Família de motorista baleado por engano por PMs passa por dificuldades financeiras, pede ajuda à Justiça e tem indenização negada
Família diz que governo do RJ não ofereceu auxílio e que tratamento pelo SUS tem sido lento. Homem ainda está com os projéteis alojados no corpo. Ele foi atingido por 4 tiros. Família de motorista baleado por engano por PMs passa por dificuldades financeiras A família do motorista de aplicativo Bruno Patrocínio dos Santos, que levou quatro tiros em novembro do ano passado após ser confundido com bandidos por PMs, afirma que o governo do Rio de Janeiro não ofereceu nenhum auxílio - mesmo quase cinco meses depois. Imagens de câmeras de segurança mostram policiais militares do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas no posto de gasolina em Inhaúma, no início da tarde do dia 10 de novembro de 2024. Uma das viaturas para e um policial desce atirando. Outra câmera registrou um ângulo diferente. A outra viatura também tinha parado mais à frente e dois policiais saíram do carro e começaram a atirar. As imagens também mostram o carro que Bruno estava. Uma criança estava perto soltando pipa. O carro foi atingido várias vezes - ao menos 18 disparos foram feitos. Quatro tiros acertaram o motorista. A câmera corporal do policial mostra que ele estava ensanguentado enquanto os agentes ajudavam a socorrê-lo. Cinco meses depois, a família afirma que não recebeu nenhum amparo do governo. "Nem pedido de desculpas, nem nenhum tipo de ajuda. Nem 'você está bem?'. Nada. Nada", afirma a esposa. Bruno segue com os projéteis alojados no corpo e, como está muito abalado, não quis dar entrevista. "Ele só dorme quando toma os remédios que foram passados na emergência psiquiátrica. E quando ele dorme com esses remédios ele fica muito grogue, sem condições de verbalizar muita coisa. E, quando ele não toma os medicamentos, ele oscila de humor. Ele fica muito triste, muito deprimido, ou então com muita raiva", conta a mulher. O relatório da Corregedoria da Polícia Militar concluiu que há indícios, em tese, de crime doloso contra a vida e que não houve quaisquer circunstâncias que poderiam justificar eventual legítima defesa dos policiais. Os PMs são Fernando Gonçalves Pereira, Simon Santos do Nascimento e Max Moraes Braga Alves. Segundo a Polícia Militar, o inquérito está em análise para ser enviado à Justiça Militar. A Polícia Civil informou que concluiu o inquérito e encaminhou ao Ministério Público em dezembro com o indiciamento dos três por tentativa de homicídio. O MP disse que o inquérito policial está sendo analisado e que pediu o inquérito da PM à Auditoria da Justiça Militar. Por causa das sequelas físicas e psicológicas, Bruno não está trabalhando e o aluguel está em atraso. O carro que o homem dirigia para levar renda à família era alugado. A locadora pagou a franquia, mas o motorista precisa ressarcir o valor. Para completar, a conta dele no aplicativo de corridas foi bloqueada. A advogada dele entrou com um processo contra o Estado por danos morais e uma liminar pedindo suporte médico e financeiro - mas todas foram negadas pela Justiça. "Eu pedi uma tutela de urgência, médico particular pra ele. Porque ele não pode ficar no SUS, porque o atendimento é longo. A juíza negou. Então, eu pedi também um hospital da polícia, porque ali tem todo amparo pra ele, porque o hospital já tá preparado pra isso, né? E ela negou. Além disso, eu também pedi um auxílio temporário e também foi negado. Porque ele é o provedor da família", afirma a defesa. Em uma das decisões, a juíza Aline Massoni da Costa afirmou que Bruno está sendo atendido pelo SUS e que não há elementos que comprovem a incapacidade do motorista de trabalhar. A advogada recorreu e o caso está na segunda instância. Bruno está na fila do Sisreg para uma consulta com cirurgião e exames de imagem. A TV Globo procurou a Polícia Militar há dois dias para saber se os três policiais foram afastados do trabalho, mas até então não houve resposta. O policial Simon, por telefone, disse que segue trabalhando mas que só pode falar do assunto com a permissão da polícia. Max disse que não vai se manifestar porque não tem autorização e o policial Fernando