China e Arábia Saudita firmam acordo para ampliar cooperação em segurança nuclear

A China e a Arábia Saudita assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) para aprofundar a cooperação em segurança e proteção nuclear durante o primeiro Fórum China-Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) sobre o Uso Pacífico da Tecnologia Nuclear, realizado nesta segunda-feira (22) em Chengdu, na província de Sichuan, sudoeste da China.

O acordo foi firmado entre a Autoridade de Energia Atômica da China (CAEA) e a Comissão Reguladora Nuclear e Radiológica da Arábia Saudita.

O objetivo é fortalecer a cooperação entre os dois países em áreas como segurança nuclear, proteção, não proliferação e resposta a emergências. O plano inclui intercâmbio de pessoal, programas de treinamento, consultas técnicas e a criação de grupos de trabalho conjuntos.

A iniciativa ocorre em meio à política chinesa de intensificar parcerias estratégicas com os países do Golfo. Durante a primeira Cúpula China-GCC, realizada em Riad, em dezembro de 2022, o presidente chinês Xi Jinping destacou a intenção de estabelecer um novo paradigma de cooperação energética nos próximos três a cinco anos.

O projeto inclui o fórum sobre uso pacífico da energia nuclear e a criação de um centro de demonstração de segurança nuclear entre China e GCC, segundo o Ministério das Relações Exteriores da China.

O evento desta semana reuniu representantes e especialistas de China, Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait, Catar, Emirados Árabes Unidos e outros países do Conselho de Cooperação do Golfo. O fórum foi organizado pela CAEA como parte da estratégia chinesa de expandir a colaboração internacional no setor nuclear.

Nos últimos anos, a China tem firmado acordos bilaterais com diversos países do GCC para cooperação no setor nuclear. Com os Emirados Árabes Unidos, foi estabelecido um tratado de colaboração para o uso pacífico da energia nuclear, incluindo ações na operação e manutenção de usinas, fornecimento de combustível e capacitação técnica. Com a Arábia Saudita, há projetos conjuntos na área de exploração de urânio-tório, segurança nuclear e intercâmbio técnico.

Além dos acordos no campo energético, a China também exportou equipamentos de detecção de radiação para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar.

Esses dispositivos foram utilizados em eventos como a Copa do Mundo FIFA de 2022, no Catar, e a Expo Dubai. Universidades e empresas chinesas mantêm parcerias com Kuwait, Omã e Bahrein em pesquisas de medicina nuclear e estudos básicos no setor.

Segundo a CAEA, a cooperação nuclear entre China e os países do GCC tem como meta contribuir para a segurança regional, apoiar metas de desenvolvimento sustentável e promover o uso pacífico da tecnologia nuclear.

No discurso de abertura do fórum, o diretor da CAEA, Shan Zhongde, afirmou que a China pretende manter o compromisso com o multilateralismo e ampliar o compartilhamento de conhecimento técnico com outros países. Ele destacou a intenção de promover a cooperação internacional e contribuir para a construção de uma comunidade global com desenvolvimento conjunto.

O secretário-geral do GCC, Jasem Mohamed Albudaiwi, declarou que a coordenação entre China e os países do Golfo se estende ao campo político e econômico, incluindo esforços para a estabilidade no Oriente Médio.

“Politicamente, coordenamos estreitamente [com a China] para enfrentar desafios, promover a estabilidade no Oriente Médio e apoiar resoluções pacíficas para conflitos regionais. Economicamente, a China é o principal parceiro comercial do GCC. A cooperação nuclear é um pilar fundamental da nossa parceria”, afirmou.

Albudaiwi afirmou ainda que a expectativa do GCC é utilizar a experiência chinesa em regulamentação, segurança nuclear e desenvolvimento de infraestrutura para fortalecer a segurança energética e avançar nas metas de desenvolvimento sustentável.

A China é atualmente responsável por cerca de 90% da cadeia produtiva global de energia solar e ocupa posição de destaque também no setor nuclear, com o segundo maior parque nuclear do mundo. O país mantém usinas nucleares com histórico de segurança e tem oferecido suporte técnico a outras nações interessadas em desenvolver projetos no setor.

Khalid Aleissa, diretor executivo da Comissão Reguladora Nuclear e Radiológica da Arábia Saudita, destacou que acompanha de perto o avanço da energia nuclear na China.

“A China é uma nação nuclear líder, com o segundo maior empreendimento nuclear do mundo, abrangendo toda a cadeia de valor do setor. É ótimo que a China esteja disposta a cooperar com os países do GCC e a Arábia Saudita. Embora a indústria nuclear em nossa região ainda seja jovem, ela está crescendo rapidamente. Boas parcerias garantirão um progresso rápido”, disse.

Durante o fórum, o secretário-geral da CAEA, Huang Ping, apontou que muitos países ainda enfrentam dificuldades relacionadas à escassez de profissionais qualificados e a fragilidades nos sistemas regulatórios. Segundo ele, a China tem investido na formação de recursos humanos e na construção de uma estrutura regulatória robusta, o que permite oferecer suporte técnico e produtos a diversos países.

Huang também afirmou que a China pretende continuar expandindo seus serviços técnicos globalmente como parte de sua política de cooperação internacional no setor nuclear. O diretor ressaltou que esse modelo busca promover o crescimento conjunto e contribuir para a segurança energética em diferentes regiões.

Com informações do Global Times

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