendos, impulsionada por quatro anos consecutivos de resultados recorde. Enquanto o setor do luxo enfrenta desafios, a icónica marca continua a prosperar, beneficiando da forte procura pelas suas exclusivas malas de couro e lenços de seda.
Com mais de dois terços das ações da empresa, cerca de 100 herdeiros da fortuna Hermès têm visto um aumento significativo nos pagamentos, atingindo este ano o valor mais elevado de sempre. A marca registou um crescimento sólido nas receitas do quarto trimestre, contrastando com as quedas das suas rivais LVMH e Kering, dona da Gucci.
A riqueza da família está atualmente estimada em 213,8 mil milhões de dólares, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg, refletindo a valorização das ações da empresa, que mais do que triplicaram desde o início de 2021. A Hermès chegou a atingir brevemente uma capitalização de mercado de 300 mil milhões de euros após a divulgação dos resultados de 2024.
Apesar de ser considerada “uma liga à parte” no setor do luxo e de representar a família mais rica da Europa, Bernard Arnault, fundador da LVMH, mantém-se como o homem mais rico de França, com uma fortuna de 196,2 mil milhões de dólares, de acordo com a Bloomberg.
Os descendentes de Thierry Hermès, que fundou a empresa em 1837, consolidam agora a sua posição após quase terem perdido o controlo da marca para Arnault, há mais de uma década. Paralelamente, têm vindo a diversificar os seus investimentos através da Krefeld Invest, afastando parte do seu património do setor do luxo.
A Hermès propôs o pagamento de um dividendo recorde de 26 euros por ação, incluindo um extra de 10 euros em dinheiro. A medida, que ainda aguarda aprovação na assembleia-geral de acionistas a 30 de abril, representa um aumento face ao ano anterior e é o dobro do valor pago em 2022.
Além dos dividendos, a empresa irá distribuir um bónus de 4.500 euros a todos os seus trabalhadores, refletindo os sucessivos anos de crescimento. Apesar da distribuição de 2,6 mil milhões de euros aos acionistas no ano passado, a Hermès mantém uma posição líquida de tesouraria robusta, com 12 mil milhões de euros no final de dezembro.
Questionado sobre a possibilidade de adquirir outra marca, o CEO Axel Dumas respondeu: “Nunca posso dizer nunca, mas não é a nossa prioridade”. O executivo, descendente de sexta geração da família, acrescentou: “Sabemos como fazer a Hermès, mas não tenho a certeza se saberíamos como fazer outra coisa”.
Entretanto, permanece incerto o destino dos dividendos relativos a cerca de 6 milhões de ações, avaliadas em cerca de 17 mil milhões de euros, ligadas a Nicolas Puech, parente de Dumas. Puech, que reside na Suíça, está envolvido num processo judicial sobre a gestão do seu património e alega que esta parte da sua fortuna desapareceu.