Crítica | Casamentos Cruzados (Prime Video, 2025): despretensioso e sem brilho

Nova comédia estrelada por Will Ferrell e Reese Witherspoon tenta reviver o gênero, mas o roteiro não empolga e se limita a ser um passatempo descompromissado. O post Crítica | Casamentos Cruzados (Prime Video, 2025): despretensioso e sem brilho apareceu primeiro em Cinema com Rapadura.

Abr 26, 2025 - 17:54
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Crítica | Casamentos Cruzados (Prime Video, 2025): despretensioso e sem brilho

Os tempos áureos das comédias românticas parecem cada vez mais distantes. “Casamentos Cruzados”, novo longa original do Prime Video, surge como mais uma tentativa de recuperar esse brilho. Dirigido por Nicholas Stoller (“Mais que Amigos”), o filme aposta suas fichas em um bom elenco, sobretudo nos nomes de destaque de Will Ferrell e Reese Witherspoon, e na divertida premissa de dois casamentos marcados para a mesma data no mesmo local. Porém, o que deveria ser um conflito caótico e hilário se mostra apenas mais uma obra que até diverte em momentos pontuais, mas não chega a se destacar dentre as produções genéricas dos streamings.

Jim (Ferrell) é um pai viúvo e superprotetor que tem uma relação excessivamente próxima e emocionalmente dependente da filha. Já Margot (Witherspoon) é uma produtora de reality shows obcecada por controle e cheia de intrigas familiares que insiste em organizar o casamento da sua irmã mais nova. Quando ambos descobrem que as cerimônias foram agendadas para o mesmo dia, a primeira tentativa é trabalhar em conjunto para possibilitar a realização dos dois eventos simultaneamente. Contudo, a rivalidade acaba tomando conta, provocando sabotagens e desentendimentos que podem estragar os festejos das duas famílias.

A dinâmica entre os protagonistas deveria ser o coração da trama, mas, apesar do talento individual dos atores, a química entre eles nunca realmente decola. Isso é curioso, pra dizer o mínimo, uma vez que o desempenho de ambos melhora justamente quando estão separados. Ferrell transita entre o humor físico exagerado característico e a vulnerabilidade de um pai viúvo, buscando tornar seu personagem mais compreensível. Witherspoon encarna uma figura mais fria e rígida, com comentários ácidos e só brilhando de fato quando se permite extravasar. Mesmo quando o roteiro tenta sugerir uma tensão romântica entre eles, a conexão dos dois não convence.

O humor de “Casamentos Cruzados” vai se sustentando nas situações ocasionadas pelo erro de agendamento e na oposição das várias personalidades presentes entre os amigos e as famílias das respectivas noivas. Conforme a trama avança, a narrativa acaba se entregando a disputas infantis e confusões desnecessárias que prejudicam bastante o ritmo da obra. O filme tenta equilibrar comédia e drama, inserindo temas como luto, solidão e relações familiares desgastadas, mas acaba impondo um peso excessivo sobre questões que não são suficientemente desenvolvidas. A virada romântica no terceiro ato, por exemplo, soa forçada e pouco convincente, reforçando a sensação de que a história nunca soube muito bem para onde estava indo.

Há acertos momentâneos, como alguns coadjuvantes que roubam a cena quando aparecem, mesmo que suas maiores virtudes sejam suas personalidades unidimensionais. No entanto, para cada personagem secundário em um momento inspirado, há outros com tramas desinteressantes e que não levam a lugar nenhum. Nada é suficiente para sustentar um roteiro que se alonga bem mais do que deveria, tornando a experiência de assistir mais cansativa do que prazerosa.

“Casamentos Cruzados” não chega a ser terrível, mas também não oferece nada de memorável, se encaixando na categoria das comédias leves e esquecíveis. Há momentos engraçados, e boa parte do elenco faz o possível para sustentar a narrativa. Para quem busca apenas um passatempo despretensioso, pode funcionar. Mas para quem esperava algo marcante, fica a sensação de que o gênero ainda aguarda um verdadeiro retorno à sua melhor forma.

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