Caterina Capraro: a engenheira da Lamborghini que passou pela Maserati e preferia os carros às bonecas quando era pequena

Caterina Capraro, nascida em 1982, preferia brincar com carrinhos às bonecas. E, como se costuma dizer, "é de pequenino que se torce o pepino".

Abr 18, 2025 - 21:25
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Caterina Capraro: a engenheira da Lamborghini que passou pela Maserati e preferia os carros às bonecas quando era pequena

Caterina Capraro, nascida em 1982, preferia brincar com carrinhos às bonecas. E, como se costuma dizer, “é de pequenino que se torce o pepino”. Hoje é engenheira na Automobili Lamborghini, casada e mãe de uma menina de seis anos que, ao contrário da mãel, prefere brincar com “unicórnios”.

A engenheira trabalha na Lamborghini há dez anos, onde lidera a equipa de engenharia de Infotainment HMI & displays para carros superdesportivos. Formada em Engenharia de Telecomunicações, área que liga a eletrónica à transmissão de dados, Caterina afirma, em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, que “a inteligência artificial é uma evolução” da sua formação, apesar de admitir que as inovações atuais eram quase impensáveis durante a época em que estudou.

Na tese de licenciatura, desenvolveu um descodificador para WiMax e TDT, tecnologias que acreditava serem o futuro — até serem rapidamente substituídas pelo 5G. Antes de chegar à Lamborghini, passou por setores como eletrodomésticos, bem-estar e biomedicina, e até participou num projeto de coleiras GPS para cães de caça. Passou ainda pela Maserati, onde colaborou no projeto “Giorgio”, com o objetivo de revitalizar a Alfa Romeo, mas descreve os anos na Lamborghini como “entusiasmantes”.

“Inicialmente trabalhei na interface homem-máquina apenas no lado mecatrónico. Depois comecei a seguir as exibições. Trabalho com infoentretenimento há mais de um ano. Ao combinar informação e entretenimento, a experiência de conduzir foi completamente revolucionada”, aponta a engenheira.

Segundo Caterina, a marca tem sido pioneira em várias frentes. Em 2020, com uma parceria com a Amazon Alexa, a Huracán foi a primeira viatura a incluir “natural understanding” — a compreensão da linguagem humana pela máquina através de comandos de voz. “Hoje, não existe um carro novo, mesmo que não seja de luxo, que não inclua um mínimo de assistência vocal”.

Neste momento, a profissional trabalha em novas evoluções da experiência de condução, aplicadas no mais recente modelo, o Temerario. “Com o “drift-mode”, que ajuda o piloto a controlar o derrapar através de comandos no volante, e com a Telemetria, é o carro mais avançado da nossa história”.

Sobre o custo dos veículos, reconhece “custam tanto como um apartamento”, mas, com passagem pela Stellantis e sendo também delegada sindical, Capraro revela preocupação com a crise do setor automóvel e com o futuro do mercado.

“Do ponto de vista sindical, [seria necessário] um contrato nacional. Do ponto de vista industrial, [é necessário] continuar com a investigação e inovação, para antecipar tendências em vez de seguir o que já existe. A concorrência da China é desenfreada”, aponta.

Quanto ao futuro elétrico da marca, confirma que em 2029 será lançado o primeiro modelo da Lamborghini elétrico, sendo que, para os carros superdesportivos, o desafio está “em encontrar novas formas de emocionar os clientes que que gostam do rugido do motor”.