Dados de inflação de janeiro no Brasil, ‘tarifaço’ de Trump e discurso de Powell nos EUA: fique por dentro dos destaques do dia

O mercado aguarda que o presidente do Federal Reserve comente sobre as novas tarifas de importação. Leia mais. O post Dados de inflação de janeiro no Brasil, ‘tarifaço’ de Trump e discurso de Powell nos EUA: fique por dentro dos destaques do dia apareceu primeiro em Empiricus.

Fev 18, 2025 - 15:16
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Na noite de ontem (10), o governo dos EUA formalizou o aumento da tarifa de importação sobre o alumínio, elevando a alíquota de 10% para 25%, e manteve a tarifa de 25% sobre o aço, agora sem exceções ou cotas previamente concedidas a alguns países.

A nova medida entrará em vigor em 4 de março e deve gerar impacto inflacionário, uma vez que encarecerá os custos para compradores de metais estrangeiros nos EUA (vai comprometer a competitividade da indústria americana que depende do aço importado, pressionando os custos e dificultando a concorrência com mercados internacionais), afetando diretamente grandes fornecedores como Canadá, México e Brasil. 

A União Europeia já sinalizou que responderá com contramedidas, aumentando o temor de que o novo capítulo da guerra comercial iniciada por Trump amplie seu alcance para a Ásia, com a Índia e a Tailândia entre os países mais expostos a possíveis tarifas retaliatórias.

Diante desse cenário, os mercados asiáticos operaram sem uma direção única, enquanto as bolsas europeias seguem estáveis e os futuros americanos registram queda. Paralelamente, investidores voltam suas atenções para o primeiro depoimento semestral do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso. A expectativa é de que Powell comente os possíveis impactos das novas tarifas sobre a inflação e, consequentemente, sobre a política monetária, fornecendo pistas sobre os próximos passos do Fed em meio a essas novas tensões comerciais.

· 00:53 — Não se deixe enganar pelo IPCA de janeiro e preste atenção em Brasília

O governo brasileiro ainda avalia os impactos da decisão do presidente Trump de impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. Antes de considerar retaliações, a estratégia inicial será buscar negociações com os americanos para garantir um acordo que minimize os danos ao Brasil. Até então, o país estava inserido em um sistema de cotas, estabelecido pelo próprio Trump em seu primeiro mandato, que permitia a exportação de até 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado sem incidência da sobretaxa. No entanto, com a revogação desse benefício, a indústria nacional pode enfrentar desafios significativos no acesso ao mercado americano.

Diante das especulações sobre possíveis retaliações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou qualquer plano do governo brasileiro de impor restrições ao setor de tecnologia dos EUA. No entanto, persiste o receio de que a guerra comercial se amplie para outras áreas, especialmente devido à disparidade na estrutura tarifária entre os dois países. Isso porque, enquanto o Brasil impõe uma tarifa média de 11% sobre produtos americanos, os EUA aplicam apenas 2% na média, tornando o Brasil um alvo natural para novas medidas protecionistas da administração Trump.

Apesar do cenário externo conturbado, o mercado brasileiro conseguiu encerrar o último pregão em alta, impulsionado principalmente pela valorização das commodities metálicas. Para hoje, o foco se volta à divulgação do IPCA de janeiro, que deve desacelerar de 0,58% em dezembro para 0,16% na comparação mensal. No entanto, esse dado precisa ser analisado com cautela, pois está distorcido pelo impacto do bônus de Itaipu na redução das tarifas de energia elétrica. A trajetória da inflação ao longo do ano segue como um ponto de atenção, especialmente em um contexto de desaceleração do crescimento econômico, cujo efeito sobre a condução da política econômica do governo ainda precisa ser entendido (se vier com populismo será pior).

As atenções também estão voltadas para Brasília, onde Haddad se reunirá com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para discutir a agenda econômica. Entre os 25 itens prioritários para este ano, o governo tem como foco a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, um custo que a equipe econômica pretende compensar com a tributação de rendas superiores a R$ 50 mil. No entanto, essa proposta levanta dúvidas sobre sua viabilidade fiscal e política, já que a conta da compensação não parece fechar, e o impacto da isenção pode ser maior do que o estimado inicialmente.

Além disso, Haddad ainda terá um encontro com o presidente Lula para tratar do Orçamento de 2025, que permanece sem aprovação. A ausência de uma definição orçamentária tem levado a uma execução mais contida das despesas no início do ano, o que, por ora, contribui para aliviar a pressão sobre os juros. Resta saber se esse efeito será duradouro ou se o governo optará por ampliar os gastos à medida que o calendário político avança. Lembrem-se: 2025 é apenas uma ponte.

· 01:48 — O que Powell irá nos dizer?

Nos EUA, o destaque do dia (11) será o depoimento semestral de Jerome Powell no Senado, onde o presidente do Federal Reserve deve abordar, entre outros temas, os impactos das novas tarifas comerciais impostas pelo governo Trump. Apesar do cenário de incerteza envolvendo inflação e protecionismo, os mercados foram bem nos últimos pregões, refletindo certa rotação setorial que vem ganhando força.

