Espaçonave de meia tonelada deve cair na Terra esta semana – saiba quando

Dentro de alguns dias, uma espaçonave soviética de 500 kg deve cair em algum lugar da Terra – até mesmo no Brasil O post Espaçonave de meia tonelada deve cair na Terra esta semana – saiba quando apareceu primeiro em Olhar Digital.

Mai 7, 2025 - 21:47
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Espaçonave de meia tonelada deve cair na Terra esta semana – saiba quando

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, uma espaçonave lançada pela União Soviética em 1972 está prestes a reentrar na atmosfera terrestre – e o Brasil está inteiramente dentro da área de possível impacto.

Trata-se da Kosmos-482, uma sonda que tinha como destino o planeta Vênus, mas que nunca chegou lá. Um problema nos motores impediu que ela escapasse da gravidade da Terra. Desde então, a espaçonave permaneceu orbitando o nosso planeta.

Essa órbita foi se desgastando ao longo de mais de 50 anos. A cada volta, a sonda, que pesa cerca de 500 kg, foi perdendo um pouco de altitude – até que, agora, vai finalmente mergulhar de volta na Terra. A previsão mais recente da Agência Espacial Europeia (ESA) indica que isso deve ocorrer no sábado (10), por volta das 3h18 da manhã (horário de Brasília).

No entanto, esse horário ainda é apenas uma estimativa, com incerteza de cerca de 18 horas para mais ou para menos. O cálculo da reentrada depende de muitos fatores difíceis de prever com precisão, como o clima espacial e a densidade da atmosfera em diferentes altitudes.

Além disso, os especialistas não sabem exatamente em que posição a nave está ou quais partes ainda estão intactas. Tudo isso dificulta prever o local e o momento exatos da queda, que deve acontecer em qualquer lugar entre as latitudes 52° Norte e 52° Sul da Terra.

O satélite Kosmos 482 pode cair em qualquer lugar dessa vasta região demarcada do planeta. Crédito: Visual SAT-Flare

Espaçonave é altamente resistente

O que torna essa reentrada especialmente interessante é que a cápsula da Kosmos-482 é extremamente resistente. Ela foi projetada para suportar pressões 100 vezes maiores que as da Terra e impactos muito intensos. Por isso, os cientistas acreditam que parte da espaçonave pode não se desintegrar totalmente ao atravessar a atmosfera. Em vez disso, ela pode atingir o solo quase intacta, algo raro nesses casos.

Como ela é equipada com um paraquedas, se o dispositivo fosse acionado poderia ajudar a reduzir a velocidade da descida. No entanto, tudo indica que o acessório se soltou, o que aumenta o risco de um impacto mais forte.

Uma reprodução da sonda Venera 7, da União Soviética, semelhante à espaçonave Kosmos 482, uma sonda lançada para estudar Vênus que nunca passou da órbita da Terra e deve reentrar na atmosfera em breve. Ao lado, imagens telescópicas do objeto mostram o que pode ser o paraquedas solto. Créditos: NASA / Ralf Vandebergh

Segundo o astrônomo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) e colunista do Olhar Digital, o módulo seguia uma órbita elíptica que variava de 200 a 780 km de altitude. “Mesmo nas altitudes mais altas, ainda há gases atmosféricos suficientes para reduzir a velocidade do objeto ao longo do tempo”.

Esse atrito constante com a atmosfera é o que faz a nave cair. Zurita explica que esse processo se acelera nas últimas semanas antes da reentrada, tornando as previsões cada vez mais precisas com o tempo.

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Evento vai ajudar cientistas e entender as reentradas na atmosfera 

A situação representa uma oportunidade única para cientistas analisarem como objetos se comportam ao reentrar na atmosfera. Isso porque a forma quase esférica do módulo facilita a medição de como o atrito com os gases afeta a trajetória. Outros satélites, mais complexos, dificultam esse tipo de investigação. Por isso, a reentrada da Kosmos-482 pode gerar dados valiosos.

Quedas de satélites acontecem com frequência. Todos os dias, objetos menores voltam para a Terra e queimam na atmosfera sem causar danos. Mesmo peças maiores, como partes de foguetes, retornam regularmente. Na maioria das vezes, caem no oceano ou em áreas desabitadas. Acidentes com pessoas são extremamente raros.

De acordo com estatísticas, a chance de alguém se ferir por causa de detritos espaciais é inferior a 1 em 100 bilhões. Para comparação, é muito mais provável ser atingido por um raio.

Ainda assim, as autoridades acompanham de perto o caso. Embora o risco seja pequeno, a possibilidade de queda de partes metálicas em regiões habitadas não pode ser descartada completamente.

Enquanto isso, a espaçonave Kosmos-482 segue sua trajetória final. Em breve, ela será só mais um exemplo de como o espaço pode, vez ou outra, devolver à Terra algo que um dia foi lançado para além dela.

O modelo Venera-4, no Museu Memorial da Cosmonáutica, é semelhante ao módulo de pouso Kosmos 482 que reentra na atmosfera da Terra nos próximos dias. Crédito: ESA

Poderemos ver uma bola de fogo rasgando o céu

O monitoramento da reentrada está sendo realizado por especialistas em todo o mundo. De acordo com Zurita, no entanto, “é muito difícil prever a reentrada de um objeto com antecedência maior que um terço do tempo restante”.

Isso significa que, se a previsão apontar reentrada em três horas, a margem de erro será de cerca de uma hora para mais ou para menos. Contudo, conforme a hora da reentrada se aproxima, os cálculos se tornam mais precisos. “A partir de três a cinco horas antes da reentrada, os cálculos conseguem uma precisão muito alta, com erros de poucos minutos”, explica o astrônomo. Isso permitirá alertas mais confiáveis sobre a hora e a região aproximada da queda.

Por enquanto, a orientação é acompanhar os boletins das agências espaciais e dos grupos de observadores. A depender da trajetória, a reentrada poderá ser visível no céu como um clarão, semelhante a uma bola de fogo atravessando a atmosfera, como um meteoro.

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