não deu retorno. O governo do RJ disse que o processo de Bruno está em fase inicial e que aguarda a coleta de provas, mas não justificou a falta de auxílios à família. A Secretaria Municipal de Saúde explicou que o motorista recebeu cuidados e foi acompanhado por especialistas no Hospital Salgado Filho e que os médicos não indicaram a retirada das balas. Ainda segundo a secretaria, Bruno faz tratamento em uma clínica da família, que fez o pedido da consulta com um cirurgião-geral por causa das dores na barriga. A pasta finaliza dizendo que não é possível afirmar que as dores são causadas pelo alojamento das balas. A 99, por fim, disse que a conta do motorista foi bloqueada por causa do protocolo da empresa, para que fosse possível ter mais informações sobre seu estado de saúde e que já foi feito o desbloqueio. Relembre dinâmica do tiroteio Bruno Patrocino Bastos, de 46 anos, no dia que teve alta, contou na porta


Família diz que governo do RJ não ofereceu auxílio e que tratamento pelo SUS tem sido lento. Homem ainda está com os projéteis alojados no corpo. Ele foi atingido por 4 tiros. Família de motorista baleado por engano por PMs passa por dificuldades financeiras A família do motorista de aplicativo Bruno Patrocínio dos Santos, que levou quatro tiros em novembro do ano passado após ser confundido com bandidos por PMs, afirma que o governo do Rio de Janeiro não ofereceu nenhum auxílio - mesmo quase cinco meses depois. Imagens de câmeras de segurança mostram policiais militares do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas no posto de gasolina em Inhaúma, no início da tarde do dia 10 de novembro de 2024. Uma das viaturas para e um policial desce atirando. Outra câmera registrou um ângulo diferente. A outra viatura também tinha parado mais à frente e dois policiais saíram do carro e começaram a atirar. As imagens também mostram o carro que Bruno estava. Uma criança estava perto soltando pipa. O carro foi atingido várias vezes - ao menos 18 disparos foram feitos. Quatro tiros acertaram o motorista. A câmera corporal do policial mostra que ele estava ensanguentado enquanto os agentes ajudavam a socorrê-lo. Cinco meses depois, a família afirma que não recebeu nenhum amparo do governo. "Nem pedido de desculpas, nem nenhum tipo de ajuda. Nem 'você está bem?'. Nada. Nada", afirma a esposa. Bruno segue com os projéteis alojados no corpo e, como está muito abalado, não quis dar entrevista. "Ele só dorme quando toma os remédios que foram passados na emergência psiquiátrica. E quando ele dorme com esses remédios ele fica muito grogue, sem condições de verbalizar muita coisa. E, quando ele não toma os medicamentos, ele oscila de humor. Ele fica muito triste, muito deprimido, ou então com muita raiva", conta a mulher. O relatório da Corregedoria da Polícia Militar concluiu que há indícios, em tese, de crime doloso contra a vida e que não houve quaisquer circunstâncias que poderiam justificar eventual legítima defesa dos policiais. Os PMs são Fernando Gonçalves Pereira, Simon Santos do Nascimento e Max Moraes Braga Alves. Segundo a Polícia Militar, o inquérito está em análise para ser enviado à Justiça Militar. A Polícia Civil informou que concluiu o inquérito e encaminhou ao Ministério Público em dezembro com o indiciamento dos três por tentativa de homicídio. O MP disse que o inquérito policial está sendo analisado e que pediu o inquérito da PM à Auditoria da Justiça Militar. Por causa das sequelas físicas e psicológicas, Bruno não está trabalhando e o aluguel está em atraso. O carro que o homem dirigia para levar renda à família era alugado. A locadora pagou a franquia, mas o motorista precisa ressarcir o valor. Para completar, a conta dele no aplicativo de corridas foi bloqueada. A advogada dele entrou com um processo contra o Estado por danos morais e uma liminar pedindo suporte médico e financeiro - mas todas foram negadas pela Justiça. "Eu pedi uma tutela de urgência, médico particular pra ele. Porque ele não pode ficar no SUS, porque o atendimento é longo. A juíza negou. Então, eu pedi também um hospital da polícia, porque ali tem todo amparo pra ele, porque o hospital já tá preparado pra isso, né? E