Ciência do bocejo: por que bocejamos e o que isso revela sobre nosso cérebro

O bocejo é um ato reflexo caracterizado pela abertura ampla da boca, seguida de uma inspiração profunda e uma expiração curta. Embora muitas vezes associado ao sono ou ao tédio, esse comportamento ocorre também quando estamos alertas, sendo observado em diversas espécies animais. Sua natureza semi‑involuntária e universal leva os cientistas a investigar funções biológicas […]

Abr 21, 2025 - 10:16
 0
Ciência do bocejo: por que bocejamos e o que isso revela sobre nosso cérebro

O bocejo é um ato reflexo caracterizado pela abertura ampla da boca, seguida de uma inspiração profunda e uma expiração curta. Embora muitas vezes associado ao sono ou ao tédio, esse comportamento ocorre também quando estamos alertas, sendo observado em diversas espécies animais. Sua natureza semi‑involuntária e universal leva os cientistas a investigar funções biológicas fundamentais por trás desse simples gesto.

Mito da oxigenação x termorregulação cerebral

Durante décadas, acreditou‑se que o bocejo tinha como principal função aumentar a entrada de oxigênio no cérebro. No entanto, experimentos mostraram que alterar a concentração de oxigênio ou dióxido de carbono no ar não afeta a frequência de bocejos, indicando que o reflexo não serve à função respiratória. Em vez disso, a hipótese atualmente mais aceita é a de que o bocejo atua como um mecanismo termorregulador, resfriando o cérebro.

Segundo a teoria termorreguladora, o bocejo promove a troca de calor por meio da inalação de ar ambiente mais frio e do aumento do fluxo sanguíneo facial. Estudos comparativos em mamíferos e aves demonstram que a frequência de bocejos segue um “janela térmica”: ocorre com menor intensidade em temperaturas extremas, altas ou baixas, e atinge pico em faixas intermediárias.

Além de sua função fisiológica, o bocejo é famoso por ser “contagioso”

Em modelo experimental com ratos, sensores implantados no córtex pré‑liminar registraram aumento da temperatura cerebral imediatamente antes do bocejo, seguido de queda significativa nos três minutos após o gesto, retornando ao nível basal. Esses dados reforçam a ideia de que o bocejo ajuda a manter a homeostase térmica do cérebro.

Bocejo contagioso e empatia social

Além de sua função fisiológica, o bocejo é famoso por ser “contagioso”: observar, ouvir ou até ler sobre um bocejo pode desencadear o ato em outras pessoas. Esse fenômeno está associado à ativação de neurônios‑espelho, que permitem a imitação de comportamentos e são fundamentais para a empatia e a coesão social.