Esse movimento tem sido impulsionado, em parte, pela temporada de balanços corporativos, especialmente após os resultados das “Magnificent 7” indicarem um crescimento mais moderado e uma projeção de aumento expressivo no Capex nos próximos anos. Como consequência, as demais 493 empresas do S&P 500 passaram a se destacar em desempenho relativo. Além disso, os investidores estarão atentos a uma série de balanços corporativos previstos para hoje, incluindo nomes de peso como BP, Coca-Cola, DuPont, Gilead Sciences, DoorDash, Shopify, S&P Global e Super Micro.

· 02:36 — Intrigas no mercado de tecnologia

No setor americano de tecnologia, Elon Musk, CEO da Tesla, SpaceX e X, fez uma proposta ousada para adquirir a organização sem fins lucrativos que controla a OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT. Por meio de um consórcio de investidores, Musk teria oferecido US$ 97,4 bilhões pela empresa. No entanto, a resposta de Sam Altman, CEO da OpenAI, foi categórica: “Não, obrigado”. Em tom provocativo, Altman ainda ironizou a proposta ao sugerir que estaria disposto a comprar o Twitter (atual X) por US$ 9,74 bilhões. A rivalidade entre os dois é antiga e remonta à fundação da OpenAI em 2015, quando Musk fazia parte do projeto, mas acabou saindo em 2018 após divergências significativas. Desde então, as tensões entre eles só aumentaram, culminando em um processo judicial movido por Musk contra a OpenAI em agosto do ano passado.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, a BYD, gigante chinesa de veículos elétricos, viu seu valor de mercado atingir um recorde de US$ 132 bilhões, superando a soma do valor de mercado da Ford, GM e Stellantis. O forte avanço das ações da BYD, que já acumulam alta de mais de 20% neste ano, contrasta com a queda de 13% da Tesla no mesmo período. O grande catalisador da recente valorização da BYD foi o anúncio de que sua tecnologia de assistência à direção, chamada “God’s Eye”, será oferecida como item de série em modelos a partir de US$ 13.700 – enquanto concorrentes costumam cobrar um valor adicional significativo por funcionalidades semelhantes. Essa estratégia agressiva pode desencadear uma nova guerra de preços no mercado de veículos elétricos na China. Mais um desafio para Musk e sua Tesla.

· 03:25 — Resolução europeia

Antes dessas recentes movimentações, o grande destaque no setor de tecnologia era a Cúpula de Inteligência Artificial em Paris, um evento que busca impulsionar a indústria de IA da Europa, que corre o risco de ficar para trás em um dos setores mais estratégicos e promissores do século XXI. Diferente dos Estados Unidos, onde grandes empreendedores têm adotado uma abordagem de código fechado, os europeus estão priorizando a abertura dos códigos para que desenvolvedores de terceiros possam aprimorá-los – uma filosofia que, teoricamente, reduz custos e acelera a inovação.

No evento, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou um pacote de US$ 113 bilhões para fomentar o desenvolvimento da IA no continente, destacando a necessidade de fortalecer a competitividade da Europa diante de gigantes como Estados Unidos e China. A eficácia desse modelo já pôde ser observada na ascensão da DeepSeek, da China, que utilizou metodologias semelhantes às dos europeus e, por isso, vem sendo acusada pela OpenAI de uso indevido de dados.

Enquanto representantes dos EUA em Paris defendiam as vantagens do código fechado, argumentando que os avanços no modelo de código aberto podem estar sendo superestimados, cresce a percepção global de que modelos mais eficientes e com menor consumo de energia podem ganhar tração nos próximos anos. Ainda assim, apesar do esforço europeu para reduzir a distância tecnológica em relação a americanos e chineses, o desafio é imenso – e a probabilidade de que o bloco consiga competir de igual para igual parece cada vez mais remota.

· 04:12 — Violação

O Hamas violou o cessar-fogo acordado com Israel e anunciou o adiamento da libertação de reféns que estava programada para sábado (8). Em resposta, as forças militares israelenses foram colocadas em estado de alerta máximo. O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, que representa as famílias dos reféns israelenses, fez um apelo urgente aos países mediadores para que trabalhem na restauração do acordo.

O cessar-fogo, inicialmente estabelecido por um período de seis semanas, previa a libertação progressiva dos reféns capturados pelo Hamas durante o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, em troca da soltura de quase 2.000 prisioneiros palestinos detidos por Israel. Desde o início da trégua, foram realizadas cinco rodadas de trocas, resultando na libertação de 21 reféns israelenses e mais de 730 prisioneiros palestinos. 

A quebra do acordo reacendeu as tensões no Oriente Médio e trouxe impacto imediato nos mercados globais. O petróleo, que já vinha sendo influenciado por incertezas geopolíticas, voltou a subir diante do aumento da instabilidade na região.

· 05:09 — A tese da MEGA ganha força

Na semana passada, mencionei que a tese do Make Europe Great Again (MEGA) – uma adaptação do famoso slogan de Donald Trump para o contexto europeu – vinha ganhando tração nos debates do mercado global.

No último sábado (8), essa narrativa foi reforçada quando líderes do bloco de direita Patriots for Europe discursaram para uma multidão de 2 mil apoiadores em Madri sob o lema “MEGA”. Entre os principais nomes estavam Viktor Orbán (Hungria), Marine Le Pen (França), Geert Wilders (Holanda), Matteo Salvini (Itália), Andrej Babiš (República Tcheca) e Herbert Kickl (Áustria), que saudaram a ascensão de Trump nos EUA e prometeram reconstruir a Europa.

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