Divergência entre grandes bancos trava solução para o futuro do Banco Master

As discussões sobre uma possível solução privada para o Banco Master têm gerado impasse entre as principais instituições financeiras do país. O debate gira em torno do uso de recursos do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para evitar uma intervenção direta do Banco Central, proposta que enfrenta resistência de parte dos bancos, especialmente do Itaú […] O post Divergência entre grandes bancos trava solução para o futuro do Banco Master apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 24, 2025 - 13:51
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Divergência entre grandes bancos trava solução para o futuro do Banco Master

As discussões sobre uma possível solução privada para o Banco Master têm gerado impasse entre as principais instituições financeiras do país.

O debate gira em torno do uso de recursos do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para evitar uma intervenção direta do Banco Central, proposta que enfrenta resistência de parte dos bancos, especialmente do Itaú Unibanco.

De acordo com reportagem da Folha, o centro da controvérsia é o chamado “bad bank” do Master, conjunto de ativos considerados problemáticos e que não seriam absorvidos em uma eventual aquisição pelo Banco de Brasília (BRB). A proposta em análise prevê o uso de recursos do FGC para viabilizar a liquidação desses ativos de difícil negociação no mercado.

O FGC é financiado principalmente por grandes instituições privadas, incluindo Itaú, Bradesco, Santander e outras. O fundo tem a função de proteger investidores e depositantes em casos de quebra de instituições autorizadas pelo Banco Central, garantindo até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.

No cenário atual, o Itaú Unibanco tem assumido a posição mais contrária ao uso do fundo nessa operação. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o banco argumenta que a utilização de recursos do FGC para socorrer ativos de baixa qualidade criaria um precedente negativo no sistema financeiro.

A instituição sustenta que esse tipo de medida enviaria uma mensagem equivocada ao mercado, ao reforçar a ideia de que modelos de negócios baseados em ativos de liquidação incerta poderiam contar com respaldo garantido em situações de crise.

Para o Itaú, permitir o uso do FGC nesse contexto representaria um incentivo para que outras instituições financeiras assumam riscos excessivos, confiando na cobertura do fundo em caso de dificuldades.

A avaliação interna é que essa abordagem enfraqueceria os mecanismos de disciplina de mercado e aumentaria a vulnerabilidade do sistema.

Boa parte da carteira do Banco Master é composta por precatórios, títulos resultantes de decisões judiciais que têm baixa liquidez e cujo recebimento pode levar anos.

A dependência desse tipo de ativo compromete a capacidade da instituição de honrar compromissos, incluindo os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) emitidos. O banco vinha oferecendo rendimentos acima da média para atrair investidores, o que ampliou o volume de captação por meio desses papéis.

Além do Itaú, Bradesco e Santander acompanham de perto as negociações. Essas instituições avaliam os potenciais impactos sistêmicos que o uso de recursos do FGC em uma liquidação privada poderia trazer para o setor financeiro.

Apesar de reconhecerem os riscos, representantes desses bancos consideram que uma solução privada, sem a necessidade de intervenção direta do Banco Central, poderia reduzir os danos ao sistema como um todo.

Entre os interessados em liderar uma eventual operação de liquidação está o BTG Pactual. O banco tem se colocado como possível liquidante da operação, o que inclui a responsabilidade de vender os ativos do Master e renegociar suas dívidas. A proposta, no entanto, depende de formalização por parte de Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, junto ao Banco Central.

Até o momento, Vorcaro continua em busca de investidores dispostos a adquirir participação no banco. Apesar dessa tentativa, o empresário já admite a possibilidade de uma liquidação privada como alternativa para a situação da instituição.

Caso o Banco Central decida pela liquidação extrajudicial do Master, o processo resultaria na interrupção imediata das operações do banco.

Nesse cenário, o FGC teria de assumir os passivos cobertos, como os CDBs emitidos, o que, segundo apuração da reportagem, representa atualmente cerca de 50% do patrimônio total do fundo. Essa situação exigiria novas injeções de recursos pelos grandes bancos para recompor o caixa do FGC.

O desfecho das negociações permanece indefinido, e o impasse entre os principais agentes do setor financeiro continua a dificultar uma solução consensual para o futuro do Banco Master. O tema é considerado sensível, tanto pelas consequências para o sistema bancário quanto pelo volume de recursos públicos e privados que podem ser mobilizados no processo.

O Banco Central acompanha as tratativas, mas ainda não se posicionou sobre a adoção de uma liquidação extrajudicial ou sobre o eventual aval para uma operação conduzida fora de sua intervenção direta. Enquanto isso, a discussão sobre o papel do FGC no caso segue como o principal ponto de desacordo entre os bancos envolvidos.

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