Faltam 54 dias para o Rali de Portugal: François Delecour e a “Maldição de Lousada”
Para a globalidade das pessoas nascidos em terras de Napoleão, Sartre e De Gaulle, a vila de Lousada nada deve dizer. Para todos… menos François Delecour, que em três participações no Rali de Portugal, venceu uma em 1993 e desistiu duas vezes na minhota pista de Lousada, com problemas mecânicos no seu Ford! Em 1994, […] The post Faltam 54 dias para o Rali de Portugal: François Delecour e a “Maldição de Lousada” first appeared on AutoSport.


Para a globalidade das pessoas nascidos em terras de Napoleão, Sartre e De Gaulle, a vila de Lousada nada deve dizer. Para todos… menos François Delecour, que em três participações no Rali de Portugal, venceu uma em 1993 e
desistiu duas vezes na minhota pista de Lousada, com problemas mecânicos no seu Ford!
Em 1994, líder do rali desde a primeira prova de classificação – apenas perdendo este posto momentaneamente na PEC do Caramulo – o piloto francês partia para a segunda etapa, motivado para conseguir um bom resultado.
Não deixando de afirmar que se considerava capaz de repetir o triunfo de 1993.
Mas um rali é sempre um “poço de surpresas” e só está ganho quando se sobe o palanque final e se pega na garrafa de champanhe. Mesmo em provas de classificação (e quantas vezes também nas ligações) um erro, ou uma avaria mecânica de somenos importância, deitam tudo a perder.
No primeiro troço do segundo dia de prova, na pista de Lousada, pelas 10h31m da manhã assim aconteceu: quase premonitório, o patrão da equipa Ford, afirmava isso mesmo a reportagem do AutoSport, exatamente na altura em que os seus dois carros entravam, lado a lado na pista de Lousada “Claro que temos uma tática, mas isto dos ralis é sempre uma “lotaria”. A qualquer momento, pode dar-se um facto que obriga a repensar a situação.”
Colin Dobinson acabava de proferir estas palavras… e o locutor de serviço em Lousada ‘gritava’ nos altifalantes: “Delecour está parado no meio da pista!” Desalentado, inglês logo exclamou: “Về?”
O TAP/Rali de Portugal acabava de perder o seu líder, logo no início da etapa. Parado no meio do troço, o carro de Delecour foi depois rebocado para a zona de assistência, onde, entretanto, o piloto francês já explicava o sucedido aos técnicos e ao grupo de jornalistas franceses que seguem as suas pisadas no Mundial: “Já parece uma sina! Pela segunda vez fico aqui…”
Já ontem, na última classificativa, tinha sentido que o motor perdia algumas rotações e cantava de uma maneira estranha. Disse isso aos técnicos da Ford, mas a verdade é que todos nós, na equipa, não ligámos muito ao
facto.
O motor foi uma componente do carro que nunca deu grandes problemas. Nunca tivemos uma quebra total deste órgão mecânico desde que utilizamos este, quatro cilindros da Cosworth, tanto no Sierra, como no Escort. Por
exemplo, aqui mesmo, há dois anos, tratou-se de um problema de soldadura de uma das peças. Desta feita, pura
e simplesmente, o motor “colou”.
Desde logo staff da Ford movimentou-se para tentar saber que acontecia a Delecour, pois no passado o regulamento particular aplicado nesta prova de classificação, previa um tempo máximo de 20 minutos para quem tivesse
problemas, mas podia trazer o carro de volta à assistência sem ser por meios próprios. Mas não em 1994! A PEC de Lousada passou a ser uma “especial a tempo inteiro”, com as mesmas condicionantes das restantes, ou seja o piloto tinha de levar o carro pelos seus próprios meios até ao final da classificativa. Na torre de controlo do circuito, Delecour, Grataloup e os responsáveis da Ford tentavam obter uma resposta concreta junto dos Comissários Desportivos.
Excesso de rotações
Enquanto isso, os técnicos de Boreham abriam o motor quatro cilindros turbo do Ford e davam com o mal. Irreparável. A mensagem chegou à torre e a conversa acabou…
Talvez por excesso de rotação, normal quando se tem em conta o andamento imposto pelo piloto francês na 1ª etapa – um piston tocou nas válvulas, danificando uma de admissão e outra de escape e fazendo ainda um “lindo buraquinho” no piston.
Nada havia a fazer para a dupla francesa, senão ir tomar um retemperador banho, seguido de uma curta viagem até ao Porto e, ainda de tarde, tentar regressar de avião a França, ficando com mais uns dias de descanso, antes de começar a treinar a Volta à Córsega. “lsto demonstra bem que quanto estão enganados aqueles que pensam ser o título mundial da Ford um dado adquirido de avanço….”, afirmava Delecour antes de se despedir.
De facto, a prova especial de Lousada não calhava bem com os Ford. E que para além da desistência do carro do líder do rali, também Biasion esteve muito tempo parado na assistência. O motor falhou na classificativa: “liguei a segunda bomba de gasolina, mas o mal manteve-se e quando estavam a trocar as mesmas, os técnicos acabaram por descobrir que o vedante da zona nas bombas deixava entrar ar e sair gasolina, pelo que estas acabavam por perder a sua eficiência, explicava o navegador de Biasion Tiziano Siviero. “Abaixo Lousada!” devem ter pensado os homens da Ford…The post Faltam 54 dias para o Rali de Portugal: François Delecour e a “Maldição de Lousada” first appeared on AutoSport.