Ciência e negócio devem dialogar. Maria Manuel Mota vai presidir ao 34º congresso da APDC

A cientista Maria Manuel Mota, que vai presidir ao 34.º congresso da APDC, defende que a ciência e o negócio devem dialogar, admitindo que “muitas vezes este diálogo é difícil porque as línguas são diferentes”. A APDC reagendou o 34.º Digital Business Congress para 01 e 02 de julho, na sequência das eleições antecipadas de […]

Abr 20, 2025 - 10:29
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Ciência e negócio devem dialogar. Maria Manuel Mota vai presidir ao 34º congresso da APDC

A cientista Maria Manuel Mota, que vai presidir ao 34.º congresso da APDC, defende que a ciência e o negócio devem dialogar, admitindo que “muitas vezes este diálogo é difícil porque as línguas são diferentes”. A APDC reagendou o 34.º Digital Business Congress para 01 e 02 de julho, na sequência das eleições antecipadas de 18 de maio, o qual terá como tema de fundo “Science & Business: Working Together”, a ciência e o negócio a trabalharem em colaboração.

“Ao princípio, sou franca, pensei: “Será que se enganaram“, começou por questionar-se Maria Manuel Mota, presidente executiva (CEO) do Gulbenkian Institute for Molecular Medicine (GIMM), resultante da fusão entre o Instituto de Medicina Molecular (IMM) e o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC).

A própria APDC evoluiu enquanto associação, sendo que “começou comum objetivo completamente diferente”, sendo agora “Digital Business”, prossegue. “No fundo estamos nessa era […] e eu pensei que isto pode ser mais útil até para mim”, até porque “nós estamos a querer fazer fazer uma grande transformação digital dentro da Fundação GIMM”, pelo que “é muito interessante conhecer todas estas pessoas“, admite a investigadora, reconhecida pelos seus significativos contributos na investigação da malária.

O mote do congresso deste ano é ‘science & business’ [ciência & negócio].

“À partida as pessoas pensam que não tem nada a ver – e há uma parte que não pode ter a ver”, ou seja, a da descoberta, “da ciência, de cientistas que o fazem porque são curiosos e essa parte é mesmo muito importante e esses cientistas têm que ser mesmo protegidos”, prossegue.

Mas, “obviamente, sabemos que essas descobertas, mais cedo ou mais tarde, podem chegar às pessoas, podem chegar ao que for, ao planeta e é muito importante que esse caminho possa ser feito e, portanto, é óbvio que aí o ‘business’, o negócio, tem que entrar dentro da equação”, refere.

Esta é uma “faceta da nossa instituição que também está presente”, portanto, “quando vi – e acho que interpretei bem o convite -, pensei: Acho que podemos fazer uma boa parceria”, no sentido em que “uns e outros ganham”, sublinha. “Achei que era super interessante e, depois da primeira conversa com eles, achei mesmo que poderíamos fazer algo muito bem“, considera.

A investigadora defende que a ciência e o negócio, as empresas, “possam dialogar”. “Precisamos é que haja um diálogo”, insiste, recordando que a fundação GIMM é recente, mas que tem “um grande legado” de duas grandes instituições – IMM e o IGC -, este último que começou em 1961 e o primeiro há 20 anos, mas com percurso paralelo, distinto.

É um percurso que ambos se aproximavam em transferir todas as suas descobertas, nós chamamos de ‘translation’, traduzir aquilo que os nossos cientistas descobrem sem, inicialmente, qualquer interesse em ‘business’ ou sem qualquer interesse, apenas […] levados pela curiosidade“, continua Maria Manuel Mota.

A instituição “em si trabalha com os investigadores cada vez mais e as novas gerações de cientistas querem fazer mais isso, de traduzir, no fundo, essas suas descobertas para algo que possa ter impacto na sociedade, no planeta, nas pessoas, seja o que for”.

“Acho que é algo que podemos trazer, essa visão, e a nossa visão é uma visão de diálogo”. Contudo, “muitas vezes este diálogo é difícil porque as línguas são diferentes”, mas “tem que haver esta aproximação para cada vez nos entendermos melhor”, defende.

Tal não quer dizer que “temos que passar a ter a mesma linguagem, de todo. Cada macaco no seu galho e cada um vai desenvolvendo da sua forma, mas temos que ter a capacidade de comunicar uns com os outros porque acho que temos a ganhar uns com os outros nesse diálogo”, remata a investigadora.

Questionada sobre o trabalho no GIMM, a cientista diz que estão a fazer “descobertas o tempo todo”. Aliás, as pessoas da comunicação do instituto até estão “à rasca porque, de repente, temos não sei quantos ‘papers’ publicados este mês, em grandes revistas científicas e descobertas, quer na malária, quer em inflamação, quer em cancro colorretal“, aponta.