EDP deixa de patrocinar o Teatro Gran Vía de Madrid devido a ajustes no orçamento
A empresa portuguesa decidiu não continuar a patrocinar um dos espaços culturais mais emblemáticos do centro da capital espanhola. A Smedia, gestora da sala de espetáculos, está a pesquisar outras grandes empresas para a sua substituição.


A EDP, multinacional portuguesa de energia e um dos principais operadores em Espanha com uma ampla presença em todo o território, decidiu deixar de patrocinar o Teatro EDP Gran Vía.
Embora o seu contrato tenha terminado a 31 de dezembro, ainda mantém esse nome. Segundo fontes familiarizadas com a situação, Smedia, gestora deste teatro e de outros teatros conhecidos da cena madrilena, está a explorar outras grandes empresas Ibex-35 – empresas que compõem o principal índice da bolsa de valores espanhola- para patrocinar um dos espaços culturais mais emblemáticos da capital espanhola.
Segundo a imprensa espanhola avança, recorrendo a fontes, o Smedia, grupo promovido pelo empresário e produtor espanhol Enrique Salaberria, já está a sondar o mercado em busca de um novo patrocinador. As mesmas fontes indicam que têm sido mantidos contactos de maior ou menor intensidade com empresas como a TotalEnergies, Repsol, Moeve (Cepsa), Plenitude, Iberdrola, Endesa, Mastercard, Mapfre, Reale e algumas grandes entidades bancárias, embora para já não tenha surgido qualquer acordo para substituir a EDP.
Existem várias negociações abertas e prevê-se que este ano ocorra a mudança definitiva de nomenclatura, o que para a EDP tem significado um retorno muito superior a outras iniciativas como as campanhas televisivas.
Para as grandes empresas, o Teatro Gran Vía é um espaço que posiciona a marca junto do mundo da cultura e permite colocar o seu logótipo no meio da Gran Vía de Madrid, uma das ruas mais movimentadas de Espanha por onde passam milhares de turistas todos os dias.
A chegada de visitantes à capital aumenta ano após ano. O Teatro EDP Gran Vía atrai cerca de um milhão de espectadores por ano. A Gran Vía já se tornou a terceira rua do mundo com mais estreias teatrais no mundo, apenas ultrapassada por Nova Iorque e Londres.
A EDP decidiu acabar com este patrocínio e outros, que mantinha desde 2019, devido a ajustamentos orçamentais na empresa, cujo maior acionista é a Chinesa Three Gorges. A empresa estatal chinesa de energia detém 21,4% das ações.
A EDP faturou 801 milhões de euros em 2024, menos 15,8% do que em 2023.
A empresa, tal como o resto do setor dedicado à promoção e desenvolvimento das energias renováveis, está a ser impactada por vários fatores, como a volatilidade dos preços da eletricidade, o aumento dos custos financeiros devido ao aumento das taxas de juro, a lentidão na obtenção de licenças administrativas e a falta de visibilidade regulatória relativamente aos novos vetores energéticos.
Para além do acima referido, o seu principal acionista, a China Three Gorges, está a aplicar uma política de contenção de investimento na Europa, dada a crise imobiliária em que o gigante asiático está atolado.
Apesar de tudo, o patrocínio de determinados elementos dirigidos ao público em geral faz cada vez menos sentido para uma empresa como a EDP, cujo negócio se dirige muito mais ao B2B (business to business, no jargão sectorial) do que ao B2C (business to consumer).
A Fundação EDP celebra no próximo mês o décimo aniversário do programa EDP Energía Solidaria, que promove projetos de transição energética justa e inclusiva para melhorar a qualidade de vida das pessoas.