Crianças indígenas entregam carta para Sonia Guajajara e Marina Silva

Carta apresenta demandas sobre proteção ao meio ambiente, mudanças climáticas e a COP30

Abr 11, 2025 - 22:08
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Crianças indígenas entregam carta para Sonia Guajajara e Marina Silva

As ministras do Meio Ambiente, Marina Silva e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, receberam uma carta das crianças indígenas que participam do Acampamento Terra Livre (ATL), nesta sexta-feira (11/4). O texto apresenta demandas sobre proteção ao meio ambiente, mudanças climáticas e a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em novembro, em Belém (PA).

"A luta não é só nossa, é de todo mundo. O nosso tempo é agora! Somos crianças, sim, e somos resistência! Hoje, nossas vozes estão mais fortes do que nunca. O mundo precisa saber: a resposta somos nós. Todos nós", diz o texto lido pelas crianças e entregue às ministras.

Veja o vídeo:

A campanha “A resposta somos nós” tem o objetivo de mostrar ao governo e à sociedade a necessidade de agir contra a crise climática. Os indígenas reivindicam o fim da era dos combustíveis fósseis, uma transição energética justa e o reconhecimento da importância dos povos originários e dos territórios tradicionais para a preservação da natureza.

  • Ministras do Meio Ambiente, Marina Silva e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, receberam das crianças indígenas
    Ministras do Meio Ambiente, Marina Silva e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, receberam das crianças indígenas Carlos Vieira/CB/D.A Press
  • Ministras do Meio Ambiente, Marina Silva e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, receberam das crianças indígenas
    Ministras do Meio Ambiente, Marina Silva e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, receberam das crianças indígenas Carlos Vieira/CB/D.A Press

"Nós, as crianças indígenas da Amazônia, somos a voz da Terra que nunca se cala e a raiz que segura o futuro. Estamos aqui para cuidar do nosso mundo, da nossa floresta e, principalmente, do nosso direito de existir. Todos os dias vemos que as coisas ao nosso redor mudam. Dizem que somos pequenas, mas somos grandes em saber, porque aprendemos com nossos ancestrais: a Terra é nossa mãe e precisa ser cuidada", diz um trecho da carta.

A 21ª edição Acampamento Terra Livre, considerada a maior mobilização indígena do país, começou na segunda-feira (7/4) e termina nesta sexta-feira (11/4). Assim como a edição do ano passado, o evento foi realizado no espaço da Funarte, em Brasília.

O tema do acampamento deste ano é: “Apib somos todos nós: Em defesa da Constituição e da vida”. O ATL 2025 celebra a união e a resistência do movimento indígena representado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil que, neste ano, completa 20 anos.

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Leia a carta das crianças indígenas na íntegra:

Nós, as crianças indígenas da Amazônia e do mundo, somos a voz da Terra que nunca se cala e a raiz que segura o futuro. Estamos aqui para cuidar do nosso mundo, da nossafloresta e, principalmente, do nosso direito de existir. Todos os dias vemos que as coisas ao nosso redor mudam.

Dizem que somos pequenas, mas somos grandes em saber, porque aprendemos comnossos ancestrais: a Terra é nossa mãe e precisa ser cuidada. Quando ela sofre, nós também sofremos juntos.

Os rios estão ficando secos, os animais estão sumindo, a fumaça chega e afeta nossa respiração, e as chuvas que deviam cair agora demoram a chegar. E quando vêm, são muito fortes e causam grandes alagamentos.

Nossas florestas estão sendo desmatadas e feridas, e nossos rios estão ficando secos e poluídos. Estão acabando com tudo o que agente conhece, ama e respeita. Estão destruindo a nossa floresta. Como vai ser o nosso dia de amanhã, se hoje já estamos perdendo tantas coisas? Sempre falam que somos o futuro, mas somos o presente e o agora!

Os ancestrais nos ensinaram a ouvir a natureza, e agora pedimos que os outros adultos nos ouçam. Estamos ouvindo o som do mundo de vocês desmoronando. E vocês conseguem ouvir? Escutem o nosso chamado: somos parte da solução.

Sabemos que existe um jeito de salvar o nosso mundo e estamos prontos para caminhar juntos, unidos para proteger nossas terras, nossos rios e nossas culturas. Ao cobrar a proteção da floresta e de todo o planeta de quem governa e toma decisões, nós, crianças indígenas do mundo, compartilhamos a autoridade climática que vem dos nossos ancestrais. Nossa voz deve ser ouvida e respeitada. Escutar nosso chamado significa assumir compromissos de verdade para proteger o clima e o mundo.

Queremos água limpa, sem poluição e sem minério. Não queremos que nossos rios e igarapés sejam sujos com petróleo. Defendemos todos os seres vivos. Se não cuidaremdo nosso mundo, não vai haver futuro para nós, crianças. E a luta não é só nossa, é detodo mundo. O nosso tempo é agora! Somos crianças, sim, e somos resistência! Hoje, nossas vozes estão mais fortes do quenunca. O mundo precisa saber: A RESPOSTA SOMOS NÓS! TODOS NÓS!