Entrevista | Como a Ubisoft criou os heróis de Assassin’s Creed Shadows
Por mais de uma década, fãs imploraram para a Ubisoft criar um Assassin’s Creed no Japão feudal. E agora, chegou o momento! O post Entrevista | Como a Ubisoft criou os heróis de Assassin’s Creed Shadows apareceu primeiro em O Vício.

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Por mais de uma década, fãs imploraram para a Ubisoft criar um Assassin’s Creed no Japão feudal. Ao mesmo tempo, desenvolvedores na equipe de produção também imploravam para que a Ubisoft os deixasse fazer um Assassin’s Creed no Japão feudal.
Tanto que, quando a oportunidade finalmente apareceu, os próprios devs não estavam preparados.
“Nós perguntamos por anos e anos, e todas as vezes era ‘Ah, agora não. Estamos fazendo algo na Grécia’ ou ‘Não, agora é com os nórdicos’. E quando eles falaram sim, a gente se olhou e pensou ‘Ah não, agora temos mesmo que fazer no Japão’”, explicou Simon Lemay-Comtois, um dos diretores associados de Assassin’s Creed Shadows, em entrevista com O Vício. “‘E temos que fazer direito’.”
A solução para este desafio parece ter surgido, em grande parte, usando o próprio período histórico escolhido a seu favor, assim como os protagonistas elaborados para a aventura.
“O período em que Oda Nobunaga está no auge de seu poder, olhando para a história de uma perspectiva mais afastada, parece ser um dos momentos mais cruciais — se não o mais crucial — do Japão”, disse o diretor. “É meio que o primeiro dominó que leva ao Japão moderno.”
“E com a Naoe e o Yasuke, também temos essa ótima representação das pressões internas e externas que o Japão enfrentava na época”, complementou a diretora associada de narrativa, Brooke Davies. “Naoe representa as pressões internas, com ela tendo perdido tantos entes queridos por causa da guerra travada por Oda Nobunaga. E [externamente] Yasuke, chegando junto dos portugueses e vendo em Nobunaga uma figura que ele respeita muito. Isso cria um conflito interessante.”
O fato da dupla funcionar tanto como complementos quanto opostos um do outro faz ainda mais sentido levando em conta que, de acordo com Lemay-Comtois, inicialmente a Ubisoft não tinha planos de ter dois protagonistas.
“No início do projeto, era mais conceitual. Pensamos primeiro nos equipamentos, e a personagem em si não importava, era um vazio”, relembrou o diretor.
O foco, tendo mais um RPG como Valhalla e Odyssey, era na construção de builds diferentes — se um personagem fosse bom no combate direto, ele não deveria ser bom em furtividade. Mas, para os devs, isso limitava demais a experiência tanto para eles quanto para os jogadores.
Por isso, o proverbial bebê samurai/ninja acabou sendo dividido em dois.
“O conceito só funciona se os separarmos”, continuou Lemay-Comtois. “Se você for com um personagem focado em combate, não pode usar a furtividade para se esconder; e vice-versa com o personagem furtivo.”
Ao fazer dois protagonistas separados, também foi possível deixá-los com características mais únicas e que se encaixavam melhor com seus arquétipos.
“Eles não têm o mesmo tamanho. Eles não têm a mesma força. Uma é ágil, o outro não — e não tem nada a ver com a armadura, ele simplesmente não é rápido do jeito que uma shinobi precisa ser.”
A escolha de Yasuke, inclusive, veio muito por causa disso, sendo um personagem histórico com uma fisionomia e perspectiva de mundo diferente dos outros guerreiros à serviço de Nobunaga.
Naoe, por sua vez, é uma personagem fictícia, mas que tem ligações com figuras e facções históricas reais.
“Era muito importante para a equipe que ela fizesse sentido com a ambientação e a narrativa”, explicou Davies. “Por isso ela é a filha imaginada de uma figura histórica real, Fujibayashi Nagato, que foi um shinobi lendário — e ela aprendeu suas habilidades e morais por meio dele”
Nagato foi parte da resistência contra as forças de Nobunaga na província de Iga, onde as técnicas do ninjutsu foram supostamente desenvolvidas e refinadas.
Com tudo isso, fica claro que a equipe se esforçou bastante para criar personagens que fossem marcantes, e que fizessem sentido com tanto com a ambientação do jogo, quanto com a experiência do jogador.
E, sem entrar em spoilers, Simon Comte-Lemay disse que há possibilidade da dupla voltar em jogos futuros. Não só isso, tanto ele quanto Davies gostariam de voltar ao Japão em uma sequência.
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Assassin’s Creed Shadows chega em 20 de março para PC, PS5 e Xbox Series.
Reportagem por Victor Ferreira
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