Brasil sobe 5 pontos no IDH e alcança recorde histórico
País alcançou índice de 0,786 turbinado pelo aumento na renda per capita e por melhorias na saúde. Nos dados relativos a 2023, maior problema continua sendo a educação, cujos indicadores não se alteraram em relação à pesquisa anterior

O Brasil subiu cinco posições no ranking de desenvolvimento humano, atualizado todos os anos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Na tabela que compara os resultados de 193 países, o Brasil aparece ao lado de Palau, na Oceania, na 84ª posição, com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0.786. O relatório divulgado ontem leva em conta os indicadores relativos a 2023.
Esse resultado, por sua vez, é o maior número alcançado na série histórica e supera o pico conquistado em 2019, último ano antes da pandemia, quando a expectativa de vida estava em 75,81 anos. No caso da renda bruta per capita nacional, subiu de US$ 17,5 mil para US$ 18 mil. Os indicadores de saúde também ajudaram no bom desempenho do país.
Mas os números relacionados à educação praticamente não mudaram de 2022 para 2023. A expectativa de anos na escola ficou em 15,79, enquanto os anos de escolaridade seguiram em 8,43. Aliás, os anos de escolaridade estão congelados no Brasil, em 8,43, desde 2021 — bem abaixo dos países com o IDH mais elevados.
No levantamento anterior, que considerava os dados de 2022, o Brasil aparecia na 89ª posição do ranking. Uma nota de 0.786 no IDH coloca o país numa classificação de desenvolvimento humano considerada "alta", um pouco acima da média mundial e dos resultados da América Latina e do Caribe.
No entanto, outras nações da região aparecem bem à frente do Brasil. São os casos de Chile (45ª posição, IDH de 0.878), Argentina (47ª posição, 0.865) e Uruguai (48ª posição, 0.862). O topo do ranking global é liderado por Islândia (0.972), Noruega (0.970), Suíça (0.970), Dinamarca (0.962), Alemanha (0.959) e Suécia (0.959). Por sua vez, as últimas colocações são ocupadas por Sudão do Sul (0.388), Somália (0.404), República Centro-Africana (0.414), Chade (0.416), Níger (0.419) e Mali (0.419).
O Brasil vem apresentando crescimentos no IDH desde o início dos anos 1990 — as únicas três exceções foram em 2015, em 2020 e em 2021. Em 2015, a queda aconteceu na renda bruta per capita e na expectativa de anos na escola. Já entre 2020 e 2021, os dois primeiros anos da pandemia de covid-19, houve uma redução na expectativa de vida — algo que impactou o mundo todo. De 2022 para 2023, o Brasil avançou em dois dos quatro fatores analisados para o cálculo do IDH. A expectativa de vida ao nascer saltou de 74,87 para 75,85 anos.
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Desaceleração
O relatório da PNUD alerta para a "desaceleração sem precedentes" no desenvolvimento humano. A expectativa era de que o mundo passasse por uma fase de recuperação sólida, depois das perdas relacionadas à pandemia, entre 2020 e 2021. Mas os últimos resultados revelam um "progresso frágil", com o menor crescimento no IDH desde o início dos anos 1990.
Os dados também revelam que as desigualdades entre países ricos e pobres continuam a aumentar, uma tendência que se consolidou nos últimos quatro anos. "Se em 2024 essa tendência continuar e se tornar o 'novo normal', a meta estabelecida para 2030 ficará inalcançável e fará do mundo um lugar menos seguro, mais dividido e mais vulnerável aos choques econômicos e ecológicos", advertiu Achim Steiner, um dos coordenadores do PNUD.
Mas o estudo da PNUD aponta a inteligência artificial como um caminho para retomar um crescimento sólido nos indicadores do IDH. "Embora a IA não seja uma panaceia, as escolhas que fazemos hoje têm o potencial de reacender o desenvolvimento humano e abrir novos caminhos e possibilidades", salienta Steiner.