China investe bilhões na AL e Caribe para rivalizar com EUA
Comércio entre China e CELAC atinge US$ 515 bilhões em 2024 O presidente Xi Jinping prometeu na terça-feira aumentar a presença da China na América Latina e no Caribe com uma nova linha de crédito de US$ 9 bilhões e novos investimentos em infraestrutura, embora o Brasil tenha alertado a região para não se tornar […] O post China investe bilhões na AL e Caribe para rivalizar com EUA apareceu primeiro em O Cafezinho.

Comércio entre China e CELAC atinge US$ 515 bilhões em 2024
O presidente Xi Jinping prometeu na terça-feira aumentar a presença da China na América Latina e no Caribe com uma nova linha de crédito de US$ 9 bilhões e novos investimentos em infraestrutura, embora o Brasil tenha alertado a região para não se tornar excessivamente dependente de financiamento estrangeiro.
A segunda maior economia do mundo desembolsará 66 bilhões de yuans (US$ 9,18 bilhões) em crédito aos membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), disse Xi aos delegados de cerca de 30 nações reunidas em Pequim para a Reunião Ministerial trienal do Fórum China-CELAC.
“A China e os países da América Latina e do Caribe são membros importantes do Sul Global. A independência é nossa gloriosa tradição, o desenvolvimento e a revitalização são nossos direitos naturais, e a justiça e a equidade são nossa busca comum”, disse Xi.
Xi prometeu a líderes, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega colombiano Gustavo Petro, que a China também importaria mais da América Latina e incentivaria suas empresas a aumentar os investimentos.
Pequim intensificou os esforços nos últimos anos para desbancar os Estados Unidos como principal parceiro de desenvolvimento da região, embora a iniciativa global de infraestrutura “Cinturão e Rota” (BRI) de Xi tenha encontrado desafios em alguns países.
A China também vê a corte à região como uma forma de pressionar Taiwan, um país autogovernado. Sete dos 12 países que mantêm relações diplomáticas oficiais com a ilha, que Pequim considera uma de suas províncias, são originários da América Latina ou do Caribe.
Haiti e Santa Lúcia, que reconhecem Taiwan, enviaram representantes a Pequim para a cúpula da CELAC. O embaixador do Panamá na China também esteve presente, embora o país centro-americano tenha anunciado que não pretende renovar sua adesão à BRI, que expira em dois ou três anos.
A nova linha de crédito, denominada em yuan, será bem-vinda em muitas capitais regionais, dizem analistas, embora o financiamento não seja imediatamente útil para países com dificuldades para pagar dívidas denominadas em dólares.
“Eles estão fazendo muito mais acordos baseados em yuan como este, particularmente para acordos de swap de crédito que tornam mais fácil para o país mutuário realizar transações em RMB em vez de USD”, disse Eric Orlander, cofundador do Projeto de Desenvolvimento China-Sul Global.
“Acredito que é possível argumentar que isso é uma vitória para a América Latina, no sentido de que obter acesso ao capital agora não é tão fácil quanto costumava ser.”
O financiamento é pouco menos da metade do valor oferecido por Pequim durante o Fórum inaugural China-CELAC em 2015, embora, à medida que sua economia de US$ 19 trilhões desacelerou, sua disposição em emprestar também diminuiu.
Xi também anunciou que viagens sem visto seriam implementadas em cinco países, sem especificar quais.
Após a cerimônia de abertura, os delegados adotaram um plano de ação conjunto que abrange a cooperação até 2027, afirmou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China.
Competição EUA-CHINA
O Fórum acontece em um momento em que muitos estados latino-americanos e caribenhos buscam negociar melhores termos comerciais com os Estados Unidos, após as tarifas do “Dia da Libertação” do presidente Donald Trump.
Xi reiterou a oposição da China aos impostos, enquanto o presidente brasileiro pediu à região que não se tornasse excessivamente dependente das principais economias do mundo.
“É importante entender que (o destino da América Latina) não depende de ninguém. Não depende do presidente Xi Jinping, não depende dos Estados Unidos, não depende da União Europeia, depende única e simplesmente de querermos ser grandes ou continuar pequenos”, disse Lula.
Mas o Brasil, por exemplo, tem se alinhado mais estreitamente com a China, sentindo uma oportunidade de vender mais produtos agrícolas para o maior importador de alimentos do mundo, à medida que reduz as compras dos EUA.
Xi e Lula conversaram mais tarde na terça-feira e assinaram uma série de documentos de cooperação abrangendo agricultura, energia nuclear e cooperação técnica mais ampla, informou a TV estatal brasileira.
Dos US$ 240 bilhões em produtos que a China comprou dos países da CELAC no ano passado, pouco menos da metade veio do Brasil, a maior economia da região.
O comércio bilateral entre a China e o bloco CELAC foi de US$ 515 bilhões em 2024, de acordo com dados da alfândega chinesa, acima dos US$ 450 bilhões em 2023 e apenas US$ 12 bilhões em 2000.
Publicado originalmente pela Reuters em 13/05/2025
Por Eduardo Baptista , Joe Cash e Liz Lee
Reportagem: Eduardo Baptista, Joe Cash, Liz Lee e Qiaoyi Li
Redação: Joe Cash
Edição: Stephen Coates e Kate Mayberry
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