ela negou. Além disso, eu também pedi um auxílio temporário e também foi negado. Porque ele é o provedor da família", afirma a defesa. Em uma das decisões, a juíza Aline Massoni da Costa afirmou que Bruno está sendo atendido pelo SUS e que não há elementos que comprovem a incapacidade do motorista de trabalhar. A advogada recorreu e o caso está na segunda instância. Bruno está na fila do Sisreg para uma consulta com cirurgião e exames de imagem. A TV Globo procurou a Polícia Militar há dois dias para saber se os três policiais foram afastados do trabalho, mas até então não houve resposta. O policial Simon, por telefone, disse que segue trabalhando mas que só pode falar do assunto com a permissão da polícia. Max disse que não vai se manifestar porque não tem autorização e o policial Fernando não deu retorno. O governo do RJ disse que o processo de Bruno está em fase inicial e que aguarda a coleta de provas, mas não justificou a falta de auxílios à família. A Secretaria Municipal de Saúde explicou que o motorista recebeu cuidados e foi acompanhado por especialistas no Hospital Salgado Filho e que os médicos não indicaram a retirada das balas. Ainda segundo a secretaria, Bruno faz tratamento em uma clínica da família, que fez o pedido da consulta com um cirurgião-geral por causa das dores na barriga. A pasta finaliza dizendo que não é possível afirmar que as dores são causadas pelo alojamento das balas. A 99, por fim, disse que a conta do motorista foi bloqueada por causa do protocolo da empresa, para que fosse possível ter mais informações sobre seu estado de saúde e que já foi feito o desbloqueio. Relembre dinâmica do tiroteio Bruno Patrocino Bastos, de 46 anos, no dia que teve alta, contou na porta do Hospital Salgado Filho que foi atingido quando ia abastecer em um posto de combustíveis. “Eu nem passei pela Linha Amarela, eles confundiram o carro. Eu estava indo para o posto, para abastecer. Não estava indo na contramão. E, de repente, apareceram 2 viaturas, na esquina da rua, já atirando”, afirmou Bruno. 'Não estava indo na contramão, nem passei pela Linha Amarela', diz motorista de aplicativo baleado após ser confundido com bandido Ele considera “milagre” ter sobrevivido e afirma que viveu o “terror”. "Eu tive muita sorte. Eles me socorreram na hora, que eles viram que erraram. Na hora eles ficaram falando que eu não parei, sendo que eu não passei nem por eles, em momento algum. Eu só vi a polícia e recebi tiro. Eu estava na Rua Engenho da Rainha, que fica no bairro de Inhaúma, próximo à 44ª DP. Estava descendo a rua, devagar, e, do nada, eles apareceram e começaram a atirar. Espero justiça. É um milagre eu estar saindo agora do hospital", disse o motorista. Bruno Patrocino Bastos, de 46 anos, foi baleado na tarde deste domingo (10), em Inhaúma Marcos Coelho/TV Globo Bruno conta que as imagens não saem de sua memória. Os policiais militares admitiram que efetuaram 18 disparos contra o carro do motorista de aplicativo. O caso foi registrado na 44ª DP (Inhaúma) pelos próprios agentes. "Passou na minha cabeça, na hora, que eu ia morrer. Porque era muito tiro, muito tiro, muito estilhaço de vidro. Um pavor, um terror", afirmou. Em uma cadeira de rodas, Bruno Patrocino Bastos, deixa o Hospital Salgado Filho Marcos Coelho/TV Globo Um projétil e um estilhaço ficaram alojados no corpo dele. O motorista não descarta a possibilidade de deixar o Rio de Janeiro com a família por causa da violência. Mais cedo, a mulher de Bruno afirmou que os policiais falaram que ele tinha sido confundido. "Ele levantou a mão, eles abriram a porta, já com o fuzil para cara dele. Eles socorreram ele, pediram um milhão de desculpas. Disseram que estavam perseguindo um carro parecido e que confundiram o meu marido", contou Elisângela Jales, esposa de Bruno. A assessoria de imprensa da PM informou que foi instaurado um procedimento apuratório na Corregedoria da corporação para averiguar as circunstâncias do disparo que atingiu o motorista de aplicativo durante uma ocorrência do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE). Bruno Patrocino Bastos, de 46 anos, foi baleado na tarde deste domingo (10), em Inhaúma Marcos Coelho/TV Globo