Dólar cai a R$ 5,64, menor patamar desde outubro, após Fed e à espera do Copom
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O dólar completou a sétima sessão consecutiva de baixa ante o real, encerrando a quarta-feira na menor cotação em cinco meses, acompanhando a perda de força da moeda norte-americana no exterior após decisão do Federal Reserve sobre juros nos EUA.
Nesta tarde, o Federal Reserve manteve a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50% nesta quarta-feira, conforme esperado, mas formuladores de política monetária do banco central dos Estados Unidos indicaram que ainda preveem uma redução de 0,50 ponto percentual da taxa até o final deste ano em um contexto de desaceleração do crescimento econômico e, eventualmente, de uma queda da inflação.
No chamado gráfico de pontos, nove dirigentes do BC norte-americano projetam taxa de juros entre 3,75% e 4% no fim de 2025.
Após o fechamento, ocorrerá a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), com a expectativa é de alta de 1 ponto percentual na taxa básica, a 14,25% ao ano. Esse será o último aumento que já havia sido contratado pelo BC no ano passado, antes de Gabriel Galípolo assumir a presidência do Banco Central.
Dólar Hoje: Confira a cotação e fechamento diário do dólar comercial
Qual é a cotação do dólar hoje?
A moeda norte-americana à vista fechou em baixa de 0,47%, aos R$5,6486, menor cotação desde 14 de outubro de 2024, quando terminou em R$5,5827. Nas últimas sete sessões o dólar acumulou baixa de 3,52% e, no ano, recuo de 8,58%.
Às 17h06 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,48%, aos R$5,6620.
Dólar comercial
- Compra: R$ 5,648
- Venda: R$ 5,648
Dólar turismo
- Compra: R$ 5,707
- Venda: R$ 5,887
O que aconteceu com o dólar?
Sobre o Fed, chamaram a atenção dos analistas também o anúncio da diminuição das projeções para o crescimento, em ambiente de alta incerteza em razão da política tarifária de Donald Trump, e o fato de nove dirigentes do Fed projetarem taxas de juros 50 pontos-base menores no fim deste ano.
“O corte expressivo na estimativa para o crescimento confere um tom dovish ao comunicado do Fed”, afirma o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, em referência à redução da projeção de alta do PIB dos EUA neste ano de 2,1% para 1,7%.
Powell reiterou em coletiva de impressa que a política monetária está bem posicionada para lidar com o duplo mandato da instituição (inflação na meta e máximo emprego) e que não há pressa em alterá-la, ainda mais com o nível de incerteza “incomumente elevado”.
O presidente do Fed ressaltou que é prematuro avaliar o impacto das políticas de Trump para comércio e imigração sobre os índices de preços, mas resgatou uma expressão utilizada à época da pandemia ao dizer que o cenário-base é de inflação “transitória”.
No exterior, as bolsas em Nova York renovaram máximas ao longo da tarde, enquanto as taxas dos Treasuries acentuaram a queda. Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY reduziu levemente o ritmo de alta.
“Na minha opinião, o Fed veio com um discurso mais dovish, apesar de Powell dizer que vai esperar para ver a reação da inflação e da atividade ao governo Trump”, afirma o chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos, Alexandre Viotto. “Nove integrantes do Fed veem dois cortes de 25 pontos-base neste ano. Isso animou o mercado.”
Ferramenta de monitoramento do CME Group mostra que as maiores chances são de queda acumulada de 50 pontos-base na taxa americana neste ano, com probabilidade maior (acima de 60%) de corte inicial em junho. Houve um ligeiro aumento da possibilidade de redução total de 75 pontos-base.
Com a perspectiva de queda de juros nos EUA e a possível alta adicional da taxa Selic após a decisão do Copom, o real se torna mais atraente para operações de carry trade. Outra consequência do aperto monetário local é o aumento do custo de carregamento de posições compradas em dólar.
Dados da B3 compilados pela Warren Investimentos mostram que apenas na terça-feira os estrangeiros reduziram as posições compradas em US$ 1,9 bilhão. Do fim do ano para cá, o não residente diminuiu o estoque em derivativos cambiais (dólar futuro, mini contratos, swaps cambial e cupom cambial) de cerca de US$ 70 bilhões para pouco mais US$ 40 bilhões.
Viotto, da EQI, observa que seria natural esperar que o real se apreciasse com a elevação da taxa Selic e o potencial aumento do diferencial de juros interno e externo.
Ele considera, contudo, que o desempenho da moeda brasileira no ano possa estar ligado também uma antecipação do calendário eleitoral, que pode resultar em ascensão de um nome da direita, em tese mais ligado à pauta de austeridade fiscal.
“É difícil entender o otimismo com o Brasil sem pensar no cenário eleitoral, até com as apostas se aglutinando em torno do nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas”, afirma Viotto.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)
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