'Eles podem elevar as tarifas, mas e daí?': secretário do Tesouro dos EUA fala que retaliação chinesa é 'infeliz'

A China anunciou que vai elevar sua tarifa sobre os EUA para 84%. Taxa representa um aumento de 50% sobre a tarifa que já havia sido anunciada, acompanhando os percentuais impostos pelo governo de Donald Trump. Bandeiras dos EUA e da China tremulam em Pequim Tingshu Wang/Reuters O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse que as tarifas retaliatórias de 84% da China, anunciadas na manhã desta quarta-feira (9), são "infelizes" e que a escalada da guerra tarifária provocará uma "perda" para o país asiático. Em entrevista ao canal de televisão americano Fox News, Bessent também questionou: "eles podem elevar suas tarifas, mas e daí?". "Acho lamentável que os chineses realmente não queiram vir e negociar, porque são os piores infratores no sistema de comércio internacional", disse Bessent. O secretário ainda afirmou que a China "deve vir à mesa" de negociações e que um "ótimo passo" para o país asiático seria reconhecer e punir os traficantes que exportam fentanil para os EUA. Minutos antes da entrevista, o Ministério das Finanças da China anunciou que vai impor tarifas de 84% sobre os produtos importados dos EUA, como resposta às novas tarifas americanas sobre os produtos chineses. A cobrança dessas tarifas começa já nesta quinta-feira (10). A nova tarifa representa uma alta de 50% sobre os 34% que já haviam sido anunciados pelo governo chinês na semana passada. Os percentuais acompanham as taxas impostas pelos EUA. O anúncio acontece no mesmo dia em que entra em vigor uma tarifa extra de 50% sobre as importações chinesas que chegam aos EUA — o que elevou a alíquota total do país asiático a 104%. A trajetória da guerra tarifária entre China e EUA A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou na semana passada, após o anúncio das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente americano, Donald Trump. Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela das tarifas, que vão de 10% a 50% e serão cobradas, a partir desta quarta, sobre mais de 180 países. A China foi um dos países que foi tarifado — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente. Como resposta ao "tarifaço", o governo chinês impôs, na sexta passada (4) tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas. Os EUA decidiram retaliar a retaliação e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até às 13h (horário de Brasília) desta quarta-feira (8) ou seria taxado em mais 50%, levando o total das tarifas a 104%. A China não recuou e ainda afirmou, na quarta, que estava preparada para "revidar até o fim". Cumprindo a promessa de Trump, a Casa Branca confirmou a elevação em mais 50% das tarifas sobre os produtos chineses na tarde de quarta. O presidente americano disse, porém, que acreditava que a China chegaria a um acordo com os EUA para evitar mais tarifas. A resposta chinesa veio em partes desde o início da madrugada desta quinta. Primeiro, o país asiático divulgou um documento sobre as suas relações comerciais e econômicas com os EUA, reiterando que vai seguir com as retaliações. Um porta-voz do Ministério das Relações Internacionais da China disse que o país está disposto a negociar para evitar a intensificação da guerra tarifária, mas afirmou que "se os EUA realmente quiserem resolver o problema por meio do diálogo e da negociação, devem adotar uma postura de igualdade, respeito e benefício mútuo". "Os Estados Unidos continuam abusando das tarifas para pressionar a China. A China se opõe firmemente a isso e jamais aceitará esse tipo de intimidação", afirmou. Mais tarde, a China expressou à Organização Mundial do Comércio (OMC) que tem "profunda preocupação" com a situação com os EUA e que a decisão americana de impor tarifas recíprocas a Pequim ameaça desestabilizar ainda mais o comércio global. "A situação se agravou perigosamente. ...Como um dos membros afetados, a China expressa profunda preocupação e firme oposição a essa medida imprudente", afirmou a China em um comunicado à OMC, que a agência de notícia Reuters teve acesso. Logo depois, o governo chinês anunciou o aumento das tarifas cobradas sobre os EUA. Entenda como tarifa imposta à China pode impactar a economia brasileira As tarifas recíprocas de Trump Além das tarifas sobre a China, nesta terça também entraram em vigor as tarifas recíprocas sobre os mais de 180 países anunciados por Trump na última semana. Veja a lista de todas as taxas aplicadas pelos EUA:

