Como um avião refletiu um sinal de TV e intrigou astrônomos

Uma dupla de astrônomos descobriu que um sinal de TV foi refletido por um avião que passava na região no momento. A detecção é inusitada, mas é importante porque pode ajudar cientistas a se livrarem das emissões que afetam observações astronômicas em ondas de rádio.  Sinal Wow! | Mistério astronômico de 40 anos pode ter sido “laser natural” Rússia transmite misterioso sinal de rádio há 40 anos e ninguém sabe por quê Estas ondas são estudadas por observatórios como o Murchison Wide-field Array (MWA), um grande telescópio na Austrália composto por mais de 4 mil antenas para detectar ondas de rádio de baixa frequência, entre 70 e 300 MHz. Estas emissões guardam informações sobre a chamada época da reionização do universo, quando as primeiras estrelas e galáxias estavam se formando.  As ondas de rádio são usadas na comunicação, mas também podem revelar informações importantes sobre fenômenos cósmicos (Reprodução/NAOJ) O problema é que estas preciosas emissões são ameaçadas pelos milhares de satélites na órbita da Terra — segundo a Divisão de Assuntos do Espaço Exterior, da Organização das Nações Unidas, havia mais de 11 mil satélites na órbita da Terra em junho de 2023. E muitos transmitem comunicações em comprimentos de ondas de rádio.  -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- As interferências em radiofrequências (ou “RFI”, na sigla em inglês) são bastante diversas e, normalmente, é difícil para os pesquisadores descobrirem suas origens. Para completar, muitos dos conjuntos de dados com RFIs acabam descartados, levando à perda das informações ali.  E, embora o MWA esteja em uma região “silenciosa” em relação a estas emissões, suas antenas continuam capturando transmissões televisivas que não deveriam estar ali, intrigando astrônomos. “Foi aí que percebemos. Dissemos: ‘aposto que o sinal está sendo refletido por um avião”, recordou Jonathan Pober, da Universidade Brown.  Origem do sinal misterioso Junto de Jade Ducharme, também da universidade, ele tentou provar a hipótese do avião combinando técnicas de rastreamento da origem das emissões. Deu certo: a dupla conseguiu rastrear um sinal de TV até um avião que viajava a 11,7 km de altitude a cerca de 792 km/h. Eles descobriram até que a o sinal estava na frequência usada por uma emissora australiana! Algumas das antenas do telescópio Murchison Wide-field Array. (Reprodução/ICRAR/Curtin) O que acontece é que a transmissão estava ocorrendo em algum lugar fora da área de “silêncio” e acabou refletida pela aeronave. A identificação desta RFI representa novas possibilidades para os astrônomos modelarem interferências e permitirem que tais padrões sejam reconhecidos e removidos para que os dados não sejam descartados.  “Este é um passo essencial para tornar possivel a remoção da interferência de origem humana nos dados”, observou Pober. “Ao identificar com precisão e remover somente as fontes de interferência, os astrônomos podem preservar mais das suas observações, reduzir perdas de dados e aumentar as chances de fazer descobertas importantes”, finalizou.  A análise de Pober e Ducharme sobre a identificação do sinal foi publicado na revista Publications of the Astronomical Society of Australia. Leia também: Astrônomos não conseguem explicar sinal de rádio misterioso vindo do espaço  Sinal misterioso pode não ter vindo das primeiras estrelas do universo Vídeo: Curiosidades da Lua   Leia a matéria no Canaltech.

Fev 17, 2025 - 22:03
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Como um avião refletiu um sinal de TV e intrigou astrônomos

Uma dupla de astrônomos descobriu que um sinal de TV foi refletido por um avião que passava na região no momento. A detecção é inusitada, mas é importante porque pode ajudar cientistas a se livrarem das emissões que afetam observações astronômicas em ondas de rádio. 

Estas ondas são estudadas por observatórios como o Murchison Wide-field Array (MWA), um grande telescópio na Austrália composto por mais de 4 mil antenas para detectar ondas de rádio de baixa frequência, entre 70 e 300 MHz. Estas emissões guardam informações sobre a chamada época da reionização do universo, quando as primeiras estrelas e galáxias estavam se formando. 

As ondas de rádio são usadas na comunicação, mas também podem revelar informações importantes sobre fenômenos cósmicos (Reprodução/NAOJ)

O problema é que estas preciosas emissões são ameaçadas pelos milhares de satélites na órbita da Terra — segundo a Divisão de Assuntos do Espaço Exterior, da Organização das Nações Unidas, havia mais de 11 mil satélites na órbita da Terra em junho de 2023. E muitos transmitem comunicações em comprimentos de ondas de rádio. 

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As interferências em radiofrequências (ou “RFI”, na sigla em inglês) são bastante diversas e, normalmente, é difícil para os pesquisadores descobrirem suas origens. Para completar, muitos dos conjuntos de dados com RFIs acabam descartados, levando à perda das informações ali. 

E, embora o MWA esteja em uma região “silenciosa” em relação a estas emissões, suas antenas continuam capturando transmissões televisivas que não deveriam estar ali, intrigando astrônomos. “Foi aí que percebemos. Dissemos: ‘aposto que o sinal está sendo refletido por um avião”, recordou Jonathan Pober, da Universidade Brown. 

Origem do sinal misterioso

Junto de Jade Ducharme, também da universidade, ele tentou provar a hipótese do avião combinando técnicas de rastreamento da origem das emissões. Deu certo: a dupla conseguiu rastrear um sinal de TV até um avião que viajava a 11,7 km de altitude a cerca de 792 km/h. Eles descobriram até que a o sinal estava na frequência usada por uma emissora australiana!

Algumas das antenas do telescópio Murchison Wide-field Array. (Reprodução/ICRAR/Curtin)

O que acontece é que a transmissão estava ocorrendo em algum lugar fora da área de “silêncio” e acabou refletida pela aeronave. A identificação desta RFI representa novas possibilidades para os astrônomos modelarem interferências e permitirem que tais padrões sejam reconhecidos e removidos para que os dados não sejam descartados. 

“Este é um passo essencial para tornar possivel a remoção da interferência de origem humana nos dados”, observou Pober. “Ao identificar com precisão e remover somente as fontes de interferência, os astrônomos podem preservar mais das suas observações, reduzir perdas de dados e aumentar as chances de fazer descobertas importantes”, finalizou. 

A análise de Pober e Ducharme sobre a identificação do sinal foi publicado na revista Publications of the Astronomical Society of Australia.

Leia também:

Vídeo: Curiosidades da Lua

 

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