Delgatti, o Ararahacker, é condenado pelo STF

Walter Delgatti, figura que entrou para os anais da República com o apelido “Ararahacker”, foi condenado por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal a 8 anos e 3 meses de prisão, em regime inicialmente fechado. O caso em questão envolve a invas&a...

Mai 15, 2025 - 12:26
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Delgatti, o Ararahacker, é condenado pelo STF

Walter Delgatti, figura que entrou para os anais da República com o apelido “Ararahacker”, foi condenado por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal a 8 anos e 3 meses de prisão, em regime inicialmente fechado.

O caso em questão envolve a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça e envolve também a deputada federal Carla Zambelli, do PL, condenada a 10 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, perda do mandato parlamentar e inelegibilidade. 

Os dois também terão que pagar uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.

Em nota, a defesa de Zambelli afirmou que o Supremo desprezou argumentos que levariam à nulidade do processo e cerceou o trabalho dos advogados.

Ainda caberá recurso no STF, e as penas só deverão ser aplicadas após o trânsito em julgado do processo (quando não são possíveis mais recursos).

Natural de Araraquara, no interior de São Paulo, Delgatti ganhou  notoriedade nacional em 2019 ao assumir a autoria do vazamento de mensagens privadas entre procuradores da Operação Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro.

As mensagens acabaram nas mãos do site Intercept, que publicou uma série de matérias de enorme repercussão conhecidas como Vaza Jato, abrindo caminho para a anulação das condenações contra Lula.

No mesmo ano, Delgatti foi condenado a 20 anos no caso pela Justiça Federal, mas ainda cabe recurso. 

Na decisão, o juiz disse que Delgatti tinha a intenção de vender as conversas hackeadas da Lava Jato por R$ 200 mil à imprensa, o que acabou não acontecendo.  

O caso que levou a nova condenação é mais recente. Em julho de 2022, Delgatti se encontrou com Zambelli em um hotel em Ribeirão Preto. Na ocasião, tiraram uma foto juntos, que foi publicada por Zambelli nas redes sociais com a legenda "em breve, novidades" .

Entre agosto de 2022 e janeiro de 2023, Delgatti invadiu sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), inserindo documentos falsos, como um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, alvarás de soltura fraudulentos e ordens de quebra de sigilo bancário.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou Zambelli como a "autora intelectual" das invasões, alegando que ela contratou Delgatti para executar os ataques, prometendo-lhe benefícios em troca dos serviços.

Apesar de ser provavelmente o hacker mais conhecido do Brasil, Delgatti não tem formação na área de tecnologia, e nem há indícios de que ele seja especialmente habilidoso, tecnicamente falando. 

Segundo o Laudo da Polícia Federal no caso da Vaza Jato, ele usou técnicas comuns, como clonagem de chip e recuperação de conta via número de telefone.

No caso do CNJ, ele utilizou credenciais administrativas obtidas de forma indevida, o que indica que a invasão foi viabilizada mais por falhas humanas ou de segurança operacional do sistema.

Em entrevistas, Delgatti mencionou que, antes de sua prisão, estava cursando Direito em uma faculdade particular, com a intenção de se formar e prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) . No entanto, não há registros de que tenha concluído a graduação ou exercido a profissão de advogado.