China restringe exportação de terras raras e amplia tensão comercial com os EUA

A China anunciou novas restrições à exportação de metais raros utilizados na indústria global de tecnologia. A medida, divulgada pelo Ministério da Economia chinês, exige que empresas solicitem licença para exportar sete elementos cruciais, informando o comprador final e o uso pretendido. A decisão é vista como resposta direta aos aumentos sucessivos de tarifas sobre […] O post China restringe exportação de terras raras e amplia tensão comercial com os EUA apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 10, 2025 - 03:38
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China restringe exportação de terras raras e amplia tensão comercial com os EUA

A China anunciou novas restrições à exportação de metais raros utilizados na indústria global de tecnologia.

A medida, divulgada pelo Ministério da Economia chinês, exige que empresas solicitem licença para exportar sete elementos cruciais, informando o comprador final e o uso pretendido.

A decisão é vista como resposta direta aos aumentos sucessivos de tarifas sobre produtos chineses impostos pelos Estados Unidos desde 2018.

A nova regulamentação atinge os seguintes metais: samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio.

Esses elementos são fundamentais para a fabricação de componentes eletrônicos e produtos de alta tecnologia, como dispositivos de telecomunicações, cabeçotes de discos rígidos e motores de veículos elétricos.

O impacto da decisão deve atingir uma ampla gama de empresas do setor tecnológico, incluindo fabricantes de semicondutores e armazenamento de dados, como Broadcom, GlobalFoundries, Qualcomm, TSMC, Samsung, Seagate e Western Digital.

O novo controle sobre as exportações pode provocar atrasos logísticos e aumentar os custos de produção, ampliando a instabilidade na cadeia global de suprimentos.

Contexto de disputas comerciais

A medida ocorre em meio à intensificação das disputas comerciais entre China e Estados Unidos. Desde o governo de Donald Trump, Washington tem adotado tarifas sobre produtos chineses com o objetivo de reduzir o déficit comercial e restringir o avanço tecnológico de Pequim.

Recentemente, essas tarifas foram ampliadas para produtos oriundos de países asiáticos que abrigam operações terceirizadas de empresas chinesas, como Vietnã e Tailândia. Algumas dessas tarifas chegam a 54%.

Como resposta, o governo chinês vem adotando políticas que limitam o acesso estrangeiro a recursos considerados estratégicos.

Desde o segundo semestre do ano passado, já foram implementadas restrições à exportação de outros metais críticos para a indústria de tecnologia, como gálio, germânio, antimônio, tungstênio, índio, molibdênio, bismuto e telúrio.

Utilização estratégica de matérias-primas

O escândio, por exemplo, é utilizado em módulos de rádio frequência presentes em smartphones, redes Wi-Fi e estações base de telecomunicações.

Já o disprósio é um insumo essencial para a produção de cabeçotes de discos rígidos e motores de veículos elétricos.

A imposição de licenças para a exportação desses materiais é vista como um mecanismo de controle sobre a oferta global, reforçando a posição da China como principal fornecedora mundial desses insumos.

A utilização de recursos minerais como instrumento de influência internacional já foi observada em outras ocasiões.

A atual política chinesa amplia essa estratégia ao envolver uma gama crescente de elementos considerados críticos por países ocidentais.

A dependência desses materiais por parte de economias desenvolvidas torna as restrições um fator de pressão geopolítica.

Reações e perspectivas

Em nota oficial, o governo chinês afirmou: “A China pede que os EUA levantem imediatamente as tarifas unilaterais e resolvam adequadamente as diferenças com seus parceiros comerciais por meio de um diálogo igualitário.”

A declaração reforça o posicionamento do país contra políticas de restrição comercial, ressaltando os riscos de escalada em disputas tarifárias.

Analistas avaliam que a decisão chinesa pode acelerar iniciativas para diversificação de fornecedores e desenvolvimento de cadeias de suprimento alternativas fora do território chinês.

Países como Austrália, Canadá e membros da União Europeia já iniciaram projetos de mineração e processamento de metais raros em seus territórios ou em nações parceiras.

Ainda assim, a transição para cadeias de fornecimento independentes é considerada complexa e de longo prazo.

O domínio da China sobre a produção e refino de metais raros permanece elevado, e a substituição por outras fontes exige investimentos significativos, além de superar barreiras ambientais e regulatórias.

Impacto sobre a indústria

Empresas do setor de tecnologia monitoram os desdobramentos das restrições com atenção. A escassez de metais raros pode comprometer cronogramas de fabricação e afetar a disponibilidade de produtos finais em mercados consumidores. Além disso, a instabilidade pode influenciar decisões estratégicas sobre localização de fábricas e centros de pesquisa.

As novas exigências do governo chinês entram em vigor de forma imediata, e exportadores deverão ajustar seus processos para atender às exigências de licença. A extensão das restrições e sua duração ainda não foram detalhadas pelas autoridades chinesas.

O cenário reflete o aprofundamento das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. A política de controle de exportações adotada por Pequim evidencia o papel dos recursos minerais na dinâmica de poder global e impõe novos desafios à indústria de tecnologia no curto e médio prazo.

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