Chips, guerra e Trump derrubam um gigante do Vale do Silício

Nvidia prevê prejuízo bilionário com novas restrições à China, enquanto a guerra comercial de Trump expõe a fragilidade das cadeias globais de tecnologia Há seis meses, a Nvidia era o orgulho da economia dos EUA: lucros bilionários, tecnologia de ponta e o carismático CEO Jensen Huang, reconhecível por seus icônicos casacos de couro. Hoje, a […] O post Chips, guerra e Trump derrubam um gigante do Vale do Silício apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 20, 2025 - 10:31
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Chips, guerra e Trump derrubam um gigante do Vale do Silício

Nvidia prevê prejuízo bilionário com novas restrições à China, enquanto a guerra comercial de Trump expõe a fragilidade das cadeias globais de tecnologia


Há seis meses, a Nvidia era o orgulho da economia dos EUA: lucros bilionários, tecnologia de ponta e o carismático CEO Jensen Huang, reconhecível por seus icônicos casacos de couro. Hoje, a empresa se transformou num alerta sobre os riscos da política comercial agressiva do presidente Donald Trump. Na última quarta-feira (16), a fabricante de chips alertou sobre um prejuízo de US$ 5,5 bilhões devido às restrições de exportação para a China.

Huang voou às pressas para o país asiático tentando minimizar os danos, enquanto o Congresso americano iniciava investigações. As ações da Nvidia despencaram, arrastando outras gigantes de tecnologia – sinal claro de que o setor enfrenta turbulências sem precedentes por causa da guerra comercial.

Três alertas que a crise da Nvidia revela

1. O mito da tecnologia sem fronteiras

Apesar da percepção de que o mundo digital não conhece barreiras, a infraestrutura por trás dele depende de “cadeias de suprimentos mais complexas da história”, como explicou Chris Miller, professor da Tufts University. Nenhum país domina todos os elos dessa corrente: o Japão lidera a produção de wafers (56%), os EUA controlam 96% do software de design eletrônico, Taiwan fabrica 95% dos chips avançados e a China processa 90% dos minerais essenciais.

2. A despreparação dos EUA

A administração Trump subestimou o efeito dominó ao romper essas cadeias. Quando a China retaliou com restrições à exportação de sete minerais críticos, os EUA se viram em desvantagem. Enquanto o Japão reduziu sua dependência chinesa de 90% para 58% após crise similar em 2010, os estoques americanos – incluindo os militares – duram apenas meses. Projetos alternativos, como mineração no fundo do mar, podem levar anos, deixando os EUA vulneráveis.

3. A vantagem estratégica chinesa

A China age com “mentalidade de guerra” há anos, enquanto o setor privado americano ainda opera em “modo paz”. Essa assimetria ficou clara na rapidez com que Pequim retaliou, colocando empresas como a Nvidia na linha de fogo. Analistas alertam que o pior pode estar por vir para o setor de tecnologia.

Um tiro no pé?

Apesar do discurso de figuras como Peter Navarro sobre “reindustrialização”, impor tarifas sem planejamento estratégico revela-se um erro crasso – especialmente em setores vitais como semicondutores. Trump, conhecido por seu pragmatismo, pode recuar. Mas a lição atual é clara: nesta guerra comercial, os EUA ainda estão vários passos atrás da China.

Com informações de Financial Times*

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