Crítica | O Contador 2

Um bom filme fragmentado pela megalomania de Hollywood O post Crítica | O Contador 2 apareceu primeiro em O Vício.

Abr 26, 2025 - 17:55
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Crítica | O Contador 2

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Um filme é construído a partir de diversas ideias, mas quando um roteirista inicia um trabalho, há sempre um ponto de partida a ser priorizado: seja um ambiente, um tema, uma situação dramática, um personagem ou outras possibilidades. No caso de O Contador 2 (2025), fazia-se necessário focar na dinâmica entre dois personagens — os irmãos interpretados por Ben Affleck e Jon Bernthal. Em princípio, era um trabalho mais simples, pois estamos falando de solucionadores de problemas em um contexto episódico. Bastaria criar uma boa missão e o entretenimento estaria garantido, mas não é o que acontece aqui.

O Contador 2 | Ben Affleck e Jon Bernthal são destaques em imagens inéditas
Reprodução/Amazon MGM Studios

Hollywood, com sua característica megalomania, parece não reconhecer o efeito recreativo de um bom filme episódico. A tendência, para justificar os grandes orçamentos, é a busca pelo épico. Como resultado atrapalhado desse processo, O Contador 2 (2025) é repleto de elementos desnecessários, como uma investigação chata e constrangedora conduzida em círculos, e participações pouco justificadas de Cynthia Addai-Robinson e Daniella Pineda.

O novo filme precisava entregar cenas de ação minimamente interessantes e, como grande novidade, dar mais espaço para a reunião dos irmãos. Ninguém pode dizer que O Contador 2 (2025) não entrega isso. O diretor Gavin O'Connor e o roteirista Bill Dubuque dão o espaço necessário para os protagonistas brilharem.

O filme é engraçado e envolvente quando necessário. O grande feito reside no simples, seja no desengonçado Ben Affleck dançando country ou no indiferente Jon Bernthal agindo normalmente enquanto elimina dezenas de pessoas. Seria ótimo se esse fosse o centro narrativo, mas em meio à pretensão de construir uma história cheia de reviravoltas, a equipe criativa concede e retira espaço de vários personagens desinteressantes e ainda exige que nos importemos com eles.

Há uma clara tentativa de construir uma situação de risco para a personagem de Cynthia Addai-Robinson, que até o segundo ato tem peso de protagonista e, no terceiro, é quase completamente retirada da trama. Não funciona, pois Marybeth Medina não precisava estar lá e a história passa longe de convencer do contrário. Você simplesmente não se importa com o destino dela.

Crítica | O Contador 2
Reprodução/Amazon MGM Studios

A sensação é que o roteiro foi construído sob a ideia de trazer o máximo possível de personagens originais de volta e, no meio do caminho, houve a percepção de que nada importava mais do que ver Ben Affleck e Jon Bernthal juntos. Essa hipótese é reforçada pelo fato de os dois protagonistas terem sido retirados do núcleo da investigação no segundo ato, para que tivessem mais tempo para interagir, enquanto a parte mais desinteressante seguia em paralelo sob o comando de Marybeth Medina.

Crítica | O Contador 2
Reprodução/Amazon MGM Studios

A forma como os núcleos convergem no final é abrupta, mas eficaz em proporcionar o ápice de ação que o público procura neste filme. Novamente, são Affleck e Bernthal que salvam o dia — e o filme — de ser uma grande catástrofe.

Em síntese, O Contador 2 (2025) faz muita força para ser mais do que o necessário, contudo, é bom justamente quando explora o essencial.

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Nota 6

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