Abr 9, 2025 - 13:28
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'Eles podem elevar as tarifas, mas e daí?': secretário do Tesouro dos EUA fala que retaliação chinesa é 'infeliz'

A China anunciou que vai elevar sua tarifa sobre os EUA para 84%. Taxa representa um aumento de 50% sobre a tarifa que já havia sido anunciada, acompanhando os percentuais impostos pelo governo de Donald Trump. Bandeiras dos EUA e da China tremulam em Pequim Tingshu Wang/Reuters O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse que as tarifas retaliatórias de 84% da China, anunciadas na manhã desta quarta-feira (9), são "infelizes" e que a escalada da guerra tarifária provocará uma "perda" para o país asiático. Em entrevista ao canal de televisão americano Fox News, Bessent também questionou: "eles podem elevar suas tarifas, mas e daí?". "Acho lamentável que os chineses realmente não queiram vir e negociar, porque são os piores infratores no sistema de comércio internacional", disse Bessent. O secretário ainda afirmou que a China "deve vir à mesa" de negociações e que um "ótimo passo" para o país asiático seria reconhecer e punir os traficantes que exportam fentanil para os EUA. Minutos antes da entrevista, o Ministério das Finanças da China anunciou que vai impor tarifas de 84% sobre os produtos importados dos EUA, como resposta às novas tarifas americanas sobre os produtos chineses. A cobrança dessas tarifas começa já nesta quinta-feira (10). A nova tarifa representa uma alta de 50% sobre os 34% que já haviam sido anunciados pelo governo chinês na semana passada. Os percentuais acompanham as taxas impostas pelos EUA. O anúncio acontece no mesmo dia em que entra em vigor uma tarifa extra de 50% sobre as importações chinesas que chegam aos EUA — o que elevou a alíquota total do país asiático a 104%. A trajetória da guerra tarifária entre China e EUA A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou na semana passada, após o anúncio das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente americano, Donald Trump. Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela das tarifas, que vão de 10% a 50% e serão cobradas, a partir desta quarta, sobre mais de 180 países. A China foi um dos países que foi tarifado — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente. Como resposta ao "tarifaço", o governo chinês impôs, na sexta passada (4) tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas. Os EUA decidiram retaliar a retaliação e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até às 13h (horário de Brasília) desta quarta-feira (8) ou seria taxado em mais 50%, levando o total das tarifas a 104%. A China não recuou e ainda afirmou, na quarta, que estava preparada para "revidar até o fim". Cumprindo a promessa de Trump, a Casa Branca confirmou a elevação em mais 50% das tarifas sobre os produtos chineses na tarde de quarta. O presidente americano disse, porém, que acreditava que a China chegaria a um acordo com os EUA para evitar mais tarifas. A resposta chinesa veio em partes desde o início da madrugada desta quinta. Primeiro, o país asiático divulgou um documento sobre as suas relações comerciais e econômicas com os EUA, reiterando que vai seguir com as retaliações. Um porta-voz do Ministério das Relações Internacionais da China disse que o país está disposto a negociar para evitar a intensificação da guerra tarifária, mas afirmou que "se os EUA realmente quiserem resolver o problema por meio do diálogo e da negociação, devem adotar uma postura de igualdade, respeito e benefício mútuo". "Os Estados Unidos continuam abusando das tarifas para pressionar a China. A China se opõe firmemente a isso e jamais aceitará esse tipo de intimidação", afirmou. Mais tarde, a China expressou à Organização Mundial do Comércio (OMC) que tem "profunda preocupação" com a situação com os EUA e que a decisão americana de impor tarifas recíprocas a Pequim ameaça desestabilizar ainda mais o comércio global. "A situação se agravou perigosamente. ...Como um dos membros afetados, a China expressa profunda preocupação e firme oposição a essa medida imprudente", afirmou a China em um comunicado à OMC, que a agência de notícia Reuters teve acesso. Logo depois, o governo chinês anunciou o aumento das tarifas cobradas sobre os EUA. Entenda como tarifa imposta à China pode impactar a economia brasileira As tarifas recíprocas de Trump Além das tarifas sobre a China, nesta terça também entraram em vigor as tarifas recíprocas sobre os mais de 180 países anunciados por Trump na última semana. Veja a lista de todas as taxas aplicadas pelos EUA: